Na metade do século XIX, trabalhadores escavavam o Domus Gelotiana, antiga residência do imperador Calígula no Monte Palatino – centro de Roma, quando encontraram um grafite gravado em gesso com a imagem do que seria um crucificado com cabeça de asno e um jovem prostrado diante dele com a inscrição em grego: Αλεξαμενος ϲεβετε θεον (Alexamenos adorando a Deus – numa tradução livre).
Ainda há muita controvérsia entre os principais estudiosos quanto a detalhes importantes do achado. Quem? Quando? Para quê? Interpretação adequada?
Então, deixando os aspectos técnicos de lado, quis me imaginar naquela sala olhando o grafite recém desenhado (um pouco de imaginação ajuda).
A Seita do Caminho – assim eles chamavam os cristãos na época – ainda era um grupo que se reunia escondido e, como tudo que não se sabe exatamente do que se trata, era alvo de toda sorte de perseguições, calúnias e bullying populares.
Acho todo brasileiro gaiato por natureza! E foi assim que olhei ali. Com o viés satírico e debochado de minha alma brasileira, até parece que estou vendo alguém querendo tirar onda(!) com esse tal de Alexamenos e, sem muita base nas evidências e fatos, implica com sua fé, acusando de adorar um asno.
— Quem seria o verdadeiro burro no caso?
E, cá entre nós, ando meio assustado com tantos grafites on line por aí de tantos que, em nome da fé no establishment dito cristão, têm postado suas asneiras acusando a outros irmãos.
Mas há um detalhe. Continuando as escavações, encontraram uma outra câmara pouco adiante com uma inscrição em latim que dizia: Alexamenos fidelis (o fiel Alexamenos – também numa tradução livre). Provavelmente uma resposta à primeira imagem.
Assim, penso naquele cristão como alguém que entendeu e vivenciou o dito apostólico:
O que nós estamos pregando, porém, é Cristo crucificado,
e isso é armadilha para os crentes e asneira para os entendidos.
(livre a partir de 1Co 1:23)
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