O
segundo pensador é Karl
Marx
(1818-1883). Nascido na Prússia, viveu a maior parte de sua vida em
Londres. Foi filósofo, sociólogo, jornalista e considerado um
revolucionário socialista. Sua principal obra foi O
Capital
(em alemão: Das
Kapital),
um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) onde faz uma análise
crítica do capitalismo que conheceu.
Dos
três pensadores, com precisão, Marx é o que menos se ocupada do
tema da religião, tanto por não lhe dedicar uma obra exclusiva de
análise do tema, como por considerá-la apenas como mais um aspecto
no sistema de luta de classes que determina e delimita a própria
vivência social. Além de que, de modo geral, ele via a religião
como algo completamente desnecessário, quando a sociedade finalmente
superasse a dialética da luta de classes, o que a levaria a ser
obsoleta e extinta.
A
citação clássica e mais conhecida de Marx sobre o tema da religião
– muitas vezes referida completamente fora de contexto e depredada
da compreensão completa – é retirada da obra Crítica
da Filosofia do Direito de Hegel,
publicada em 1884. Ele diz:
A
angústia religiosa é, por um lado, a expressão da angústia real
e, por outro, o protesto contra a angústia real. A religião é o
suspiro da criatura oprimida, a alma de um mundo sem coração, tal
como é o espírito de condições sociais, de que o espírito está
excluído. Ela é o opium
do povo.
E
aqui duas observações precisam ser colocadas. Primeiramente que na
interpretação de Marx sobre a religião, ele deixa claro: na
relação entre infraestrutura e superestrutura social que movem e
são movidas pela luta de classe em qualquer sociedade, a religião
pode aparecer apenas como elemento legitimador das estruturas de
dominação forjando o espírito subalterno e resiliente das classes
trabalhadoras.
Em
segundo, que a religião também pode funcionar como o combustível
incentivador para que a criatura
oprimida
se lance à batalha de transformação histórica e social, num
protesto contundente e consequente.
Nesse
sentido, partindo das ideias de Marx, a religião pode apresentar
respostas para o ser humano contextualizado neste tempo, tanto
entorpecendo sua angústia – fornecendo um escape necessário à
sobrevivência social e à sanidade – quanto oferendo horizontes
utópicos pelos quais realmente valeria a pena lutar.
Leia
ainda sobre Émile Durkheim e Max Weber.
Nenhum comentário:
Postar um comentário