A
despeito do que previram vários pensadores clássicos,
principalmente ligados ao Iluminismo e ao Positivismo, a religião no
século XXI não está decadente nem em vias de se extinguir. Pelo
contrário, o que se percebe com nitidez é que a espiritualidade, a
busca pelo transcendente, e as diversas formas e manifestações
religiosas estão cada vez mais em
moda
no ser humano secularizado e pós-moderno.
Somente
esta constatação já justificaria a volta à leitura dos estudos
clássicos sobre a Sociologia da Religião. Permita-me propor
algumas leituras: Émile Durkheim; Karl Marx e Max Weber.
O
francês David
Émile Durkheim (1858-1917)
foi um sociólogo,
antropólogo, cientista político, psicólogo social e filósofo.
Entre suas principais obras estão: Da
Divisão do Trabalho Social
(1893), As
Regras do Método Sociológico
(1895) e O
Suicídio
(1987).
Também
importante é seu escrito: Formas
Elementares da Vida Religiosa,
publicado originalmente em 1912, onde ele analisa o sistema totêmico
na Austrália. Nele, Durkheim faz as seguintes colocações teóricas
sobre a religião:
A
força religiosa é apenas o sentimento que a coletividade inspira a
seus membros, mas projetado fora das consciências que o
experimentam.
Temos
a impressão que nos relacionamos com duas espécies de realidades
distintas, e que uma linha de demarcação claramente estabelecida
separa uma da outra; de um lado, o mundo das coisas profanas, e do
outro, o das coisas sagradas.
A
religião surge nos estados de efervescência social, em que o tempo
sagrado interrompe o tempo profano das atividades sociais e
econômicas.
Para
Durkheim, nada há nas coisas e relações sociais que possam ser
intrínseca, necessária e essencialmente sagrados, mas os contextos
sociais e os valores que se dão a eles é o que tornam sagrado e
religioso. Sendo assim, a religião funciona como um dado social que
é útil para que a organização social possa funcionar a contento.
Assim
é que neste mundo secularizado, a religião continua vívida pois
ainda pode fornecer um mínimo de elemento agregador e sentido de
valor à sociedade e aos indivíduos que dela fazem parte,
principalmente neste tempo de pós-modernidade desagregadora.
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