Num
domingo de manhã, uma família de indivíduos desgrenhados e
desleixados estava desamparada ao lado da autoestrada. Eles estavam
obviamente aflitos. A mãe estava sentada numa mala já muito gasta,
os cabelos despenteados, as roupas mal-arrumadas, com os olhos
parecendo de vidro, segurando uma criancinha malcheirosa, com pouca
roupa, que chorava em seus braços. O pai estava sem fazer a barba e
usava um macacão. Ele tinha um olhar de desespero enquanto
procurava dar conta de mais duas crianças. Ao lado deles, havia um
automóvel já surrado até as últimas, que obviamente acabara de
entregar os pontos.
Pela
estrada afora, veio um automóvel guiado por um pastor local; estava
a caminho da igreja. E embora o pai de família fizesse sinais
frenéticos, o pastor não poderia deixar os membros de sua igreja
esperando, de modo que fez de conta que não via a família.
Logo
veio outro automóvel, e mais uma vez o pai acenou freneticamente.
Mas o motorista era presidente do clube de negociantes do local e
estava atrasado para uma reunião estadual dos presidentes do clube,
numa cidade próxima. Ele também agiu como se nãos os tivesse
visto, e manteve os olhos fitos na estrada em frente.
O
próximo carro que passou era guiado pelo ateu local, que não media
palavras contra a religião, e nunca pusera o pé numa igreja, em
toda a sua vida. Quando viu a aflição da família, levou-a para o
hotel local e pagou uma semana de estadia enquanto o pai procurasse
um emprego. Além disso, pagou ao pai as despesas de aluguel de um
carro para que pudesse procurar serviço, e deu à mãe dinheiro para
comprar alimentos e roupas novas.
Essa
versão atualizada da parábola contada por Jesus (leia a “versão
original” em Lc 10:25-37), eu encontrei no livro: Entendes
o que lês? Escrito
por Gordon Fee & Douglas Stuart (em português foi
publicado pela Vida Nova). Como gostei demais desta releitura e
atualização, por que entendi que tanto respeita a ideia original da
narrativa do Mestre como a aplica adequadamente, provocando reações
similares aos primeiros ouvintes, eu a estou compartilhando.
Eu
a intitularia: “A
Parábola do bom ateu”.
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