terça-feira, 21 de outubro de 2014

O BOLERO DE RAVEL

Repetir dois ou três compassos com pouquíssima ou nenhuma variação por quase quinze minutos não parece ser a melhor ideia para uma composição, principalmente de sucesso.  Mas este é o caso do Bolero de Ravel.  Em tom quase monótono, a música se estende repetindo o tema.  Quando parece que vai acabar, ela simplesmente se repete... se repete... se repete... e se repete...
Em linhas gerais, só para identificar do que estou falando, o francês Maurice Ravel compôs seu Bolero em 1928 a pedido da dançarina Ida Rubinstein, que a encenou na sua avant premiere.  De lá para cá a obra já foi executada em diversas variações, inclusive no desfile cívico-militar do Sete de Setembro deste ano pela tropa da Polícia Militar da Paraíba, que desfilou ao som do Bolero de Ravel, adaptado pela Banda de Música da PMPB.
Sei que, com certeza, outros detalhes técnicos e partituras, bem como diversas curiosidades sobre a obra, podem ser encontrados na própria internet, é só procurar.  Então não vou me deter neles.
A verdade é que não sei exatamente porque, mas eu gosto deste Bolero.  Já fiquei minutos intermináveis parado no trânsito engarrafado ouvindo seus acordes repetidos.  E talvez aqui esteja o segredo: a sua interminável sequência se repetições parecem transmitir uma sensação de equilíbrio e continuidade.  É como se quisesse me dizer que sempre haverá algo mais e, de certo modo, a vida continua.
Sim, é gostoso ouvir o Bolero também porque não somente é repetitivo, mas é alegre.  Não sei se esta era a intenção original de Ravel, mas a música parece me dizer que a monotonia e padronização forçada da vida moderna (lembre que a obra é do século XX) não precisa ser necessariamente um tédio ou uma chatice: pode ser alegre, vibrante, exuberante.  E até com um pouco de atenção e ouvido acurado, dá para perceber as pequenas variações da vida lhe trazem um colorido diferenciado.
É bom ouvi-la.  Mas imagino que para os músicos deva ser cansativo executá-la.  Só que esta não é minha questão.  Não sou músico profissional e nem tenho a obrigação de fazê-lo.  Então que eu aprecie a obra, e isto me basta.
E para terminar, permita-me uma sugestão que vai ajudar a ver o Bolero de Ravel de maneira mais divertida.  Achei na internet uma animação do pessoal da Escola de Belas Artes da UFMG que faz as notas brincarem na pauta ao som da música.  É muito legal!

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