Por
volta do século X a.C. o império davídico-salomônico construiu em Jerusalém não
apenas uma das estruturas arquitetônicas mais belas da história – considerada
uma das sete maravilhas do mundo antigo – mas deu a ela uma vitalidade e
visibilidade nunca dantes observada na fé judaica. O chamado Templo de Salomão, com certeza, foi
uma construção imponente nas dimensões e na riqueza e luxo do seu acabamento;
mas a grande obra foi certamente a estruturação e organização do culto ali desenvolvida. A ordem cultual estabelecida em torno da
edificação de Jerusalém é a grande contribuição para a liturgia e para teologia
no período.
Entre
esta estruturação e contribuição, sem dúvida, uma das mais significativas é a
formação da tradição do Saltério. Mais do que um simples livro a compor a
tradição canônica dos hebreus, o Livro
dos Salmos é um manual de culto, liturgia e devoção que os fiéis judeus
reconhecem oriundo da tradição davídica e que foi cultivado como parte
importante de vida e fé. Assim, estudar
os Salmos é se debruçar sobre aquilo que foi importante na crença e percepção
de vida dos judeus e que foi legado posteriormente aos cristãos, sendo
incorporado como uma das riquezas herdadas e transmitidas de geração em geração
como instrumento fundamental e central para o culto tanto dos judeus como dos
cristãos.
Compreendendo
os Salmos como a expressão da fé e da vida de judeus e cristãos, então é certo
afirmar que cada um dos diversos aspectos da vida humana deve estar expresso e
cantado no Saltério. E compreendendo
também que o texto foi herdado e citado como expressão fiel e atual do texto
sagrado então também deve ser certo afirmar que para o ser humano de hoje as
palavras expressas nos Salmos ainda lhes servem como expressão de sua voz nas
suas manifestações cúlticas. Assim,
temos Salmos de louvor e gratidão, regozijo e júbilo; mas também Salmos de dor
e lamento, arrependimento e solidão.
Nesta
visão, podemos afirmar que o texto bíblico do Saltério é completo e atual. Completo porque nenhum dos aspectos da vida
humana está ausente na forma canônica recebida do texto e porque geográfica e
historicamente todos os homens e mulheres podem se ver, cantar e orar nas
palavras dos Salmos bíblicos. Atual
porque a vitalidade que fez surgir os textos ainda se pode perceber nos versos
e porque tem e continua tendo respostas às perguntas e inquietações humanas
hodiernas, como teve no momento em que foram escritas. Ou seja, colocar os olhos nos Salmos ainda é
hoje a melhor maneira de se chegar a alma humana e observar como ela se
manifesta e dialoga culticamente com o seu Deus.
Entre
estes temas que sempre estiveram na agenda humana e que hoje ganha espaço
significativo e distinto com as mudanças e contradições pontuadas neste início
de século – como esteve presente em todo o momento da história humana – é o
tema da dor e da adversidade. A vida
humana sempre esteve diante da adversidade e hoje as condições de vida e o
estilo dito pós-moderno tem infligido em homens e mulheres situações e condições
em que a expectativa por satisfações favoráveis é lhe apresentadas como
imperativas o que então gera uma frustração e desgosto bem próprio da vida
hodierna.
Você pode ler um ensaio completo sobre "Uma Visão dos Salmos de Lamento nas Encruzilhadas Humanas" no livro: ENSAIOS TEOLÓGICOS
Disponível no:
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TU ÉS DIGNO – Uma leitura de Apocalipse
DE ADÃO ATÉ HOJE – Um estudo do Culto Cristão
PARÁBOLA DAS COISAS
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