O texto
de 1Sm 7:12 narra que o profeta Samuel, tendo subjugado os filisteus em Mispá,
ergueu uma pedra de testemunho e a chamou de Ebenézer, dizendo: "Até aqui o Senhor nos ajudou". Aquele era um momento singular na vida
pessoal e no transcorrer da história nacional de Israel. O sacerdote Eli já
havia morrido; a Arca da Aliança que fora tomada, com o líder Samuel à frente,
retornara ao seu lugar; e a vitória contra seus inimigos fechava um ciclo. Logo depois Israel pediria um rei e a
história prosseguiria.
Mas o
que me interessa hoje é a pedra. Ela é
um marco. Foi colocada ali com um
propósito. E hoje, onde estão e quais
são as nossas pedras? E mais: o que a
pedra de Ebenézer tem a me ensinar sobre a atitude de Samuel? Creio que posso buscar respostas em dois
planos: no horizontal e no vertical.
Olhando
Ebenézer pela linha do horizonte, num plano bem humano, aquela pedra deveria
representar para os filhos de Israel um importante monumento histórico. Com ela Samuel estava ensinando a sempre
manter a vista também no passado, ou seja, a ler a história, pois ela é
importante.
Nos
relatos bíblicos muitas vezes os herois da fé assim fizeram (o próprio texto de
Hb 11 é uma excelente resenha histórica que trata de tais herois). Poderia citar Josué sua na despedida (Js 23),
ou o profeta Ezequiel ao lembrar os pecados nacionais (Ez 20). No NT o bom exemplo vem de Estêvão em sua
defesa (At 7) que a partir da narração da história de Israel, fez a aplicação
devida.
Neste
mesmo plano, a pedra é ainda o registro do testemunho daquilo que o Senhor fez,
para que tais intervenções sejam anunciadas às próximas gerações. Um monumento estrategicamente colocado é um
recurso válido de divulgação de uma mensagem.
Depois
de repetir as Leis ditadas pelo Senhor, Moisés no Deuteronômio enfatizou para
que além do coração, aquelas palavras deveriam estar amarradas fisicamente nos
braços e na testa e fixadas nos batentes e portais de cada casa (Dt
6:8-9). O testemunho de Deus precisa ser
visivelmente divulgado, ocupar espaços e ser constantemente lembrado
(acrescente aqui a ordem do registro em Ap 21:5).
Olhando
Ebenézer num ângulo em que ela aponta para o alto, verticalmente: aquela pedra
era o reconhecimento de que tudo o que aconteceu a Israel era por ação do
Senhor. Todas as vitórias e conquistas,
a terra em paz e a ordem estabelecida eram dádivas divinas.
Anos
depois, Davi soube bem cantar esta certeza de fé quando declarou que se não
tivesse sido o Senhor intervindo em sua história, há muito já teria sido
engolido pelos seus inimigos (leia o Sl 124).
Deste
ponto de vista, ainda resta algo que a presença da pedra naquele lugar trazia
para o povo e que também deve trazer para nós.
Ela esteve não somente no meio da história e do caminho onde Israel
tinha que passar, ela também apontava para cima. Olhá-la seria como ser chamado a encarar o
Senhor e os compromissos com ele (penso que Am 4:12 vai neste sentido).
Ebenézer
para mim hoje é a pedra no meio do caminho que me desafia ter e manter um tempo
reservado exclusivamente para a aliança e a busca sincera pelo Senhor. Não há como evitá-la. Entre lutas a serem travadas e vitórias a
serem conquistadas; entre idas e vindas de cada história pessoal e familiar;
por entre o caminhar da igreja e da sociedade será sempre preciso reservar um
tempo e um lugar para o Senhor.
Que o
Senhor me faça colocar uma pedra assim no meio do meu caminho. Para a glória dele.
(Publiquei esta reflexão em 30/12/ 2010 no
sítio ibsolnascente.blogspot.com)
Glórias a Deus !
ResponderExcluirA ele seja o louvor !
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