GUARDE ESSAS PALAVRAS –
Reflexão sobre a importância
do estudo da Palavra de Deus a partir da instrução de Dt 6:6
"Que todas essas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração."
GUARDE ESSAS PALAVRAS –
Reflexão sobre a importância
do estudo da Palavra de Deus a partir da instrução de Dt 6:6
"Que todas essas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração."
Observando o tema do meio ambiente e da ecologia sob a ótica
bíblica, vamos ao início de tudo, quando o texto sagrado afirma que o próprio
Deus foi quem criou céus e terra e tudo o que neles há (considere Gn 1:1 e Hb
1:10).
Porém, com a continuação da narrativa do Gênesis, o primeiro casal
conhece o pecado e com isso toda a natureza acaba por sofrer as consequências
das escolhas equivocadas do ser humano (atente para Gn 3:17-18 e Rm 8:19-22).
Os profetas de Israel, contudo, são os que passam a compreender
com suas mensagens as reais e maiores implicações dos pecados humanos para a
natureza e o meio ambiente em que a nação estava inserida.
Entre tais profetas: Oséias, que viveu no Reino do Norte e alertou
a nação de Israel quanto aos seus pecados e as consequências destes, reconheceu
que até os animais estavam sofrendo por conta do pecado humano (em Os
4:3). Como resultado das ações
destrutivas de homens e mulheres, o meio ambiente ao seu redor sofre os efeitos
degradantes. Ou seja, o pecado sempre
tem seu desdobramento ofensivo à ecologia.
Mas nunca uma profecia é concluída sem uma palavra de esperança. Também foi no caso de Oséias que registrou a
certeza que, mesmo sem ignorar os castigos e consequências do pecado, Deus
sempre haverá de intervir restaurando a ordem da natureza (em Os 14:6-7 e volte
a Rm 8:21).
(Da Revista DIDASKAIA – 1º
quadrimestre / 2023 – IBODANTAS)
Leia
mais sobre O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE –
– A ordem da criação –
link
– O pecado e o meio ambiente – link
Em meio a todo aquele esplendor da criação, do jardim plantado
pelo próprio Deus, a da responsabilidade estabelecida graciosamente ao ser
humano, havia uma interdição: “não coma da arvore daquela árvore, para não
morrer” (Gn 2:17).
E é importante logo compreender que a interdição divina não seria
apenas uma implicação aleatória de Deus: há uma razão. No meio daquele jardim de delícias,
suprimentos e belezas, estava demarcada a limitação especial da criação. Limitação essa que se, por ousadia, a
criatura ultrapassasse recairia sobre si as consequências de sua arrogância.
A criação, embora bela e abundante, tem suas limitações – e tais
limitações precisam ser respeitadas para que não se produza a morte. Se do nada Deus criou um jardim, a
arrogância humana em dispor dos recursos a ele ofertados desfaz o jardim e nos
recola no caos e no nada.
A árvore do conhecimento do bem e do mal foi colocada no jardim
para que o ser humano sempre estivesse atento para suas próprias limitações e
para que sempre também se atentasse que os recursos naturais disponíveis não
são infinitos. E quando a humanidade
rompe esse limite e tenta usar de recursos além de seus limites naturais,
estará se opondo ao que Deus lhe concedeu.
Essa arrogância no uso dos recursos naturais chamamos de
pecado. Logo, como interpretação cristã
do meio ambiente, podemos afirmar que sempre que não cumprimos nossa responsabilidade
como administradores do jardim, ou quando usamos dos recursos como se fossem
ilimitados, estamos cometendo pecado contra Deus e seus planos.
O casal humano, contudo, cedeu à tentação e comeu do fruto
proibido, desejou ir além de seus limites e usar de todos os recursos como se
fossem seus, sem se atentar para as limitações (a trágica história está narrada
no capítulo três de Genesis). Então se
escondeu de Deus, com se isso pudesse minimizar os efeitos de seu pecado e
arrogância.
E o castigo veio de maneira inevitável: “maldita será a terra por
sua causa” (Gn 3:17). A narrativa
bíblica não deixa margem para dúvidas ao reconhecer que há uma consequência
ecológica dos pecados humanos, bem como ao alinhar as catástrofes no meio
ambiente e no clima com resultado das ações pecaminosas de humanidade.
Mesmo que venhamos a entender que os desdobramentos do meio
ambiente no planeta não possam ser atribuídos a nenhum ser humano em
particular, mas a verdade bíblica é que os desmandos humanos (de toda espécie
humana), em usar os recursos da natureza de maneira irresponsável é pecado e
que, por isso mesmo, fere a criação dada pela graça e produz consequências para
todos (entendo que Rm 3:23 pode ser lido nesse sentido).
Chegando ao Novo Testamento, lemos o apóstolo Paulo confirmando
que a natureza foi submetida a inutilidade por conta das ações humana e por
isso “geme até agora, como em dores de parto” (em Rm 8:19-22). Isto é: há sempre um desdobramento no meio
ambiente que reflete nossas ações, decisões e omissões pecaminosas. E todos sofremos.
(Da Revista DIDASKAIA – 1º quadrimestre /
2023 – IBODANTAS)
Leia
mais sobre O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE –
– A ordem da criação –
link
– Um assunto profético – link
O primeiro capítulo da Bíblia narra de maneira poética como céus e
terra foram criados. De um início sem
forma e vazio, Deus foi falando e intervindo na obra recém-criada. Assim – começando pela própria luz – toda a
existência foi moldada até que nela, em meio a todo o esplendor da criação, a
obra prima foi forjada: o homem e a mulher.
Então o poema conclui com a expressão do próprio Deus contemplando
sua criação. No final do sexto dia a
exclamação divina poderia ser dita assim, usando nossa maneira de dizer:
– E não é que ficou muito bom!?
Ficou do jeito que eu queria!!! (Gn 1:31)
Então veio o sétimo dia, o dia sagrado, dia que o Criador reservou
para si mesmo. E “abençoou Deus o sétimo
dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na
criação” (Gn 2:3).
Mas é a partir do capítulo dois de Gênesis que os parâmetros para
a existência são formulados. A leitura
do texto nos mostra que o Senhor Deus cuidou de todo e cada detalhe para que o
ser humano ali colocado desfrutasse de uma vida abundante, digna e plena de
significados. Nas palavras bíblicas: “o
Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, e ali colocou o homem que formara”
(Gn 2:8).
No Jardim plantado por Deus, havia água e vida. E lá se podia encontrar árvores agradáveis aos
olhos e boas para o alimento (Gn 2:9).
Ou seja, na natureza criada cuidadosamente por Deus está toda a
beleza e todo o sustento necessário que a humanidade precisa para viver com
saúde e dignidade.
Aqui está um princípio bíblico que o cristão precisa compreender
em seu relacionamento com o meio ambiente.
Deus é o criador de tudo o que existe, e o fez com todo cuidado e
atenção para que o ser humano possa viver bem.
Todos os recursos necessários para o bem estar da vida estão disponíveis
na obra criada, bastando apenas se saber usar e usufruir de maneira útil e
responsável.
(Da Revista DIDASKAIA – 1º quadrimestre /
2023 – IBODANTAS)
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mais sobre O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE –
– O pecado e o meio ambiente – link
– Um assunto profético – link
Para Deus, é como
perder um olho quando um dos seus piedosos morre.
(Sl 116:15)
Não faz muito tempo a COVID nos fez encarar de
frente o problema da morte. Até sei que
em outras épocas e culturas a morte pode ser encarada de formas distinta, mas
entre nós...
De repente, se foram...
Tanta gente perto, conhecida, querida, amada, pais
e filhos.
Os números no Brasil ultrapassaram a casa das sete
centenas de milhares de óbitos.
O luto e a dor da perda então se mostraram tão
presentes e cruéis como parece que nunca tínhamos experimentado – pelo menos em
minha geração.
E entre tantos, ainda vimos partir servos leais
cristãos que o vírus não poupou.
— Mas, como
Deus deixou falecer os seus fiéis?
Então levei minha atenção ao texto sagrado em
busca de respostas. Só ali o próprio
Altíssimo poderia oferecer explicação para uma dor tão sem sentido!
A citação foi quase direta: recordo de ler em
quase todo obituário cristão a citação do Sl 116:15 – e geralmente na versão
mais tradicional de Almeida que diz ser preciosa à vista de SENHOR a morte
dos seus santos. Como se a morte de
um fiel cristão fosse algo que Deus valorizasse, e até gostasse!
— Será isso
mesmo? Será que Deus tem prazer na morte de seus fiéis?
Vamos ler juntos o texto do Salmo para entendê-lo
melhor.
Em primeiro lugar considere que esse verso é
poesia, e da boa! Então ele precisa ser
lido nessa perspectiva.
No Salmo 116 o salmista começa afirmando que ama o
Senhor por que ele ouve a sua voz (verso 1) e também reconhece que somente o
Senhor é misericordioso para livrar a sua alma aflita (verso 5). E se
questiona como retribuir por bênçãos sem medida (verso 12).
Então, ele se dispõe a celebrar e cumprir seus
votos (versos 13-14).
Mas tem um problema: a morte me envolveu com
suas cordas (verso 3). Ora, se os
mortos não cantam louvores ao Senhor (considere o Sl 115:17), como louvar a
Deus no silêncio da sepultura?
Aqui entra o entendimento do verso 15. De maneira poética o salmista faz a
exclamação: para Deus, perder um dos seus fiéis piedosos é como prejuízo (custa
caro!) – seria como perder um olho!
É isso mesmo.
Na compreensão poética do salmista, para Deus, quando um fiel morre, é
como se ele perdesse um adorador valioso.
Bem, posso entender que a visão do salmista sobre
o Deus eterno ainda era limitada, e que na eternidade também haverá louvor ao
Criador (Apocalipse é cheio dessas citações).
Mas, ele está salmodiando a certeza que, desse lado da existência, a
morte de um fiel é uma perda lastimável – e o Senhor não fica indiferente a
isso.
Ora, sobre a morte dos santos, ainda é bom citar o
texto da profecia de Ezequiel onde Deus diz, literalmente: Eu não tenho
prazer na morte de ninguém (Ez 38:32).
Ou seja, numa compreensão bíblica, não faz sentido
Deus ter interesse na morte de seus servos, nem que isso lhe seja computado
como ganho. Pelo contrário, Deus nos
criou para a vida e para isso foi que ele veio: para nos dar vida em
abundância (estou citando Jo 10:10).
E mais. Se
por um lado Deus é o autor e doador da vida (vá a Gn 2:7), por outro, a morte é
resultado exclusivo do pecado (considere Rm 6:23). Como ele teria qualquer satisfação no
resultado de algo que o aviltou e separou de si mesmo suas criaturas?
Eu creio num Deus que sofreu e chorou cada luto do
COVID junto àqueles que sofreram como uma perda irreparável. Ele recolheu tais lágrimas no seu odre
(poesia maravilhosa do Sl 56:8) e os convidou de maneira amável a se acalentar
em seu descanso consolador – mesmo em meio a dor – confiando que ele continua
sendo bom (termino voltando ao Sl 116:7).
#1. A versão do Sl 116:15 que está lá no
cabeçalho desse texto é minha, feita a partir do hebraico (sem compromisso
linguístico), apenas compreendendo o seu sentido poético.
#2. Para dar base a essa reflexão, eu preparei
uma Exegese rápida do Sl 116:15 que postei e pode ser acessada nesse link.