Depois da narrativa dos eventos
acontecidos na manhã de Pentecostes (Atos capítulo 2), o capítulo seguinte se
inicia afirmando que certo dia Pedro e João estavam subindo ao templo na
hora da oração, às três horas da tarde (At 3:1 – NVI).
A referência ao templo nesse capítulo de
Atos dos Apóstolos (e em todo o livro) é certamente ao templo judaico em
Jerusalém e não a uma construção destinada ao culto cristão. Mas o fato de os discípulos de Jesus o frequentarem
e manterem sua piedade pessoal buscando aquele local de culto para suas orações
é significativo, pois nos indica que mesmo tendo experiências íntimas e
profundas com Deus, o local de adoração comunitária e pública não deveria ser
esquecido pelos fieis (lembre Hb 10:25).
Vejamos o que diz o texto.
Numa destas idas ao templo, Pedro e João
se encontraram com um aleijado de nascença que estava ali para mendigar
(confira At 3:1-2). Embora aquela fosse
uma cena corriqueira e que após a descida do Espírito o grupo de seguidores de
Cristo assumisse uma atitude coletiva de cuidado em relação aos necessitados,
os apóstolos pararam e deram atenção especial àquele suplicante.
Como o próprio Jesus tinha feito no seu
ministério terreno, ainda que visando atingir a coletividade dos seres humanos,
ele sempre encontrou tempo e parou para dar atenção individualizada a quem
necessitava. Da mesma forma, os
apóstolos pararam para oferecer auxílio particular ao mendigo aleijado na porta
do templo.
O mais importante deste episódio,
contudo, é a sequência que vem a seguir.
No verso seis: os apóstolos ofereceram a
solução para o problema do aleijado – não uma solução paliativa ou uma simples
esmola. Não seria a prata ou o ouro que
mudaria aquela situação. O que Pedro e
João ofereceram foi a transformação radical, a cura e solução definitiva, por
que trataria da causa e não da consequência.
Se aquele homem mendigava por que era aleijado e não podia trabalhar,
então agora ele ficaria livre de sua deficiência e poderia trabalhar para seu
próprio sustento (o texto de Ef 4:28 opõe trabalho a furto, mas a instrução do
sustento pode ser aplicada aqui).
Disse Pedro: "Não tenho prata nem
ouro, mas o que tenho, isso lhe dou. Em
nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ande" (At 3:6).
No nome de Jesus a cura foi operada (veja
ainda o verso 16 pouco adiante). De
forma objetiva e prática, Pedro anunciou que todo poder pertence ao Senhor e
somente no nome dele seus discípulos realizam a obra (Jesus garantiu isso em Jo
14:12-14). A cura foi operada – o
milagre aconteceu somente no poder que há no nome de Jesus. E isso deve nos ensinar que o mesmo poder
ainda está ao alcance da igreja quando ela age na autoridade do mesmo nome
(confira ainda Cl 3:17).
O que aconteceu a seguir (leia o verso
oito) foi que o antes mendigo aleijado, agora curado, de um salto começou a
andar e principalmente, entrou no templo saltando e louvando a Deus. O resultado da manifestação poderosa através
do nome do Senhor Jesus deve ser sempre a glorificação de Deus (Paulo diz isso
em 1Co 10:31). E mais: toda a vida e
ação, bem como a pregação e o exercício de todo e qualquer dom ou manifestação
espiritual no meio da igreja deve levar necessariamente à exaltação e à glória
do Senhor (veja que na profecia de Isaías o Senhor já anunciava que não
repartiria sua glória com ninguém – Is 42:8 e 48:11).
E um último destaque é que Pedro e João,
diante da admiração do povo no pátio no templo, não perderam a oportunidade de
anunciar o evangelho: Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que
os seus pecados sejam cancelados (At 3:19).
Este exemplo precisa ser seguido por todo
discípulo de Cristo em qualquer tempo: o objetivo principal da igreja é
anunciar o evangelho e desafiar as pessoas a tomarem uma decisão diante de
Cristo mediante a confissão e arrependimento de pecados (ainda é paulina a
instrução enfática de 2Tm 4:2).