terça-feira, 12 de novembro de 2019

PARA ALÉM DE ATOS DOS APÓSTOLOS


O livro de Atos dos Apóstolos desenvolve um movimento que inicia em Jerusalém e aponta para Roma, a capital do Império.  É interessante, porém, alargar um pouco nossa visão histórica e perceber que o cristianismo primitivo, ainda no primeiro século, atingiu muitos outros lugares.
Embora o Livro de Atos se refira a números de convertidos, eles são sempre genéricos (em At 2:41 e 4:4 fala-se em três e cinco mil almas, porém o mais comum é multidão, como em At 4:32; 6:2 e 14:1), o que não nos permite traçar uma estatística exata do cristianismo primitivo.  Contudo, parece claro para a história que várias outras comunidades se formaram desde muito cedo a partir da pregação dos demais discípulos e de outros cristãos anônimos.
Além das grandes igrejas em Jerusalém e Antioquia e das igrejas fundadas pelo ministério de Paulo em suas viagens, há ainda outras igrejas indicadas em Atos apenas como uma referência indireta: no dia de Pentecoste muitos dos convertidos não eram de Jerusalém e devem ter levado a mensagem ao voltarem para sua casa (em At 2:9-11).  O eunuco igualmente deve ter levado a mensagem à Etiópia (em At 8:26-39).  Ao chegar em Damasco, Saulo já achou uma comunidade (em At 9:19).  E Pedro batizou vários na casa de Cornélio em Cesareia (em At 10:47).
No próprio NT temos indicação de igrejas que Atos não se ocupa em descrever: Pedro cita igrejas em Ponto, Galácia, Capadócia, províncias da Ásia e Bitínia (veja 1Pe 1:1); as sete igrejas do Apocalipse também são uma boa indicação (confira em Ap 1:11); e Paulo se refere a igrejas fundadas em Ilírico (em Rm 15:19), em Cencréia (em Rm 16:1), em Laodicéia (em Cl 3:15), e ao longo da Galiléia (em 1Co 16:1); como também a igreja dos colossenses que não é citada no Livro de Atos dos Apóstolos.
Outras comunidades cristãs fora da Palestina, que não são registradas, nem em Atos nem nas epístolas, também conheceram o evangelho desde aquele século: na Síria (igreja bilíngue, grego e siríaco); nos Bálcãs (atual Sérvia); em Alexandria no Egito (terra de Apolo – igreja de língua copta); no norte da África (atual Tunísia e Argélia) e na Espanha.
Para além das fronteiras romanas, houve igrejas em Partos e na Índia (segundo a tradição, fundada por Tomé); entre os citos (por André) e na Armênia (o primeiro país oficialmente cristão); e outras pequenas comunidades ao longo da Mesopotâmia. Contudo, infelizmente, várias destas igrejas cristãs não sobreviveram além do II ou III séculos.

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