O livro de Atos
dos Apóstolos desenvolve um movimento que inicia em Jerusalém e aponta para
Roma, a capital do Império. É
interessante, porém, alargar um pouco nossa visão histórica e perceber que o
cristianismo primitivo, ainda no primeiro século, atingiu muitos outros lugares.
Embora o
Livro de Atos se refira a números de convertidos, eles são sempre genéricos (em
At 2:41 e 4:4 fala-se em três e cinco mil almas, porém o mais comum é multidão,
como em At 4:32; 6:2 e 14:1), o que não nos permite traçar uma estatística
exata do cristianismo primitivo. Contudo,
parece claro para a história que várias outras comunidades se formaram desde
muito cedo a partir da pregação dos demais discípulos e de outros cristãos
anônimos.
Além das
grandes igrejas em Jerusalém e Antioquia e das igrejas fundadas pelo ministério
de Paulo em suas viagens, há ainda outras igrejas indicadas em Atos apenas como
uma referência indireta: no dia de Pentecoste muitos dos convertidos não eram
de Jerusalém e devem ter levado a mensagem ao voltarem para sua casa (em At
2:9-11). O eunuco igualmente deve ter
levado a mensagem à Etiópia (em At 8:26-39).
Ao chegar em Damasco, Saulo já achou uma comunidade (em At 9:19). E Pedro batizou vários na casa de Cornélio em
Cesareia (em At 10:47).
No próprio NT
temos indicação de igrejas que Atos não se ocupa em descrever: Pedro cita
igrejas em Ponto, Galácia, Capadócia, províncias da Ásia e Bitínia (veja 1Pe
1:1); as sete igrejas do Apocalipse também são uma boa indicação (confira em Ap
1:11); e Paulo se refere a igrejas fundadas em Ilírico (em Rm 15:19), em
Cencréia (em Rm 16:1), em Laodicéia (em Cl 3:15), e ao longo da Galiléia (em
1Co 16:1); como também a igreja dos colossenses que não é citada no Livro de
Atos dos Apóstolos.
Outras
comunidades cristãs fora da Palestina, que não são registradas, nem em Atos nem
nas epístolas, também conheceram o evangelho desde aquele século: na Síria
(igreja bilíngue, grego e siríaco); nos Bálcãs (atual Sérvia); em Alexandria no
Egito (terra de Apolo – igreja de língua copta); no norte da África (atual
Tunísia e Argélia) e na Espanha.
Para além das
fronteiras romanas, houve igrejas em Partos e na Índia (segundo a tradição,
fundada por Tomé); entre os citos (por André) e na Armênia (o primeiro país
oficialmente cristão); e outras pequenas comunidades ao longo da Mesopotâmia.
Contudo, infelizmente, várias destas igrejas cristãs não sobreviveram além do
II ou III séculos.
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