Gilberto Freyre, natural de Recife – Pernambuco, foi um dos
intelectuais mais brilhantes que o Brasil conheceu no século XX. Iniciou sua educação formal no Colégio
Americano Batista do Recife e depois concluiu seus estudos superiores nos
Estados Unidos, onde passou a estudar e publicar sobre o Brasil a partir do
ponto de vista sociológico e antropológico.
Em sua palestra na Conferência do Nordeste, proferida em 1962 no Recife
e intitulada: “O artista: servo dos que sofrem”, Gilberto Freyre assim analisou
o protestantismo brasileiro:
É curioso que até agora o cristianismo evangélico só tenha
concorrido salientemente para enriquecer a cultura brasileira com insignes
gramáticos (...). É tempo de o
cristianismo brasileiro evangélico ir além e concorrer para esse enriquecimento
com um escritor do porte e da fama revolucionária, eu diria também, de Euclides
da Cunha; com um poeta da grandeza de Manuel Bandeira; com um compositor que
seja outro Villa-Lobos, que componha baquianas brasileiras que sejam a
interpretação ao mesmo tempo evangélica e brasileira de Bach. Também um caricaturista ou teatrólogo
revolucionariamente evangélico que pela caricatura ou pelo teatro denuncie os
abusos dos ricos que para conservarem um privilégio de classe pretende se fazer
passar por defensores ou conservadores de tradições religiosas ou mesmo do que
se intitula às vezes, pomposa e hipocritamente, civilização cristã (...). Acompanharei desde agora com maior simpatia
aquelas suas atividades cristocêntricas que se desenvolvam em benefício do
Brasil, e adaptando-se ao Brasil.
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