sexta-feira, 11 de outubro de 2019

DAVI E O GIGANTE


A história do confronto entre o gigante Golias e o pequenino pastor Davi é uma daquelas que aprendemos desde criança nas classes de Escola Bíblica e que por diversos caminhos se tornaram conhecidas e citadas até fora de círculos cristãos e religiosos – ela está descrita em 1Sm 17.
Sua leitura, porém, sempre pode trazer novas lições para a nossa vida.  E se compreendermos a história como um modelo de batalha espiritual, então realmente teremos muito que aprender.  Por isso proponho aqui voltar os olhos para ela e buscar descobrir o segredo da vitória do menino Davi.
O verso 20 diz: levantando-se de madrugada... Aqui está o primeiro segredo da vitória de Davi.  Tudo começa numa madrugada quando ele se levantou e entrou na história.  Quando entro na história pelas madrugadas, posso lograr os mesmos êxitos.  Mas sabe o que mais a madrugada de Davi ensina?
Obediência.  Jessé tinha instruído a Davi para que ele fosse ao acampamento de guerra levar provisões para seus irmãos e em obediência o caçula levantou-se de madrugada.  A madrugada do cristão tem que ser fruto de uma vida obediente ao Senhor.  Em Lc 5:5 os discípulos, resignados, lançaram as redes apenas por que Jesus havia ordenado; e elas se encheram de peixes.
Antecipação.  Antes de saber o que aconteceria na frente de batalha, Davi se levantou de madrugada.  Se tenho uma luta a travar, preciso antes de enfrentá-la estar de pé nas madrugadas.  A instrução em Ef 6:11 é para estarmos alerta para quando a cilada me for lançada, de antemão já possa resistir.
Preparação.  Davi saiu logo cedo, mas deixou um outro pastor tomando contas das ovelhas de seu pai.  A busca pelo Senhor nas madrugadas não é desculpa para o relaxamento e a irresponsabilidade.  Na parábola contada em Mt 25:1-13 Jesus conta que cinco entre as virgens se prepararam antecipadamente e foram recompensadas.
Como Davi, quando o crente se levanta de madrugada ele se prepara adequadamente diante do Senhor para a batalha espiritual que deverá enfrentar, e a vitória é certa.
Mas a história não se encerra na madrugada.  A luta ainda está para ser travada.  Davi se levantou logo de madrugada e foi em direção ao desafio que nem ao certo sabia qual era. 
No momento seguinte, depois de se inteirar da situação e da afronta do gigante, o pastorzinho se dispôs a enfrentar o gigante e foi a uma audiência com o rei Saul (1Sm 17:31-40).  Mais uma vez a atitude de Davi indica como proceder diante da batalha espiritual que havemos de travar.
O texto diz que o rei ofereceu sua própria armadura, Davi a vestiu mas percebeu que não conseguiria guerrear com ela, foi então que decidiu usar a própria funda. 
Que lições podemos tirar deste evento?
Veja em primeiro lugar que a atitude do rei foi correta.  Não se pode ir a uma batalha sem o equipamento necessário, e para Davi foi oferecida a melhor.  Lá no NT, Paulo vai instruir a tomar toda a armadura de Deus (Ef 6:10-20) para que possamos enfrentar as astutas ciladas do diabo. 
É insensatez partir para a luta sem os cuidados necessários e por isto todo cristão que sabe das lutas a travar precisar se revestir da armadura espiritual.
Agora observem um detalhe importante.  Aquela armadura era de Saul e não se ajustou a Davi.  Isto me leva a compreender uma verdade importantíssima.  Nem tudo que serve para os outros é adequado para mim. 
Algumas vezes nos guiamos pelas experiências dos outros – que embora sejam boas e úteis, mas não são as minhas – e elas não vão se encaixar na minha realidade de vida cristã.  Davi se fez valer da própria funda a qual já estava acostumada a manejar.  O que se enquadra com a instrução de Ec 9:10 – Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças.
Agora que o confronto é inevitável, pois já estamos no meio da batalha, vamos nos preparar adequadamente, usando aquilo que o próprio Senhor colocou em nossas mãos e nos adestrou para usar.
Ainda não acabou.
Acompanhando o pequenino guerreiro Davi, já levantei de madrugada para orar, já empunhei a armadura adequada para o combate, e agora chegou o momento de encarar o gigante que me desafia.  Lembre que em 1Sm 17:10 é dito que Golias afrontou o exército de Israel, e no v. 25 os israelitas demonstram medo diante da afronta.
Agora estão frente a frente o gigante militar Golias – totalmente armando – e o pequenino pastor Davi – apenas dispondo de sua funda.
Quando Golias viu seu oponente não se conteve em deboche: sou eu algum cão, para vires a mim com paus? (v. 43). 
A diferença entre os dois era visível: um era grande e guerreiro experiente, o outro miúdo e delgado.  Esta é uma boa ilustração de nossa batalha espiritual: meu adversário é grande e astuto em táticas de combate (1Pe 5:8), de mim mesmo nada posso nesta luta.
Mas é bom notar que isto não assustou nosso campeão. 
Sabendo-se incapaz de vencer, Davi apela para a única força que, sendo invencível, poderia lhe trazer a vitória: vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos (v. 45).  Aqui está todo o segredo da conquista de Davi. 
É importante levantar de madrugada – mas não é garantia de vitória.  É necessário tomar a armadura – também não é garantia.  A luta só é ganha quando é lutada no poder que há no nome do Senhor. 
Veja que Jesus assumiu para si todo o poder (Mt 28:18) e somente a este nome todo joelho se dobrará (Fl 2:10).
Sem dúvida alguma, nossas batalhas são enormes e desafiadoras, e nós ainda teremos de enfrentá-las com coragem e disposição.  Contudo se a travarmos exclusivamente no poder que há no nome do Senhor Jesus, alcançaremos a vitória. 
Para a glória do nosso Deus.
(Na imagem lá em cima: afresco de Michelangelo Buonarroti pintado em 1509 na Capela Sistina - Vaticano)

2 comentários:

  1. Querido Pastor Jabes Filho:
    Que bom ler e aprender com suas reflexões! Continue escrevendo para a glória de Deus. Abraços, Ycléa

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    1. Obrigado pela palavra, tia.
      A glória seja somente a Deus que nos dá a vitória em Cristo Jesus.
      Abr

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