sexta-feira, 25 de outubro de 2019

SABEDORIA E MILAGRE


Duas linhas disputam a primazia das idéias do ser humano de hoje: de um lado o conhecimento representado pela ciência e por outro a fé exposta na religiosidade.  Com ênfases diferenciadas e apelos mais ou menos populares, a nossa cultura nos ensinou que tudo deve passar ou pelo crivo do que dominamos pelo saber ou pelo que subjugamos pelo crer.
Mas esta dualidade não é novidade.  O apóstolo Paulo parece que já enfrentava questões assim quando se debatia com gregos e judeus em seu trabalho missionário de divulgação da fé cristã.  Os gregos exigiam sabedoria, conhecimento e ciência – diziam que sem estes não era possível seguir o cristianismo.  Os judeus queriam ver o milagre, o sobrenatural, o fantástico para poderem atestar a sua crença. 
Aos coríntios Paulo reconheceu a exigência (leia em 1Co 1:22).  Diante deste impasse, o apóstolo respondeu aos dois lados: a. nem um conhecimento árido do cristianismo seria a resposta à alma humana; e b. nem a demonstração de poder nos milagres será suficiente para responder ao chamado de Cristo. 
A mensagem que ele anunciava não atendia à curiosidade natural da busca pelo conhecimento.  Embora seja preciso conhecer a verdade, isto só não é suficiente! (considere Jo 8:32).
Também não se resume a uma fé milagreira que esteja disponível para atender às necessidades.  Mesmo sabendo que em Cristo está depositado todo o poder (considere também Mt 28:18).
Mas nós pregamos a Cristo crucificado (1 Co 1:23).  Aqui está a essência da mensagem cristã: o centro do que pregamos é a renúncia e crucificação do nosso Senhor.  Jesus se esvaziou até a morte de cruz para que, e somente então, Deus o recolocasse em seu lugar de glória (Fl 2:5-11). 
A vida cristã que anunciamos é em primeiro lugar uma vida de renúncia e crucificação.  Daí o regozijo na presença de Deus-Pai (Mt 16:24).  Nunca vai se reduzir a adquirir sabedoria e conhecimento, nem de vivenciar o milagre e a fé.
Para que sabedoria e milagre, conhecimento e a fé, nos sejam outorgados, é preciso tomar primeiro o caminho da cruz – assim se faz o cristianismo que pregamos e devemos viver. 

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