segunda-feira, 5 de setembro de 2022

ESCRITO NA PAREDE

No início de sua regência, o rei Belsazar (neto do grande Nabucodonosor II), resolveu dar uma festa, provavelmente para demonstrar maior glória e poder que seu antecessor, e para isso mandou buscar os utensílios que seu avô havia trazido do templo em Jerusalém, na deportação dos judeus, para neles servir o vinho (a história está narrada em Dn 5).

Enquanto a festa rolava, o inusitado aconteceu: o rei viu uma mão que escrevia umas palavras estranhas na parede!

 

‒ Que coisa será essa aí!?

 

Consultados os sábios da corte, nenhum deles foi capaz de decifrar aquele enigma.

Então, por curiosidade, aí vai o que estava escrito em aramaico, segundo o relato:

 

 

Mene (palavra duplicada no original) – com a grafia aramaica מנא (no grego da LXX: ΜΑΝΗ; e no latim da Vulgata: MANE).  Esse termo provavelmente deriva da palavra מָנֶה – uma porção ou dose; medida de peso ou monetária – geralmente em torno de 50 shekels

 

Tequel – com a grafia aramaica תקל (no grego da LXX: ΘΕΚΕΛ; e no latim da Vulgata: THECEL).  O significado exato do termo provém da expressão שקל – pesar em balança, equilibrar.

 

Parsim – com a grafia aramaica ופרסין (no grego da LXX: ΦΑΡΕΣ; e no latim da Vulgata: PHARES).  Aqui o verbo פרס (precedido da conjunção ו) que significa partir, quebrar, dividir em dois.

 

Voltando ao episódio bíblico.

O problema, contudo, dos sábios não foi linguístico.  Então essas explicações daí só servem para curiosidade mesmo.

O problema foi espiritual.  Ali estava exposta uma sentença divina e somente Daniel seria capaz de decifrar – e isso porque a ele tinha sido dada uma aptidão sobrenatural (relembre Dn 1:17).

Então o profeta do Senhor foi trazido à presença do rei e se prontificou em apresentar a compreensão espiritual daquelas palavras.  E elas eram duras:

 

‒ Ó rei Belsazar, Deus já avaliou o teu reinado e determinou o fim dele.  Porque fostes achado em falta, perderás já teu reino para teus inimigos (Dn 5:26-28).

 

E o texto bíblico conclui a narrativa do capítulo afirmando que naquela mesma noite o rei dos babilônios foi morto e o rei Dario, o medo, apoderou-se de seu reino.

 

A verdade bíblica é séria.  Deus não se deixa escarnecer (Gl 6:7).  Quando qualquer um zomba do que é sagrado, trazendo para um profano palácio aquilo que deveria estar no santuário, o próprio Senhor da história escreve sua sentença na parede.

 

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