No início de sua regência, o rei Belsazar (neto do
grande Nabucodonosor II), resolveu dar uma festa, provavelmente para demonstrar
maior glória e poder que seu antecessor, e para isso mandou buscar os
utensílios que seu avô havia trazido do templo em Jerusalém, na deportação dos
judeus, para neles servir o vinho (a história está narrada em Dn 5).
Enquanto a festa rolava, o inusitado
aconteceu: o rei viu uma mão que escrevia umas palavras estranhas na parede!
‒ Que coisa será essa aí!?
Consultados os sábios da corte, nenhum deles foi
capaz de decifrar aquele enigma.
Então, por curiosidade, aí vai o que estava
escrito em aramaico, segundo o relato:
Mene (palavra
duplicada no original) – com a grafia aramaica מנא (no grego da
LXX: ΜΑΝΗ; e no latim da Vulgata: MANE). Esse termo provavelmente deriva da palavra מָנֶה – uma porção ou
dose; medida de peso ou monetária – geralmente em torno de 50 shekels
Tequel – com a grafia
aramaica תקל (no grego da LXX: ΘΕΚΕΛ; e no latim da
Vulgata: THECEL). O significado
exato do termo provém da expressão שקל – pesar em balança, equilibrar.
Parsim – com a grafia
aramaica ופרסין (no
grego da LXX: ΦΑΡΕΣ; e no latim da Vulgata: PHARES). Aqui o verbo פרס (precedido da
conjunção ו)
que significa partir, quebrar, dividir em dois.
Voltando ao episódio bíblico.
O problema, contudo, dos sábios não foi
linguístico. Então essas explicações daí
só servem para curiosidade mesmo.
O problema foi espiritual. Ali estava exposta uma sentença divina e
somente Daniel seria capaz de decifrar – e isso porque a ele tinha sido dada
uma aptidão sobrenatural (relembre Dn 1:17).
Então o profeta do Senhor foi trazido à presença
do rei e se prontificou em apresentar a compreensão espiritual daquelas
palavras. E elas eram duras:
‒ Ó rei Belsazar, Deus já avaliou o teu
reinado e determinou o fim dele. Porque
fostes achado em falta, perderás já teu reino para teus inimigos (Dn 5:26-28).
E o texto bíblico conclui a narrativa do capítulo
afirmando que naquela mesma noite o rei dos babilônios foi morto e o rei Dario,
o medo, apoderou-se de seu reino.
A
verdade bíblica é séria. Deus não se
deixa escarnecer (Gl 6:7). Quando
qualquer um zomba do que é sagrado, trazendo para um profano palácio aquilo que
deveria estar no santuário, o próprio Senhor da história escreve sua sentença
na parede.
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