terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

O CÉU DE GLÓRIA


 

Depois que todo o mal foi expurgado da ordem criada, João simplesmente declara: vi novo céu e nova terra (Ap 21:1 – noto um eco de Is 65:17).  E somente nesta curta frase temos o registro implícito de como o vidente compreende a ação de Deus na história.  Deus não fará um remendo na criação carcomida pelo pecado – ele fará nova (acrescente nesta compreensão o verso cinco).  Também Deus não cogita uma eternidade exclusivamente celeste, etérea, supra-histórica, pois o novo céu terá sempre por paralelo uma nova terra.  Assim é o Todo-Poderoso, o que era, que é, e há-de-vir (mais uma vez, leia Ap 1:8 e 4:8).  Assim é o que está por fazer.  Não uma simples continuação linear da história ou a pura supressão dela.  No primeiro caso seria apenas a perpetuação das tiranias e tribulações.  No segundo, postergar e diluir o juízo e controle de Deus na história.  Em ambos o mal venceria.  Mas não é assim.  Deus subverte a história, cria tudo novo, refaz sua criação a partir daquele que é o princípio e o fim; razão de ser, origem e destino de toda a criação.  Por nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17:28).

E tem mais: então o mar já não existe.  Quanto à inexistência do mar, entendo que merece uma reflexão à parte.  O texto não apresenta nenhum argumento sobre a ausência do mar, contudo, se me permitem uma suposição, entendida sob o ponto de vista do exilado e degredado João, onde o mar era não somente o limite de sua existência e a demonstração do poder tirano de Roma que o prendia, como também o obscuro domínio do pavor e desconhecimento num tempo quando a navegação em mar aberto representava inevitável risco; a extinção do mar seria certamente um consolo extra.

Continuemos.  João vê também a nova Jerusalém devidamente paramentada como uma noiva pronta para o casamento (Ap 21:2). As duas figuras são por demais importantes na descrição do Apocalipse (cidade e noiva), e João as vai retomar ainda neste capítulo.  Então vou aguardar também ainda mais um pouco.  Antes ele tem algumas palavras de conforto e ternura para dizer.

Na visão inicial, João foi confortado pelo que vive pelos séculos dos séculos: não temas (Ap 1:17).  A multidão diante do Cordeiro também se sente confortada de maneira carinhosa com a promessa de que Deus os apascentará (Ap 7:16-17).  Mas é agora, na visão do novo céu e da nova terra, que o amor e cuidado se mostram por inteiro.  Penso que aqui deveria citar alguns textos sobre o amor incondicional de Deus e como ele se releva para nós.  Sei que é tarefa por demais incompleta, já que em toda a Bíblia as referências são inúmeras; desde Jr 31:3 onde o próprio Senhor diz: Eu a amei com amor eterno; com amor leal a atraí; até o convite de carinho de Jesus: vinde a mim os cansados (em Mt 11:28).  Contudo, nenhuma expressão é mais enfática e contundente quanto 1Jo 4:8 – Deus é amor.

É exatamente este o tempero das palavras da visão registradas aqui: chegou o momento em que se enxugará toda lágrima, a morte não mais existirá, nem luto, nem dor.  Tudo isso já é passado (Ap 21:4).  Finalmente se cumpriram as profecias: ... pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53:5).  Com o que Paulo concorda: a morte foi vencida pela vitória (1Co 15:54-55 – citando Is 25:8 e Os 13:14).  E, dita para toda a eternidade: vinde benditos do meu Pai (palavras de Jesus em Mt 25:34), a frase recebe a chancela daquele que é o Alfa e o Ômega (Ap 1:8 e 21:6), que faz novas todas as coisas (Ap 21:5), que nos oferece de graça da fonte da água da vida (Ap 21:6 – ofertada também à mulher samaritana em Jo 4:13-14) e nos recebe como filhos amados (Ap 21:7 – leia mais Jo 1:12-13).

 

Do livro TU ÉS DIGNO –Uma leitura de Apocalipse

 

Leia todo o livro TU ÉS DIGNO – Uma leitura de Apocalipse.  Texto comovente, onde eu coloco meu coração e vida à serviço do Reino de Deus. Você vai se apaixonar por este belíssimo texto, onde a fidelidade a Palavra de Deus é uma marca registrada.

 

Disponível na:
AD Santos Editora

Nenhum comentário:

Postar um comentário