Segunda
parte das considerações sobre o livro Compromiso y Misión de Orlando Costas, publicado em 1979.
Tendo
observado a trajetória que trouxe a missão da igreja desde a sua
chegada às terras latino-americanas até aos impasses de hoje quando
tem que se decidir entre a ênfase na tradição ou a busca pela
reconstrução – tendo principalmente que encontrar um meio termo
entre as duas visões por compreender que ambas são indispensáveis
a integridade da missão; Costas se lança à tarefa de analisar
teologicamente a missão em si em seus vários aspectos.
Um
primeiro aspecto a se observar é a missão como proclamação. A
Palavra de Deus – onde se fundamenta toda a fé cristã – é em
última análise a proclamação de Deus ao ser humano. E esta
palavra de Deus afirma que “a fé segue a mensagem, e a mensagem ao
anúncio” (Rm 10:17). Toda a missão cristã principia pela
proclamação, pelo anúncio. João anunciou a chegada do Messias e
Jesus a chegada do Reino; daí a igreja ficou incumbida da missão de
proclamar o Reino e as boas novas de Deus, Senhor do Reino, ao ser
humano. A igreja é enviada a pregar, o que faz dela um arauto do
reino, mas esta proclamação é efetivamente dinâmica o compromete
toda a vida e a vida toda da comunidade cristã e não somente o
“profissional religioso”. Além do que esta é uma tarefa
“contínua e ininterrupta” (p. 30).
Ainda
sobre a missão como proclamação é bom observar que o conteúdo da
proclamação pode ser compreendido em três sentidos: proclamação
do nome de Deus; proclamação do reino de Deus e proclamação do
momento de Deus. A proclamação cristã anuncia o nome de Deus –
ou seja: ele mesmo (Lv 24:11) – como sendo a razão de ser todas as
coisas. A proclamação cristã anuncia o reino de Deus como uma
realidade escatológica que é chegada para julgar o ser humano. A
proclamação cristã anuncia o momento de Deus como um chamado a
conversão e a mudança de vida.
Neste
ponto, uma frase de Costas nos chama a atenção:
Não
parece haver nenhuma evidência bíblica ou teológica sólida para a
nítida e clara distinção que se encontra nas teologias
protestantes tradicionais entre conversão e santificação. Pelo
contrário, a santificação parece estar implícita na conversão e
a conversão na santificação (p. 41).
Tradicionalmente
a Teologia protestante tem compreendido que salvação é um ato
único e histórico, resultado exclusivo da graça e a santificação
como um processo transitório que cada cristão vai galgando ao longo
de sua vida. Costas parece concordar com J. Stott que compreende as
duas: salvação e santificação, andando lado a lado, ato e
processo que precisam ser desenvolvidos.
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