terça-feira, 24 de outubro de 2017

A FESTA DE PENTECOSTE

O calendário litúrgico de Israel incluía três grandes festas: a Páscoa celebrada do dia 14 de abib (o primeiro mês do calendário deles), festa caseira que celebrava a libertação do Egito – Dt 16:1-8; a Festa da Colheita ou das Semanas celebrada 50 dias depois da Páscoa (sete semanas) era uma festa de origem agrícola – Dt 16:9-12; e a Festa dos Tabernáculos ou das Cabanas celebrada entre os dias 15 e 22 de etanim (em nosso calendário mais ou menos pelo meio de outubro) – Dt 16:13-17.
O ponto em comum entre as festas era a celebração pela intervenção divina e a ordenação de nunca comparecer diante do Senhor de mãos vazias (leia em Êx 34:20).
A grande Festa das Semanas – que em língua grega passou a ser conhecida pelo nome de Pentecoste (literalmente: cinquenta dias), como também as outras duas festas, tinha um caráter civil e social e uma face religiosa.  Em seu aspecto social, Pentecoste era a celebração da primeira colheita de trigo e da cevada e todo o seu desenrolar estava ligado ao ciclo das atividades agrícolas.  Nela se celebravam a origem divina da vida e a bondade do Senhor em ter dado provisões em mais um ano, fazendo com que a terra desse o seu fruto (leia Êx 34:22).
Ainda se deve ressaltar que nesta festa um caráter abrangente da fé e do estilo de vida israelita deveria ser observado (leia com cuidado Dt 16:11-12).
Como celebração religiosa, a festa de Pentecoste era alegre e solene, deveria ser dedicada exclusivamente ao Senhor e durante seu transcorrer não deveria haver trabalho secular (era uma santa convocação como é dito Lv 23:21).  Outro aspecto importante que foi agregado à Festa das Semanas foi a celebração pela entrega da lei divina no Sinai.  Além da alegria pelo dom da terra e da provisão dada por Deus – e até como uma extensão desta dádiva – celebrava-se o cuidado do Senhor em estabelecer estatutos e decretos para que Israel fosse a nação santa (veja que embora esta associação seja tardia, sua indicação pode estar contida na instrução de Dt 16:12).
Havia no primeiro século, resultado de exílios, diásporas e outros processos migratórios, filhos de Israel que, longe de Jerusalém, mantinham suas tradições cultuais mas já não falavam a língua nativa nem mantinham intactos os costumes culturais.
Quanto ao ano em que ocorreram a ressurreição de Cristo e o cumprimento da promessa, como acontecia todo ano, mais que nas outras duas grandes festas, a celebração de Pentecoste atraiu para Jerusalém uma multidão de judeus, seus descendentes e convertidos a fé judaica.  A cidade deveria estar lotada de peregrinos que vieram participar da celebração da colheita e da entrega da Lei.
Foi neste contexto que aconteceu a descida do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus que aguardavam o cumprimento da promessa, reunidos em Jerusalém.


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