O calendário litúrgico de Israel incluía
três grandes festas: a Páscoa celebrada do dia 14 de abib (o primeiro mês do
calendário deles), festa caseira que celebrava a libertação do Egito – Dt
16:1-8; a Festa da Colheita ou das Semanas celebrada 50 dias depois da Páscoa
(sete semanas) era uma festa de origem agrícola – Dt 16:9-12; e a Festa dos
Tabernáculos ou das Cabanas celebrada entre os dias 15 e 22 de etanim (em nosso
calendário mais ou menos pelo meio de outubro) – Dt 16:13-17.
O ponto em comum entre as festas era
a celebração pela intervenção divina e a ordenação de nunca comparecer diante
do Senhor de mãos vazias (leia em Êx 34:20).
A grande Festa das Semanas – que em
língua grega passou a ser conhecida pelo nome de Pentecoste (literalmente: cinquenta
dias), como também as outras duas festas, tinha um caráter civil e social e uma
face religiosa. Em seu aspecto social,
Pentecoste era a celebração da primeira colheita de trigo e da cevada e todo o
seu desenrolar estava ligado ao ciclo das atividades agrícolas. Nela se celebravam a origem divina da vida e
a bondade do Senhor em ter dado provisões em mais um ano, fazendo com que a
terra desse o seu fruto (leia Êx 34:22).
Ainda se deve ressaltar que nesta festa
um caráter abrangente da fé e do estilo de vida israelita deveria ser observado
(leia com cuidado Dt 16:11-12).
Como celebração religiosa, a festa
de Pentecoste era alegre e solene, deveria ser dedicada exclusivamente ao
Senhor e durante seu transcorrer não deveria haver trabalho secular (era uma
santa convocação como é dito Lv 23:21). Outro
aspecto importante que foi agregado à Festa das Semanas foi a celebração pela
entrega da lei divina no Sinai. Além da
alegria pelo dom da terra e da provisão dada por Deus – e até como uma extensão
desta dádiva – celebrava-se o cuidado do Senhor em estabelecer estatutos e
decretos para que Israel fosse a nação santa (veja que embora esta associação
seja tardia, sua indicação pode estar contida na instrução de Dt 16:12).
Havia no primeiro século,
resultado de exílios, diásporas e outros processos migratórios, filhos de
Israel que, longe de Jerusalém, mantinham suas tradições cultuais mas já não
falavam a língua nativa nem mantinham intactos os costumes culturais.
Quanto ao ano em que ocorreram a
ressurreição de Cristo e o cumprimento da promessa, como acontecia todo ano,
mais que nas outras duas grandes festas, a celebração de Pentecoste atraiu para
Jerusalém uma multidão de judeus, seus descendentes e convertidos a fé judaica. A cidade deveria estar lotada de peregrinos
que vieram participar da celebração da colheita e da entrega da Lei.
Foi neste contexto que aconteceu a
descida do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus que aguardavam o
cumprimento da promessa, reunidos em Jerusalém.
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