Sempre achei o mês de março o mais quente do ano. Não tenho dados empíricos que confirmem esta
suspeita. Talvez porque em geral em
janeiro estou de férias, fevereiro é encurtado pelo carnaval e os trinta e um
dias de março me pegam de jeito. Mas
pode ser só impressão mesmo!
Bem, agora que chegamos a março e o calor parece
estar me derretendo, qualquer coisa que me traga um pouco de alívio é sempre
bem-vindo. E é aqui que o ventilador
encontra seu valor. Ali, girando na dele. O ventilador é um bom companheiro para o
verão.
Mas, pensemos bem nesta coisa: o ventilador. Como princípio de funcionamento, é uma coisa
bem simples. Algumas pás (acho que o
termo técnico é este) girando, girando, girando, e assim vai espalhando o vento
por aí.
Eu sei que hoje em dia já existem ventiladores dos
mais variados modelos. De teto, de mesa,
de parede, de chão, multiuso. Simples,
embutidos, acoplados. Oscilantes, fixos,
móveis. Eletrônicos, manuais, mecânicos. Coloridos, brilhantes, discretos. E por aí vai, enquanto a imaginação humana
for capaz de esticar o conceito. Seja
como for, dá sempre no mesmo: roda e sopra.
Quanto ao seu trabalho, então, não há muito
mistério – é só espalhar o vento fazendo-o circular.
E abrindo um parêntese. Será que algum cientista-investigador-curioso
já fez um experimento ligando um ventilador num ambiente completamente sem
vento – num vácuo – para ver o resultado? Eu nunca vi nada a respeito. Fiquei curioso!
Fechando o parêntese. Voltemos à tarefa de espalhar o vento.
O ventilador não cria o ar, apenas faz soprar e o
coloca em movimento. E o vento chega ao
meu rosto dissipando o calor (gostei dessa expressão: dissipando o calor – até
parece coisa importante).
Aqui o ventilador pode se apresentar a mim como uma
parábola bem simples e óbvia da própria vida.
E sobre a vida, um aspecto em especial pode muito bem relacionado ao
ventilador: a palavra e o uso que eu faço dela.
Ao contrário da coisa que não cria o vento, apenas
o espalha, a palavra tem sim o poder de criar mundos e realidades. Lembre que o poema sagrado da criação nos diz
que Deus criou o mundo com a sua palavra (leia Gn 1). E na mesma direção estão os poetas, profetas,
romancistas, visionários e sonhadores que com o poder das palavras fazem surgir
também outros mundos.
Só que há uma diferença. Deus concluiu sua criação suspirando e
constatando que tudo era bom (confira Gn 1:31).
Mas o que nós falamos e criamos com nossas palavras e verborragia (eita palavrão!) nem sempre é assim.
Tem vezes que criamos cada coisa feia com nossas
palavras!
O pior é quando entra o ventilador nesta história. As palavras são como o vento que o ventilador
de nossa boca e de nossa pena (que poético!) espalha – ah sim! agora tem as
redes sociais que fazem isso. E as
palavras vão a este turbo-ventilador que passeia pelas webs e se espalham,
espalham, espalham...
Então, sem ter a pretensão de estar descobrindo
nenhuma novidade – o ventilador já foi inventado tem um bocado de tempo – olho
para esta coisa e meço minhas palavras, inclusive as que publico aqui, para
continuar as espalhando e no fim poder também suspirar e achar que valeram a
pena.
Bem, por hora, deixe-me aproveitar um pouco mais do
ventilador, que o calor está demais.
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