A paz é o terceiro bago da jaca que Paulo retira da fruta e me oferece para saborear. Pensar na paz hoje é citar assuntos palpitantes que estão na ordem do dia dos governos, organismos internacionais e instituições sérias preocupadas com o futuro do planeta: as revoltas do mundo árabe, conflitos na Palestina, narcotraficantes, Al Qaeda, ecologia, racismo etc...
Realmente, embora tudo isso até faça sentido e seja importante, não os quero discutir agora. O apóstolo também poderia considerar estes temas, mas me parece que ele está compartilhando um fruto mais particular e internalizado.
Seguindo esta linha de raciocínio, duas citações que os evangelhos fazem de Jesus me sobressaem naturalmente e para os quais eu quero chamar a sua atenção nesta reflexão sobre o fruto do Espírito caracterizado como paz. João cita: "Deixo-vos a paz" (em Jo 14:27), e Mateus: "Bem-aventurados os pacificadores" (em Mt 5:9).
Quando Jesus, já em seus últimos discursos, anunciou que sobre seus seguidores estaria deixando a sua paz, ele estava disponibilizando algo que era próprio de sua natureza (lembre que ele foi anunciado como Príncipe da Paz em Is 9:6). É o próprio Jesus quem explica: a paz que ele estava incutindo era a sua paz, como uma característica marcante e peculiar, não uma paz bélica ou forçada – como faziam os romanos – ou como daqueles que a procuram preparando-se para a guerra; mas a paz dos que não se perturbam nem têm medo, a paz dos desarmados, a paz dos que são simplesmente pacificadores.
Antes, contudo de falar nos pacificadores, deixe-me mexer na jaca. A paz do Espírito na vida do crente é como o gosto da jaca que é próprio e inconfundível em qualquer dos seus bagos. Não é preciso lhe acrescentar nada, nem açúcar, nem corante ou outro qualquer aditivo. O seu gosto está ali, bastar saborear. A paz está ali, basta experimentar.
Voltemos aos pacificadores. Jesus afirmou que eles serão reconhecidos como filhos de Deus. Por trazerem no seu íntimo a essência da verdadeira paz, característica intrínseca da fruta, e, como ela, espalharem seu sabor próprio onde andam, tais pessoas são sim portadoras de um DNA próprio de Deus.
Como o bago da jaca: ela é o que é e tem o gosto único que tem porque nasceu e frutificou assim. Está na sua programação biológica. Como fruta saudável ela não pode negar a ser o que é. Basta deixar-se amadurecer e impregnar os que o rodeiam com suas características.
Agora, depois que a paz, como o gosto da jaca, já me determinou por dentro, como recebedor e herdeiro da graciosa paz com a qual Jesus me forjou; então agora eu até posso pensar e trabalhar pela paz nas revoltas do mundo árabe, conflitos na Palestina, narcotraficantes, Al Qaeda, ecologia, racismo etc...
vejo no cotidiano que para viver essa paz dos pacificadores temos que ter atitudes distintas das pessoas com quem convivemos, já que dentro dessa paz não existe a vingança e sim o perdão, coisa de tolo nos nossos dias, mas prefiro ser tolo para todos do que me sentir tolo por não fazer o certo!
ResponderExcluirAfonso Ramalho
Querido Afonso,
ResponderExcluirBoas as suas palavras. Num tempo como este de agora em que vivemos, para encarnarmos esta paz como fruto do Espírito é preciso realmente desprezar os valores do mundo - o que implica algumas vezes parecer tolo. Mas o cheiro e gosto da jaca valem a pena.
Obrigado pela postagem e um abraço.