No último domingo lá na PIBA ouvindo o testemunho do Isaías sobre as bênçãos de ser fiel na mordomia ao Senhor me ocorreu uma possibilidade de leitura do texto profético de Ml 3:10 – "seja fiel em sua celebração ao Senhor no templo e depois experimente o que ele pode fazer em sua vida".
Antes, porém, algumas considerações iniciais. Em primeiro lugar a ideia não é realmente nova, ela já havia me ocorrido antes, mas só agora resolvi deixá-la germinar em minha mente. Segundo, também não tomei cuidado com as implicações linguísticas ou exegéticas nestas reflexões – os hebraístas que me perdoem – mas alguns conceitos passeiam pela minha cabeça sem nenhuma preocupação com agendas. E terceiro, também não me cobrem um esboço homileticamente estruturado: são apenas ideias fluindo que compartilho aqui com vocês.
A expressão que saltou aos meus ouvidos foi "fazei prova", daí experimente. Passei a semana me imaginando diante de um grande balcão de bufet de sorveteria e o Senhor em dizendo: a taça toda de sorvete você só vai tomar depois, mas vá logo experimentando – tirando um naco, dando uma beliscada, filando um bocadinho – de cada um dos sabores que temos aqui para ir acostumando a boca com o sabor.
É claro que esta ideia fica mais relevante quando o contexto é o calor significativo do nordeste brasileiro. Quando o sol aquece esta terra por todos os lados, pouca coisa é tão convidativa quando um bom sorvete: gelado e saboroso. Assim é Deus, sempre tem o refrigério em tempos de calor sufocante (é o que a gente lê no Sl 23:3).
E mais, o próprio Senhor é o dono da sorveteria. E é ele mesmo quem convida: eu sei que sua vida está derretendo e eu tenho um sorvete especial para você. Venha experimentar.
Agora, falando francamente, esta é uma dúvida deliciosa: qual sabor vou escolher? Deus provoca isso em mim! E sabe mais de uma coisa? Já andei por alguns lugares do mundo, mas em nenhum há tanta variedade e tantos sabores diferenciados como por aqui. Tem sorvete de tudo o que é tipo: menta com coco, abacaxi com hortelã, mangaba com chocolate, cupuaçu com goiaba, doce de leite com limão, banana caramelizada com tamarindo... E Deus continua dizendo, eu tenho muito mais para você, mas por hora, vai experimentando destes daí.
Esta cena ainda me parece com alguns acordes de uma música de Bach, ou alguns verso de Gregório de Matos, ou ainda fragmentos de crônicas de Veríssimo, ou algumas matizes de da Vinci, ou um trailer do Almodóvar, ou um test drive numa Ferrari; só atiçam a vontade de mais. Deus, da mesma maneira, diante do balcão da sorveteria está sempre me dizendo que não há como pagar pelo indescritível prazer que me aguarda e por enquanto é só uma pequena antecipação para aguçar os sentidos (creio que não desvirtuo Paulo citando Rm 8:18 aqui).
Mas falando sério – não que isto dito até aqui não tivesse seu quê de seriedade diante das promessas divinas – devo observar que não me parece que o profeta está falando de uma relação exata de causa e consequência, do tipo: traga a oferta que eu lhe dou o sorvete. Deus não faz assim. Pelo contrário, em Jesus toda a sorveteria já está quitada e o convite é feito para que eu possa desfrutar do privilégio de ser ofertante enquanto experimento das delícias dos sorvetes divinos.
E aí, quer experimentar?
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