Paulo estava prova-velmente preso quando escreveu aos filipenses. Naquela situação, nada sugeria que ele estivesse em condições de demonstrar alegria. A verdade, contudo, é que não há outra carta como aquela no NT. Ainda hoje, quando leio seu texto, me sinto contagiado por aquela alegria que tomou conta do apóstolo e isso me traz de volta à jaca do Espírito, já que um dos seus bagos é a alegria.
Penso que com certeza Paulo concordaria comigo que gostoso mesmo é sentar com amigos debaixo da sombra de uma jaqueira e ir tirando um a um os bagos enquanto lenta e suavemente o fim-de-tarde – a viração do dia – vai se enchendo da doçura da fruta.
Mas eu também concordo que esta cena tem se tornado cada vez mais improvável em nosso cotidiano. Falta-nos a sombra da jaqueira, os amigos se contam nos dedos, os ventos da tarde foram trocados pelo ar condicionado e o tempo livre de fruição está rareando em nossas agendas.
Então é exatamente para este tempo que a carta aos filipenses me faz atentar para o valor e a realidade do fruto do Espírito em minha vida. Mesmo preso em um pote plástico na geladeira, jaca é jaca. Era isso que Paulo estava apresentando aos crentes de Filipos. Veja comigo como a alegria de Paulo é jaca do Espírito.
Um bago de jaca traz todas as marcas essenciais da fruta por que as recebeu da árvore (relembre as palavras de Jesus em Jo 15). O crente produz aquilo para o qual ele foi geneticamente programado nutrido para ser. A alegria como bago da jaca do Espírito é aquilo que se desenvolve em mim, independente das circunstâncias.
A jaca também é altamente contagiante – já falei isso quando apresentei a jaca como modelo do fruto do Espírito. O próprio Paulo vivenciou isso quando, em outra ocasião, também preso ele cantava na companhia de Silas e os demais encarcerados os ouviam (leia em At 16:25). É deste jeito que o fruto do Espírito se desenvolve: primeiro me inunda com seu cheiro e visgo e depois contagia os que estão ao meu redor.
E depois disso a jaca ainda deixa as suas marcas impregnadas na minha vida. Além das lembranças do tempo gostoso que desfrutei debaixo da jaqueira – e isso já é bom por si só – algo da fruta ainda tratei comigo por algum tempo. Foi isso que o Sinédrio constatou em Pedro e João: as marcas de Jesus estavam impregnadas neles de tal maneira que não podiam disfarçar que estiveram com o Mestre (a constatação está citada em At 4:13).
Essencial, contagiante e marcante. Que eu possa trazer em minha vida uma alegria assim, fruto saboroso do Espírito.
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