sexta-feira, 29 de julho de 2022

SIMÃO PEDRO DE NOVO – 3ª parte

 


SIMÃO PEDRO DE NOVO – A RESTAURAÇÃO

Leia o início dessa reflexão ...

SIMÃO PEDRO DE NOVO – 1ª partelink
SIMÃO PEDRO DE NOVO – 2ª partelink

 

Faltava uma vida a ser restaurada – Simão Pedro.  Pedro sempre demonstrou um perfil de líder com espontaneidade e disposição para tomar atitudes.  Mas este ímpeto o levou a decisões vergonhosas.  Ele ainda precisava ser restaurado por Cristo.

Logo depois da cerimônia do lava-pés, Pedro tinha se disposto a seguir a Jesus, mesmo que fosse preciso morrer por isso; mas logo depois o havia negado (compare Jo 13:37 com 18:26-27).  Isto abrira uma ferida enorme na alma do discípulo e Jesus estava ali para curá-lo e devolvê-lo à missão.

Então, depois de terem comido (leia Jo 21:15), Jesus pôs em prática o processo de restauração de Simão Pedro.  A mesma pergunta foi repetida três vezes, e uma resposta dada a cada uma delas.  Mas ali cada detalhe era importante para que aquele homem pudesse voltar a ser o escolhido de Cristo.

Observe que Jesus o chamou de Simão, filho de João.  O próprio Jesus tinha colocado nele o nome de Pedro – a rocha (veja Jo 1:42).  Mas chamá-lo de Simão trazia à sua lembrança o homem anterior.  Naquele momento, Jesus estava restaurando Simão para que ele o capacitasse a chegar a ser Pedro.

É como se Jesus dissesse: eu te chamei para ser Pedro, e você por conta própria nunca vai fazer isso acontecer.  Só eu transformo vidas.

E por três vezes Jesus insistiu: — Tu me amas? (v. 15-17).  Aquela repetição desarmou o espírito de Simão e Jesus o restaurou (leia o verso 17). 

O ponto central mais uma vez é o amor.  A condição para que Simão Pedro cumprisse a missão de apascentar as ovelhas que Jesus lhe confiava não era sua personalidade ou seu ânimo impulsivo e voluntarioso, nem o seu perfil de liderança, era o amor (considere Jo 14:15). 

E foi com este amor que Jesus lhe restaurou.

 

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SIMÃO PEDRO DE NOVO – 1ª parte – link
SIMÃO PEDRO DE NOVO – 2ª partelink

 

* Na imagem lá em cima, uma arte pintada aqui em Aracaju na parede da IB Graça (@gracaigrejabatista), pelo Korea Graffiti (@korea.jpz).
Verdadeiramente divina!

 

sexta-feira, 22 de julho de 2022

SIMÃO PEDRO DE NOVO – 2ª parte

 SIMÃO PEDRO DE NOVO – PEIXE NA PRAIA

 

Volte à primeira parte dessa reflexãolink 

João continua a narrativa com o amanhecer do novo dia (em Jo 21:4).  Depois da noite frustrante, Jesus estava ali na praia, mas nenhum dos discípulos o reconheceu à princípio.

Na sequência do texto: Jesus perguntou sobre o que havia para comer, os pescadores assumiram que não tinham nada, mas resolveram atender à instrução de lançar mais uma vez as redes ao mar (acompanhe a leitura em Jo 21:5-6).

Somente com as redes completamente cheias é que perceberam que era Jesus quem falava com eles (veja o v. 7).  Pedro então, mais uma vez tomou a iniciativa e foi até à praia ao encontro com Jesus.

Tudo naquela situação era inesperado e surpreendente: Jesus na praia (v. 4), o número de peixes pescados já com dia alto (v. 6 e 11), haver peixes na brasa e pão na praia (v. 9) e a rede não ter se partido (v. 11).

Depois de Pedro, que seguiu na frente à nado, os outros pescadores também chegaram à margem e então Jesus estabeleceu um diálogo, do qual pelo menos duas lições podem ser extraídas:

Primeira.  Já havia peixe e pão na brasa (veja o verso 9).  Jesus Cristo os providenciara de antemão.  Mas mesmo assim ele pediu para trazer os peixes que haviam sido pescados (v. 10).  Jesus não precisava dos esforços dos pescadores – ele já tinha os peixes assados – mas mesmo assim queria contar com o esforço daqueles homens, e os valorizava.

Segunda.  Jesus os chamou para comer (leia no v. 12).  A cena deve ter trazido à memória o episódio da multiplicação de pães e peixes lá no início do ministério de Jesus (volte a Jo 6:1-13).  É como se Jesus, com isso, estivesse ensinando que ainda era o mesmo e continuava pronto para atender todas as necessidades daqueles que o seguissem.

 

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SIMÃO PEDRO DE NOVO – 1ª partelink

SIMÃO PEDRO DE NOVO – 3ª partelink

 

sexta-feira, 15 de julho de 2022

SIMÃO PEDRO DE NOVO – 1ª parte

 SIMÃO PEDRO DE NOVO – VOU PESCAR

 

O texto do Evangelho diz que Jesus tornou a se manifestar aos discípulos (leia Jo 21:1).  Desta vez às margens do mar de Tiberíades.  Naquelas águas Jesus tinha encontrado vários pescadores de profissão e os chamado ao discipulado.  Aquele tinha sido o ambiente costumeiro de Simão Pedro antes de seguir a Jesus.

Sete dos homens que acompanharam a Jesus durante seu ministério estavam voltando à rotina de pescadores comuns (veja o verso 2).  Eram Simão Pedro – o líder do grupo, Tomé – o que foi restaurado (em Jo 20:26-29), Natanael – que Jesus já havia reconhecido como verdadeiro israelita (volte a Jo 1:47), os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos anônimos.

Mesmo depois de todas as experiências presenciadas ao longo do ministério ao lado do Mestre; mesmo depois das instruções íntimas; mesmo depois dos encontros com o ressuscitado; mesmo assim, todos aqueles homens ainda careciam de que lhes reanimasse a fé.

Simão Pedro então anunciou: — Vou pescar! (Jo 21:3). 

Nesta simples declaração e disposição, Pedro demonstrou toda a sua frustração consigo mesmo em particular e com a situação em geral.  Ele deu a entender que, apesar de ter visto com os próprios olhos o túmulo vazio e o Cristo ressurreto e glorificado, as esperanças ainda estavam mortas, as cicatrizes ainda estavam abertas e a decepção ainda era um peso insuportável.

Os outros discípulos, também desorientados, resolveram seguir a Pedro.  E para piorar a situação, naquela noite não apanharam nenhum peixe (confira Jo 21:3).

 

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SIMÃO PEDRO DE NOVO – 2ª partelink

SIMÃO PEDRO DE NOVO – 3ª partelink

 

 

 

terça-feira, 12 de julho de 2022

SOBRE O JOÃO BATISTA

 


João Batista é citado nos quatro Evangelhos e sua participação nos eventos que dariam início do ministério de Jesus é singular. Vale dar uma olhada nele.

Ele foi encomendado (gostei da expressão!) para preparar os caminhos e exerceu bem essa função.  Lucas narra sobre seu nascimento e como isso foi resultado da intervenção direta de Deus (em Lc 1:13).

Olhando os textos sagrados ainda vamos constatar que Marcos cita a profecia de Isaías acerca daquele que prepararia o caminho como sendo uma referência a João Batista (Is 40:3 => Mc 1:3).

E ainda Lucas cita a fala de Jesus sobre João Batista dizendo que entre os que nasceram normalmente – de mulher – não houve um profeta maior que ele (Lc 7:28). Mas completa afirmando que o menor no Reino de Deus ainda é maior que ele.

Um detalhe: o nome de nascimento de era apenas João (conforme Lc 1:63).  E a alcunha Batista foi-lhe dada depois em referência a sua prática de banhos rituais – batismo.

Voltando a questão inicial: ainda com isso tudo, João Batista foi pecador pois é verdade bíblica que todos os seres humanos são, em sua essência, pecadores desde a sua concepção (confira textos como Rm 3:10 e 23 / 11:32 / Gl 3:22).

Também a própria fala e confissão de João, quando Jesus se apresentou para ser batizado, reconhecendo que ele mesmo precisava ser batizado (em Mt 3:14 – e lembre que a condição para o batismo de João era o arrependimento de pecados – Mc 1:4).

As intervenções divinas são sempre surpreendentes – e distintas.  Mas a única intervenção que tira o pecado do mundo é o que ele fez através da obra do Cordeiro (Jo 1:29).

 


quinta-feira, 7 de julho de 2022

OS NOMES NO TEMPO DO AT

No tempo do AT os nomes eram escolhidos para que representassem a realidade da criança ou da sua família no momento do seu nascimento, e que futuro poderia se esperar dela.  Assim Moisés – em hebraico: משה – recebeu este nome pois seu nome parece soar “tirei” – em hebraico: מקח – uma referência ao fato de ter sido tirado das águas pela filha do Faraó (Êx 2:10).  E Samuel – em hebraico שמואל – teve seu nome escolhido por ser equivalente a “pedir a Deus” – em hebraico שאליו יהוה – porque a criança era resposta ao pedido da mãe (1Sm 1:20). 

Na mesma linha de compreensão, no mundo antigo, mudar o nome de alguém seria o mesmo que promover uma mudança radical na vida e personalidade deste alguém; ou reconhecer um novo papel e destinação histórica deste.  Exemplos bíblicos mais uma vez são apropriados: Abrão – em hebraico אב + רום, ou seja: pai + elevar, erguer; daí םאבר – após a aliança da circuncisão teve seu nome mudado para Abraão – em hebraico אב + עם = pai + povo, gente, clã; daí םאברה – (Gn 17:5). 

E Jacó depois de lutar no vale do Rio Jaboque viu seu nome ser mudado para Israel (Gn 32:28).  Note: Jacó em hebraico é יעקב que provém do verbo עקב: enganar, cujas consoantes equivalem ao substantivo calcanhar – talvez uma referência ao seu nascimento segurando o calcanhar do irmão.  Já Israel, em hebraico em ישראל, é composto dos radicais שרה+ אל: lutar, litigar + Deus. 

Em relação aos seus deuses, os povos vizinhos do antigo Israel assumiam ideias similares.  Conhecer o nome da divindade era conhecer a essência e o poder dela.  Poder falar o nome divino seria ter certo controle sobre o deus e isto era tido como garantia em caso de guerra ou coisa parecida: nos embates entre povos diferentes e suas divindades, o povo que estivesse de posse do nome divino mais poderoso venceria a batalha.

Em Israel não foi diferente.  O nome de Deus (יהוה) não era simplesmente uma referência a alguém que deveria ser reverenciado nas celebrações de culto e festas cíclicas.  Os relatos bíblicos nos mostram que Deus se revelou dando a conhecer o seu nome não apenas para que Israel acrescentasse mais uma informação linguística, mas com dupla finalidade: a) Para que Israel soubesse exatamente quais as características essenciais do Deus a quem ele deveria se curvar e adorar, e esta identificação faria o povo poder descansar, porque sendo Deus o que o seu nome expressa ser, então Israel não teria porque temer o futuro; ou seja, a salvação dependia exatamente de uma identificação não-ambígua de seu Deus em contraste com a generosidade do numinoso.

E b) tendo conhecimento do nome de Deus, Israel tinha uma espécie de pré-garantia de que o poder deste Deus Todo-Poderoso estaria a favor e a disposição da nação sempre que se fizesse necessário enfrentar lutas e embates.  Conhecendo o nome de Deus, os filhos de Israel estariam prontos para guerrear e garantir vitórias.  Assim foi na saída do Egito, assim foi na conquista da terra prometida e assim seria enquanto o povo se mantivesse fiel ao nome de Deus.