sexta-feira, 14 de junho de 2019

O CULTO PRESCRITO POR DAVI


Então disse Davi a toda a assembleia:
“Louvem o SENHOR, o seu Deus”.
E todos eles louvaram o SENHOR,
o Deus dos seus antepassados,
inclinando-se e prostrando-se
diante do Senhor e diante do rei
.
(1Cr 29:20)
O texto destacado aqui se refere a uma celebração dirigida por Davi já nos seus últimos dias quando comemorou as dádivas para a construção do templo e anunciou Salomão como seu sucessor.
O rei sabia que seus dias estavam chegando ao fim e ainda neste momento demonstrou algumas de suas melhores características: como administrador hábil, nomeou Salomão de maneira inquestionável seu sucessor político e comandante-em-chefe das tropas militares; e como adorador fiel convocou o povo para uma celebração e adoração ao Senhor.
Esta cerimônia de louvor e adoração comandada pelo rei Davi se configurou como uma espécie de modelo ou projeto de culto que deveria ser prestado no santuário de Jerusalém a ser construído. Dela é possível apontar alguns destaques.
Em primeiro lugar, embora Davi soubesse que a construção do templo central provocaria uma mudança radical no modelo de adoração ocorrida até então, ele tinha a consciência de haver uma linha de continuidade entre o culto em Jerusalém e a adoração dos antepassados. Tanto no próprio louvor proferido pelo rei como pela resposta do povo há uma referência ao Deus dos pais (veja mais 1Cr 29:10).
Embora muita coisa nova estivesse acontecendo, o culto no templo não deveria ocorrer como um rompimento definitivo com as manifestações de Deus no passado. Na adoração de Davi estava o reconhecimento de que o mesmo Deus que o tinha escolhido e conduzido até aquele momento era o Deus que tinha se revelado ao patriarca Israel.
Isto daria historicidade e legitimidade ao seu culto, e Davi sabia da importância de tais elementos em sua adoração.
Na celebração real também pode ser observado um oferecimento de ofertas. A motivação inicial do culto já incluía as ofertas.
Davi sabia que ofertar a Deus e ao seu templo era suficiente motivo para já celebrar, e ele o faz com mais oferendas e doações. Acompanhados de muito louvor e alegria, foram colocados no altar de Deus mais de três milhares de animais para serem sacrificados em holocausto.
Chama a atenção na narração em língua original que a expressão usada para o oferecimento no culto de Davi – que em nossa língua é traduzida por holocausto – significa um sacrifício queimado totalmente (o verso é 1Cr 29:21). É como se o texto bíblico estivesse enfatizando que o oferecimento de Davi em seu culto era completo e que aquilo que o rei trazia para o Senhor em seu culto deveria ser para o próprio Deus apenas, sem esperar nada em troca.
Ainda precisa ser destacado que todo o culto oferecido pelo rei Davi está revestido de beleza e grandiosidade. Davi era uma artista – o que significava que sua alma era tocada pela beleza poética de forma diferenciada – além de que, como citado, aquela celebração deveria se constituir um modelo de culto para o futuro templo.
Tudo era muito belo, tudo era muito festivo. Aquilo era adoração na sua mais pura forma, com ofertas e cânticos diante de Deus. Se a alma estava prostrada em adoração diante de Deus, o corpo assim se posicionava e todo o culto se revestia da beleza da santidade de Deus – uma antecipação do esplendor do santuário que seria erguido (o próprio Davi no Sl 29:2 conclama a uma adoração assim).
E o texto descreve o desfecho deste culto: naquele dia comeram e beberam com grande alegria na presença do Senhor (1Cr 29:22).



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