Preparei este quadro com a
comparação dos nomes dos dias da semana em línguas variadas para apresentar em
um estudo que fiz em nossa igreja sobre o Dia do Senhor. Como achei que ficou interessante, estou
compartilhando.
terça-feira, 28 de junho de 2016
terça-feira, 21 de junho de 2016
PROTESTANTISMO E CULTURA BRASILEIRA
É
sabido por todos que o protestantismo tradicional nunca conseguiu assimilar
devidamente uma brasilidade que o tornasse uma religião nacional. Desde sua chegada, quer como protestantismo
de migração quer de missão principalmente, ele chegou como religião estrangeira
e passados mais de cem anos mantém-se como se fosse uma cultura de uma minoria
que geralmente não convive com a grande cultura popular.
O
catolicismo quando chegou ao Brasil trouxe consigo um tradição cristã de certo
modo já sedimentada, mas chegou no período de formação da cultura brasileira, e
num processo dialético com os valores
afro-indígenas, tornou-se o centro dessa cultura. Por sua vez o protestantismo ao chegar já
encontrou uma cultura formada e de certo modo resistente a intromissão de
valores novos como os trazidos por aquele último. Outro fator que merece destaque é o
anti-catolicismo das missões protestantes norte-americanas que repetiram aqui a
intolerância da outra América. Esse
anti-catolicismo identificou o catolicismo com o anticristo e causa do atraso
dos povos, viu nos valores da cultura brasileira os traços desta identificação;
logo sua mensagem seria – e foi – um chamado a abster-se da cultura local e a
aceitação inquestionável dos valores da cultura norte-americana trazida pelos
missionários.
Com um
início desses não é de se estranhar que o movimento protestante no Brasil tenha
se mantido afastado de qualquer identificação com a cultura brasileira ao longo
de sua existência. Por conta disso ele
subsistiu como cultura de gueto negando-se a dar uma parcela de contribuição à
cultura nacional bem como não aceitando que ares dessa cultura adentrem seus
muros. Dessa incapacidade de convivência
surge o fato de que para ser um crente fiel protestante é preciso abandonar as
coisas do mundo e aceitar as do céu – em outras palavras: esquecer o jeito
brasileiro de viver e adotar o american
way of life.
Outro
aspecto dessa relação entre protestantismo e cultura brasileira pode ser
observado por Max Weber quando ressalta a questão do ascetismo protestante e o
coloca como o principal formador da visão que esse tem do mundo. Se Weber estiver certo também em relação ao
Brasil então, em observando por este ponto de vista, o protestantismo como um
todo tem que ser entendido como algo que em si já está fechado às novidades,
pois no seu código implícito de ética está inserido o fato de que a sociedade
só progredirá se seus membros, um a um, tomarem uma postura ascética de quase
negação da vida e posicionarem-se de modo não-criativo a caminhar, constante e
inexoravelmente, rumo ao progresso. Ora,
tal proposta é completamente alheia à mentalidade brasileira. Logo, aceitá-la implica necessariamente numa
negação do caráter espontâneo e criativo da alma brasileira.
Em sua
palestra na Conferência do Nordeste em 1962 intitulada “O artista: servo dos que sofrem”, Gilberto Freyre soube ver bem
estas questões:
É curioso que até agora o cristianismo evangélico só
tenha concorrido salientemente para enriquecer a cultura brasileira com
insignes gramáticos (...). É tempo de o
cristianismo brasileiro evangélico ir além e concorrer para esse enriquecimento
com um escritor do porte e da fama revolucionária, eu diria também, de Euclides
da Cunha; com um poeta da grandeza de Manuel Bandeira; com um compositor que
seja outro Villa-Lobos, que componha baquianas brasileiras que sejam a
interpretação ao mesmo tempo evangélica e brasileira de Bach. Também um caricaturista ou teatrólogo
revolucionariamente evangélico que pela caricatura ou pelo teatro denuncie os
abusos dos ricos que para conservarem um privilégio de classe pretende se fazer
passar por defensores ou conservadores de tradições religiosas ou mesmo do que
se intitula às vezes, pomposa e hipocritamente, civilização cristã (...). Acompanharei desde agora com maior simpatia aquelas suas atividades cristocêntricas que
se desenvolvam em benefício do Brasil, e adaptando-se ao Brasil.
sexta-feira, 17 de junho de 2016
SOBRE OS ANJOS DA GUARDA – como entender Mateus 18:10?
A
pergunta me foi feita: Como entender
Mateus 18:10? Seria o caso de que cada
criança tem um anjo particular e que este comparece diante de Deus?
Antes
de qualquer análise, deixe-me oferecer uma tradução livre – sem me preocupar
com os rigores da técnica lingüística:
Preste atenção: nem [pense] em desprezar
sequer um destes pequeninos. Porque eu
digo que os anjos deles nos céus vêem continuadamente a face do meu Pai [que
está] nos céus.
Agora,
já caminhando rumo à análise preciso destacar algumas expressões que jugo
chaves no verso e depois tentar entender o contexto em que Mateus colocou a
expressão. Vamos a elas:
Um. Preste atenção (ὁρᾶτε do
verbo ὁράω) – o
verbo está no imperativo presente. O
sentido indica: veja ou tenha cuidado com isso!
Dois. Desprezar (καταφρονήσητε do
verbo καταφρονέω – esse
é um palavrão!!!) – aqui o subjuntivo com negação indica a proibição de sequer
iniciar ou cogitar a possibilidade de desconsiderar,
tratar com descaso ou menosprezar
Três. Pequeninos (μικρῶν) –
literalmente: o adjetivo pequeno; daí ser possível entender como crianças. Faz mais sentido porém interpretar como se
referindo aos discípulos (acho que pupilo seria uma tradução
interessante!), principalmente considerando o contexto do verso seis logo
acima. O Sl 17:8 oferece uma leitura
poética para a expressão.
Quatro.
Anjos deles (ἄγγελοι αὐτῶν) –
seriam pessoais!? – surgiu uma crença no período inter-bíblico de que, para
cada ser humano, Deus tinha designado um anjo pessoal que o acompanharia desde
o nascimento até à morte, mas não há registro específico disto nas paginas
sagradas. Talvez a citação do anjo de
Pedro em At 12:15 seja uma referência a esta tradição. O que temos de mais próximo é a citação de Dn
10:21 e 12:1 em que o anjo Miguel é citado como o príncipe de Israel – mas aqui
a ligação é coletiva a toda a nação e não a alguém especificamente.
Ainda
neste ponto, o pronome parece realmente indicar um coletivo: os anjos dos pupilos e não os anjos de cada um deles.
Cinco. A face do Pai (τὸ πρόσωπον τοῦ πατρός) – essa
é fácil! Junto com a referencia aos céus, indica o lugar do trono onde Deus se
coloca para governar o universo.
Está
ficando grande, mas peço que me acompanhe mais um pouco.
Quanto
ao contexto de Mateus.
O
Evangelista começa o capítulo 18 tratando do maior do reino dos céus – tomando
uma criança (παιδίον) como
exemplo. Depois fala do cuidado quanto
ao fazer tropeçar os pequeninos (μικρῶν); e o verso dez – em destaque
– introduz a parábola da ovelha perdida.
O que fica em destaque nestas passagens é cuidado zeloso por aqueles que
mais precisam: crianças, pupilos e ovelhas.
Deus se importa que eles.
O que
posso entender disso tudo.
Vou
começar dando a palavra ao Reverendo Augustus Nicodemus Lopes: A passagem não está ensinando que cada
crente ou criança tem seu próprio “anjo da guarda” (...) ela simplesmente
expressa o cuidado geral de Deus por seu povo através dos anjos.
Penso
que é por aí. Tirar apenas desse
versículo uma compreensão de anjo da guarda particular é desconsiderar todo o
contexto bíblico. Realmente Deus ordena
aos seus anjos para velarem pelos seus (veja o Sl 91:11 e Hb 1:14) e em nossas
batalhas e lides diárias eles são aliados formidáveis.
Em toda
a Bíblia os anjos assistem na sala do trono para o louvar (cito por exemplo o
Sl 103:20), servem e obedecem só a ele e são enviados pelo próprio Deus para
missões específicas, principalmente quando é preciso agir em favor dos seus
pupilos (lembre de Dn 6:22). Só que não
há nenhuma passagem que indique um "casamento" perene entre seres
angelicais e humanos.
Bem, o
mais importante na passagem de Mt 18:10 é o destaque que Jesus dá ao cuidado
com os seus. Se o Mestre sugere que é
melhor arrancar braço, perna ou olho do que fazer tropeçar um dos seus
pequeninos; se até os anjos permanecem como tropa militar em prontidão
esperando o momento de entrarem em ação para os defender, agora considere o
cuidado que devo tomar com eles.
quarta-feira, 15 de junho de 2016
Utensílios do Tabernáculo
O que conhecemos hoje como Tabernáculo foi uma tenda construída a
mando de Deus pelos Filhos de Israel enquanto peregrinavam pelo deserto e que
serviria como lugar de culto e de encontro com Deus. Acompanhe como era a distribuição interna da
construção:
Véu
- Êx
26:31-36
- Feito de linho fino, trançado e bordado
- Separa o lugar santíssimo
Arca da Aliança
- Êx
25:10-16
- Feita de madeira e ouro
- Fica no lugar santíssimo
- Precede o Tabernáculo
- Continha as Tábuas da Aliança (Lei)
- Serve de base para o Propiciatório
Propiciatório
- Êx
25:17-22
- Feito de ouro puro
- Fica no lugar santíssimo
- Recobre a Arca
- É o lugar de encontro com Deus e a plenitude do
sagrado
Altar de Holocausto
- Êx
27:1-8
- Feito de madeira e bronze
- Fica no pátio – a entrada da tenda
- Coberto de sangue durante os rituais
- Acompanha apetrechos
Bacia de bronze
- Êx
30:17-21
- Feita de bronze
- Fica no pátio
- Cheio de água para ser usado em lavagem ritual
Altar de incenso
- Êx
30:1-10
- Feito de madeira e ouro
- Fica no lugar santo – diante da Arca
- Aceso pela manhã e ao entardecer constantemente
Mesa da presença
- Êx
25:23-30
- Feita de madeira e ouro
- Fica no lugar santo
- Onde os pães devem ser colocados diariamente
- Acompanha apetrechos
Candelabro
- Êx
25:31-40
- Feito de ouro puro
- Fica no lugar santo
- Com lâmpadas alinhadas e continuamente aceso
Óleo
- Êx
27:20-21 / 30:22-33
- Puro para o candelabro
- Com especiarias para a unção
Fogo
- Elemento vivo (dinâmico)
- Consome / queima
- Cozinha / prepara
- Simboliza o Espírito Santo
sexta-feira, 10 de junho de 2016
DEUS VENDE
Mais uma vez parado no trânsito em
Aracaju. Mais uma vez aqui, e não ali e
nem lá. Simplesmente parado aguardando
para poder continuar indo. Infelizmente
está virando rotina! Mas não vou usar deste espaço para reclamar: nem só
desconfio que não fará muita diferença como também vou acabar sendo chato.
Então só me resta olhar o mundo ao
meu redor, também para tentar me distrair – sempre há algo pra se ver.
E não é que eu me vejo parado
atrás desse aí! Qualquer descrição
escaparia ao inusitado da situação: "Deus
vende" (a foto está aí para mostrar). Vamos tentar. Ao que me parece tinha uma frase no vidro do
carro – acho que algo do tipo Deus é fiel
ou qualquer coisa parecida – então o cidadão decidiu vender o carro e colou o
anúncio por cima. E então ficou assim.
Sei lá, acho que foi assim...
Mas também vou deixar pra lá o
carro e seu adesivo – fique com o curioso – acho que cabe um kkkkkk bem ao estilo internet de
escrever.
E, parado olhando, a reflexão
começa a fluir. E é ela que deve nortear
essas linhas aqui.
A primeira coisa que me vem à
mente é a concepção de um Deus mercantilista, comerciante. A ideia a princípio já é estranha, mas
continuar estendendo o conceito só pode ficar pior: um Deus que troca e
barganha bens e valores.
— Misericórdia!!!
Sei que muitos púlpitos e mídias
têm trilhado perigosamente este atalho teológico. Não é novidade. E em nome de números do ibope eclesiástico
vai-se acomodando o teor do que se prega e mercadejando a doutrina.
Continuo refletindo e a Bíblia salta
necessariamente ao centro da reflexão. Ela
se impõe. Os textos começam a pipocar.
=> Jesus chama de ladrão e salteador quem não entra pela
porta mas toma um atalho para o rebanho (a expressão eu encontro em Jo 10:1) – suspeito!
=> Em Isaías eu leio o convite
divino a adquirir sem dinheiro e sem
preço vinho e leite (55:1) – acho que os britânicos diriam: amazing!
=> Na verdade, nós fomos
comprados por um preço caríssimo, o sangue precioso do Cordeiro (compare 1Co
6:20 com Ap 5:9) – acompanho o cântico eterno do Apocalipse.
=> A maior dádiva nos chega
como dom gratuito e não como recurso
de negociação (é indispensável considerar Rm 6:23) – está ficando cada vez
melhor.
=> Ainda mais um. Jesus desceu o chicote nos que estavam
transformando a Casa de Oração em mercado (relembre a narrativa em Jo 2:14-16)
– essa pesou!
É absurdo como alguém pode
associar o santo nome de Deus ao mercado e aos negócios (entendo que o terceiro
Mandamento se aplica aqui – Ex 20:7 e Dt 5:11).
Não tenho dúvida em afirmar que tratar os bens espirituais como
mercadoria ofende frontalmente a santidade de Deus.
Achou pouco? Aí vai mais.
Não se pode servir a Deus e ao dinheiro (é sério Mt 6:24). Estendo a interpretação deste texto como uma
alusão à própria idolatria. A visão mercantilista
da fé cristã é idolátrica. E ponto.
E antes que esqueça. Foi contra tais práticas que Lutero
empreendeu sua Reforma no século XVI. E
que bendita herança nos legou.
Pondo uma conclusão na reflexão. Talvez receando que piore mais. Pense.
Deus não vende suas boas dádivas
(Tg 1:17 merece decorar) – e muito menos se vende. E vou terminar com a citação fundamental.
Porque Deus amou o mundo de
tal maneira que deu seu Filho
Unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna
(Jo 3:16).
Deus não vende, ele se dá por amor. Gloria pois a ele.
Você encontra textos como esse no livro PARÁBOLA DAS COISAS
Disponível no:
Clube de autores
Google Play
amazon.com
Conheça também
outros livros:
TU ÉS DIGNO – Uma leitura de Apocalipse
DE ADÃO ATÉ HOJE – Um estudo do Culto Cristão
terça-feira, 7 de junho de 2016
LITURGIA E ARTE – a arquitetura protestante brasileira
Toda celebração
religiosa se dá em algum lugar específico, no lugar onde o sagrado pode ser
sentido mais nitidamente e onde o participante do culto é colocado no papel de
fiel. O cristianismo como religião
surgiu no seio do judaísmo e foi exatamente seguindo os modelos dos seus locais
de culto que surgiram os primeiros templos cristãos. Com a consolidação do cristianismo europeu
medieval, toda uma forma de edificar templos foi desenvolvida privilegiando a
contemplação como elemento primordial do culto cristão católico.
Descendente
desta tradição, o catolicismo brasileiro edificou templos em estilo barroco que
se tornaram marcas da fé cristã em terras brasileiras. E mais, se considerarmos o catolicismo como
religião hegemônica no Brasil colônia e aliada íntima da Coroa Portuguesa,
então é fácil perceber que qualquer tentativa contrária seria severamente
rechaçada – as guerras contra franceses (huguenotes reformados) no Rio de
Janeiro e holandeses (protestantes de liturgia também reformada) em Pernambuco
configuraram-se para os portugueses como guerra santa.
Porém,
com a necessidade da aproximação portuguesa com a Inglaterra, e principalmente
com a independência do Brasil em 1822 começou-se então a se conceber a idéia de
se ter pluralidade de cultos no Brasil – mais ainda não pluralidade de
templos! A Constituição Imperial
promulgada por D. Pedro I, embora reconhecesse a possibilidade de haver cultos
de caráter “privados e domésticos” que fossem não-católicos, os templos
construídos para atender a estes cultos, segundo o artigo 5º desta Constituição
“não teriam aparência exterior de templo”.
Foi sob esta lei que vigorou até o advento da República em 1889 que o
protestantismo de missão chegou ao Brasil.
Aliado
a isto, fatores econômicos e principalmente a busca da simplicidade em oposição
a ostentação católica fez com que as nascentes igrejas protestantes no Brasil
arquitetassem suas edificações para culto muito menos rebuscadas que suas irmãs
norte-americanas e principalmente européias.
No pentecostalismo estes fatores tornam-se mais pronunciados e,
analisando este aspecto, Leonildo Campos assim afirma:
O pentecostalismo, salvo exceções, fez com que o
espaço de culto abandonasse a arquitetura gótica ou rebuscada e se instalasse
em antigas garagens, lojas comerciais e desativados galpões industriais,
comerciais ou áreas de lazer. Buscava-se
então o Deus dos místicos, que habita o interior de seus adoradores, não
importando que a sua invocação se dê num espaço às vezes dedicado à
apresentação de filmes pornográficos ou num ponto comercial.
Modernamente
contudo já se pode observar uma preocupação maior, tanto no protestantismo
tradicional quanto entre os pentecostais, no que se refere a arquitetura dos
seus templos. Os modernos templos
protestantes, contudo, procuram apresentar elementos mais funcionais e menos
estéticos, não mais ligados a estrutura gótica ou barroca que na tradição
cúltica brasileira de origem católica sempre estiveram ligados ao lugar do
culto.
Por sua
vez, já na década de 1960 a Casa Publicadora Batista – depois JUERP – fez
publicar o trabalho do missionário norte-americano J.E. Lingerfelt intitulado Vamos Construir Templos Melhores. Embora destinada originalmente ao público
batista, a obra expressa a preocupação protestante de erguer construções e que
cada igreja em particular possua um templo que “seja adequado às suas
finalidades e à altura do seu povo, seus membros e aqueles que deseja ganhar
para Cristo”. E, embora na mesma página
esteja escrito que “o templo (…) é o centro do culto, o lugar de alimentação
espiritual para todos”, contudo nitidamente a preocupação da obra é com a
técnica da construção em si, sem se deter em momento algum com uma reflexão
teológica que justifique a presença ou a ausência de qualquer elemento dentro
do projeto de construção.
Entre
os pentecostais históricos, embora não haja exemplos tão significativos, mas
também já começa a haver um encaminhamento, embora ainda discreto, neste
sentido. No seu item X-1, o Regulamento
interno a Igreja Pentecostal Deus é Amor delibera que “todos os Templos a serem
construído deverão ter o seu projeto, tipo dois andares e com galerias, e o
projeto aprovado pela Diretoria”, logo a seguir apresenta, como justificativa
teológica para tal, a citação dos textos bíblicos de Is 54:2-3 e Is 6:1, sem
qualquer comentário.
Examinando
a Igreja Universal o Reino de Deus que Leonildo Campos faz, certamente, a mais
significativa abordagem da relação entre teologia e a arquitetura da construção
dos templos. Começando a análise a
partir do próprio protestantismo tradicional vemos que:
O protestantismo eliminou o culto aos santos, propôs a
secularização dos lugares onde o “serviço” religioso deveria acontecer,
ridicularizou o comércio de artesanato e de bens religiosos associados aos
santuários católicos. A Reforma colocou,
no lugar da devoção em movimento, uma platéia de boca fechada e ouvidos
abertos, estacionada em redor do púlpito, lugar de onde o sagrado se irrompe
através da palavra articulada racionalmente.
O protestantismo também delimitou a criatividade litúrgica e, mesmo
condenando a missa católica, impôs sobre o culto um script rígido. O resultado foi um culto ritualista, que, no
caso brasileiro, o protestante histórico aprendeu a prestar à divindade com os
missionários norte-americanos, a despeito de todas as influências católicas
sobre ele exercidas.
Bem,
observando as opções de construção de templos como reflexos de suas opções
teológicas, mais uma vez seguindo a análise de L.S. Campos em relação a Igreja
Universal, como padrão para as igrejas de culto pós-pentecostal, ou
neopentecostal, na linguagem do mesmo:
A arquitetura dos templos da Igreja Universal reflete
essa perspectiva ao propor um modelo voltado a participação e não a
contemplação. (...) Os templos neopentecostais contêm sempre um palco e uma
platéia e, muitas vezes, um corredor por onde o animador da platéia passa
distribuindo bênçãos, toques sanadores e palavras abençoadas.
sexta-feira, 3 de junho de 2016
O CULTO COMO CONTRIÇÃO
Ó Senhor,
dá palavras aos meus lábios,
e a minha boca anunciará o teu louvor.
Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado;
um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.
e a minha boca anunciará o teu louvor.
Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado;
um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.
(Sl
51:15-17)
Já aprendemos que o Deus a quem cultuamos é
inteiramente santo e que quando estamos em sua presença augusta os nossos
pecados nos condenam.
E esta dimensão está presente no culto. A certeza de estar diante de Deus nos dá a
dimensão do nosso pecado: "Ai de mim!" (Is 6:5). O culto nos impõe a certeza de que estamos
condenados pelos nossos próprios pecados.
Cultuar implica em reconhecer os erros que cometemos diante de Deus e
dos irmãos, sabemos que deles somos culpados e que eles nos levarão inevitavelmente
à ruína e à derrota.
Mas, na presença de Deus há vida em abundância: "se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos
pecados e nos purificar de toda injustiça" (1Jo 1:9). O culto tem que ser o momento propício para
confessarmos os nossos pecados diante de Deus.
Culto é confissão, arrependimento, quebrantamento do coração humano; e
também é doação, graça, perdão e amor partindo do coração divino ao encontro da
alma contrita e arrependida. Culto é
este momento onde meus pecados são deixados diante do altar de Deus para serem
lavados pelo sangue do Cordeiro e deles já não se faça menção. Culto é contrição e confissão que nos permite
saborear da presença do Amado sem culpa.
Que realizemos nossas celebrações, cultuando a Deus
com nossa contrição e arrependimento, para que ele habite entre nós com sua
graça.
(do livro
"No Baú da Adoração" publicado em 2004)
Assinar:
Postagens (Atom)