sexta-feira, 17 de abril de 2015

Igreja e Estado na América Latina

Uma análise da relação entre a Igreja e o Estado na chegada do cristianismo ibérico na América Latina
As instituições da Igreja e do Estado na península ibérica durante os anos finais do século XV e iniciais do século XVI apresentavam características peculiares.  A chegada das caravelas e naus portuguesas e espanholas ao Novo Mundo neste período, assim, revestiu-se de uma singularidade tão marcante que influenciou toda a formação não só desta nova terra como, de volta, influenciou a cristandade européia.
O cristianismo europeu se fez herdeiro da relação entre a Igreja e o Império Romano iniciado por Constantino e daí se tornou a religião oficial do império, atraindo para si poder e prestígios nunca vistos.  Viu-se também envolvido em guerras reconhecidas como santas durante toda a Idade Média contra os mouros muçulmanos na tentativa de demonstrar a supremacia européia e cristã contra os pagãos.  Destas experiências, o cristianismo europeu acabou por atribuir aos reis – principalmente ibéricos – um poder de caráter temporal e espiritual, chegando a rivalizar ao papado, como executor da mão de Deus na consecução do seu projeto para o mundo.  A soma destes fatores resultou no que ficou conhecido como a teologia da cristandade.
Neste espírito, esta cristandade liderada pelo papado criou o Tribunal do Santo Inquérito para julgar os desviantes, organizou ordens monásticas para a consecução dos seus objetivos evangélicos de fé e objetivos de poder, distribuiu terras entre os seus reis católicos e estabeleceu o sistema do padroado que consistia em reconhecer o direito de poder temporal de administrar as questões eclesiásticas com poderes inquestionáveis.
Foi este cristianismo que foi transplantado para a América Latina.  E foi motivado pelo desejo de expandir a fé que portugueses e espanhóis se lançaram ao mar para empreenderem a atividade conquistadora.  Mesmo havendo interesses culturais e econômicos – este mais que aquele – mas certamente o motivo principal era estabelecer novas fronteiras para a fé cristã católica.  Assim não é de se estranhar que os fatores religiosos ligados à pureza da fé católica ligada intimamente ao estado português e ao espanhol tenham ganhado tanta importância e influência na construção da mentalidade latino-americana.  Ou seja, chegando aqui com o objetivo principal de expandir a fé, os colonizadores ibéricos forjaram uma mentalidade que atrelou mentalidade nacionalista nos povos latino-americanos com o ser fiel católico.
Vozes discordantes surgiram desde o princípio do movimento colonizador clamando para que este projeto revestido de cristianismo espiritual, mas que na verdade estava profundamente imiscuído de um espírito explorador, não fosse predominante e que no Novo Mundo, um novo cristianismo livre dos vícios e pecados do cristianismo europeu podesse ser implantado na América Latina.
A compreensão dessa histórica da relação entre a fé e a cidadania na América Latina, hoje desafia-nos então a construirmos uma relação saudável entre estas duas instituições necessárias a existência humana e que, desta relação, possa-se se criar condições de vida mais dignas para toda população ao mesmo tempo tão diversa e tão fiel.

2 comentários:

  1. Saudações. Precisamos de representação de qualidade, com razoabilidade e inteligência perante o Estado. Acho que o grande público não entende bem o pensamento do cristão brasileiro. As vozes mais populares de hoje são vistas como radicais, e perdemos espaço para o radicalismo. Abraço.

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    1. Oi Renato. Realmente como igreja, uma instituição presente na sociedade, precisamos ter voz ativa para marcar nossas posições, e assim fazer a luz do evangelho influenciar o Brasil.
      Abs

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