sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

MUDARAM O LUGAR DO PONTO




Na última sexta-feira, indo para casa, precisei tomar um ônibus aqui em Aracaju.  Depois de muita espera, alguns ônibus que passaram sem parar e de certa confusão descobrimos, eu e outros que também esperavam, descobrimos que o ponto onde o coletivo deveria parar já não era mais ali: haviam mudado o lugar do ponto e ninguém ali tinha sido avisado.
Não quero aqui discutir sobre o direito – e até dever – dos agentes públicos organizarem e normatizarem os espaços urbanos de modo a promover o bem comum e o melhor convívio possível em sociedade.  Esta discussão sócio-política, embora também seja do nosso interesse como cidadão desta terra, não será aqui o mote de minha reflexão.
Passei o fim-de-semana ocupado nas atividades eclesiásticas (e como isso me revigora a alma e o corpo!), mas sempre me veio à mente o episódio, e paralelo a ele o texto de Dt 19:14 – "não mudem os pontos antigos...".  Sim, eu sei também que o texto bíblico fala especificamente das divisas e fronteiras territoriais e da necessidade de respeitar as marcas e referências deixadas pelos antigos.
Tendo misturado todos este conceitos e ruminado neles, quase que de modo automático tais reflexões respingam na igreja e no conceito que tenho dela.  Embora o conteúdo central de nossa proclamação seja o evangelho – a boa novidade – mas nossa fé tem que estar alicerçada nos pontos e marcas deixadas pelos antigos.
Penso em duas ênfases bíblicas e elas se misturam: por um lado cremos que o Deus dos nossos pais é o mesmo que adoramos ainda hoje, por outro este Deus se fez história ao se encarnar.  Da mesma forma minha fé, pregação, doutrina e práticas eclesiásticas devem ser reflexo deste Deus que é imutável – pois se revelou desde o tempo dos nossos pais – e histórico – pois entra na nossa história e a atualiza.
Sei que há muitos que em nome da novidade mudaram o lugar do ponto, abandonaram as referências antigas e não mais consideram a rica herança que temos no depositário cristão.  Mas em nome do que creio ser uma fé cristã e biblicamente embasada rejeito-os a todos e declaro reafirmando minha submissão ao Deus dos meus antepassados, mas que se fez história (e continua fazendo na vida igreja): Meu cristianismo não nasceu nesta geração!

(Texto publicado originalmente em 07/12/2009 –http://ibsolnascente.blogspot.com.br)


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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

DO PERDÃO




Logo em continuidade à Oração do Pai-Nosso – e de certo modo abrindo um parêntesis – Jesus amplia a questão da reciprocidade do perdão: “... se perdoarem uns aos outros” (Mt 6:14-15).  Em primeiro lugar é preciso reafirmar o que foi dito na última reflexão: Não é que o Mestre condiciona um ao outro: o perdão divino é gratuito.
E este é exatamente o ponto de partida para toda a reflexão sobre o perdão.  Paulo diz que por merecimento eu deveria receber a morte mas, de graça, me foi dado o perdão (em Rm 8:23).  A essência da mensagem cristã é a graça imerecida que foi outorgada por Deus em Cristo Jesus.  Isto traz duas implicações básicas: primeiro que não há nada que esteja fora do alcance da ação perdoadora de Cristo e segundo que não há como falar em retribuição ou pagamento de natureza alguma no perdão divino.
A aceitação – pela fé – deste perdão incondicional e não merecido nos apresenta o outro ponto da reflexão: Jesus disse para dar de graça o que de graça recebo (Mt 10:8).  Esta é a reciprocidade que o texto fala.  Há uma implicação necessária ao discipulado radical que é a extensão do perdão recebido.  Não mereço ser perdoado, mas Cristo de graça apagou minha dívida diante de Deus.  É baseado neste perdão – e como resposta de gratidão a ele – que devo oferecer também, de graça, o perdão ao meu irmão.  Esta é a verdadeira reciprocidade do discípulo de Cristo.
Jesus diz que o Pai Celeste tem perdão para outorgar de graça, mas exige que eu, como retribuição, também de graça perdoe.  Isto é discipulado, não opção!  E só assim poderei desfrutar toda a extensão das bênçãos advindas do perdão do Mestre.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

PALAVRA PASTORAL


Às vezes é bom rever alguns conceitos e reflexões.  Trazendo-os novamente à memória não somente realimentamos nossa alma com verdades que podem ter ficado esquecidas no emaranhado da vida, como também podemos extrair novas lições de velhos conceitos.   Assim trago hoje uma reflexão que foi escrita para a capa do boletim de nossa igreja em 01/08/2004.  Ela foi baseada em Isaías 43:1-13.  E a imagem aí não é da época.  A foto foi tirada por John Santana durante a celebração da primeira Ceia do Senhor em 2013 no templo da PIBA.
 
O texto parece uma declaração apaixonada que o Senhor dá sobre ele mesmo e sobre o seu povo.  Vejamos os destaques:
No verso 11 Deus diz: “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador”.  Aqui temos a afirmação da absoluta exclusividade de nosso Senhor.  Sempre é proveitoso reafirmar que o nosso Deus é único e não divide sua glória com ninguém.  Toda a Bíblia clama pela singularidade de Deus.  Só há adoração e culto quando há o reconhecimento de que nosso Deus – com o seu Filho e o Santo Espírito – é único.
Desta compreensão da exclusividade divina advém então a observação de nosso papel como seres humanos dentre a obra criada.  É o próprio Deus quem afirma que estamos entre os que “criei para minha glória, e que formei, e fiz” (v. 7).  Em primeiro lugar, não resta dúvida que somos apenas criação de Deus e tudo o que somos deve estar subordinado a esta certeza.  Mas o texto é claro quando aponta o objetivo da criação:  fomos criados para a exclusiva glória de Deus, e debaixo desta ordenação, todos os planos humanos devem sucumbir.  Fomos criados e existimos somente para a glorificação de Deus!
Não nos esqueçamos que tudo o que somos só terá alcançado os verdadeiros propósitos se forem para a glória de Deus.  Aleluia!

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

DO PAI-NOSSO


A Oração do Pai-Nosso, ou Oração Dominical (Mt 6:9-13), não é apenas uma das mais conhecidas passagens da piedade ensinada pelo Mestre aos seus discípulos, é também um modelo de devoção para ser aprendida, repetida e experimentada na vida diária do discipulado.  Com certeza, a riqueza das palavras de Jesus são inestimáveis e delas quero tirar algumas lições, olhando-as como em paralelo.
A Oração é dirigida ao Pai.  Esta invocação expressa intimidade e amor filial do discípulo que ora em relação ao Deus que recebe a oração.  O Pai é um Deus Todo-Poderoso que habita os céus em sua glória.  Paralelamente Jesus ensina a suplicar para que venha o Reino: melhor do que me levar até onde Deus está, devo pedir que o próprio Senhor venha com seu Reino e domínio sobre a minha vida e existência. 
O segundo paralelismo é entre o perdão que espero receber pelos meus próprios pecados (dívidas) e aquele que eu ofereço aos meus semelhantes.  Não é que o Mestre condiciona um ao outro: o perdão divino é gratuito.  Mas aqui mais uma vez está demonstrada a lei da reciprocidade tão cara ao discipulado: se espero – e preciso – receber o perdão pela minha dívida contraída para com Deus, tenho que estar disposto a perdoar na mesma medida aqueles que me têm ofendido.
Um último paralelo a se destacar é sobre o maligno: ele está à espreita me tentando e corro sempre o risco de sucumbir, por isso preciso da ajuda divina para vencer a tentação.  Ao lado desta segurança no momento da tentação, preciso que o próprio maligno seja afastado de minha vida com sua influência negativa.
Assim posso concluir minha oração como o brado de exaltação: Pois teu é o reino, o poder, e a glória para sempre.  Amém!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

E JÁ SE VÃO CEM ANOS...


Chegamos a 2013. Imaginei este ano muito durante a minha infância. Sabia que a minha igreja aqui em Aracaju – a PIBA – estaria completando 100 anos e eu ficava imaginando como seria o mundo e como eu mesmo estaria quando chegasse aqui. Chegamos. Não que esteja frustrado, pelo contrário, mas com certeza é bastante diferente daquilo que supunha.
Aqui, agora, eu me proponho o caminho inverso: chegando a 1913. Há cem anos. O que aquele ano trouxe?
Em 1913 o Brasil era presidido pelo gaúcho Hermes da Fonseca, seu oitavo presidente e sobrinho do Marechal Deodoro. Sergipe governado por Siqueira de Menezes e Aracaju administrado por Aristides Napoleão de Carvalho.
Olhando para Convenção Batista Brasileira, a sua 7ª Assembléia reunida naquele ano voltou a cidade de Salvador, sendo presidida pelo Pr. Joaquim F. Lessa e tendo como orador oficial o pastor americano D.L. Hamilton.
Se for considerar a minha própria família, o meu avô Apolônio de Seixas Nogueira completou 26 anos de idade lá em Corrente, no Piauí em 1913 (acho que da perspectiva dele, Aracaju era coisa de outro mundo!).
O ano de 1913 aconteceu. O mundo ainda buscando se reconstruir depois das crises econômicas e da guerra da década anterior acompanhava os esforços finais para a construção do Canal do Panamá (inaugurado pelos EUA em outubro daquele ano). O Brasil homologou a divisão oficial do seu fuso horário em quatro faixas. E o governador de Sergipe tentou emplacar seu nome ao tradicional Bairro Industrial da capital, fato que foi rejeitado pela população (e pelo jeito esta esquisitice aracajuana de autoridade mudar nome de logradouro e o povo desconsiderar não é novidade!).
E se o caso for olhar para as vizinhanças da data centenária: 19/09/1913 foi uma sexta-feira de lua cheia e pouco depois (dia 30) testemunhou-se um eclipse solar. Naquela semana, O Jornal Baptista (Ano XIII – no. 38) trazia sua principal manchete: Um novo templo Baptista – em Jundiahy E. de S. Paulo (a reprodução está ali na imagem conforme achei no portal batistas.org e guardo aqui a grafia da época).
É claro que não lembro pessoalmente de nada disso – só nasci mais de cinco décadas depois – mas, meia horinha fuçando na internet é fácil achar isso tudo.
Hoje eu digo: e já se vão cem anos...