Continuando a tirar e saborear bagos na jaca do Espírito chegamos ao quinto elemento da relação apresentada por Paulo aos Gálatas: a amabilidade – ou na versão tradicional de Almeida: benignidade. Com este bago chegamos àquela área em que os bagos naturalmente se misturam. Mas isso não é estranho. Quem já comeu jaca colocando a própria mão na fruta sabe que sempre há aqueles bagos que se ligam tanto uns aos outros que não se mostra possível particularizá-los. Tudo bem: a gente os come assim mesmo!
Assim acontece com a amabilidade que é fruto do Espírito. Talvez não seja possível identificar individualmente seus traços e limites, mas com certeza ele poderá ser percebido quando ligado a outros bagos. Amor e paciência que já degustamos e bondade e mansidão que ainda nos aguardam nunca se desgrudam da benignidade e nem é fácil demarcar seus limites.
Bem, vamos tentar destrinchar um pouco o bago da amabilidade. Antes, só relembrando: este é um fruto do Espírito que é processado espiritualmente em minha vida – desculpe a redundância, mas não tive como evitá-la. Ele não é resultado de cultura ou educação e não se trata apenas de um jeito social de ser. É algo que só acontece quando estou impregnado pelo Espírito.
O bago da jaca do Espírito caracterizado como amabilidade é a disposição do servo de Cristo em se portar de modo dócil, cordato e afável entre as pessoas – e isto vem do coração. É um modo de viver e tratar as pessoas que as faz serem especiais (veja como é significativo o texto que antecede o hino cristológico em Fp 2:1-4).
É aqui também interessante lembrar que quem encarna tal amabilidade sabe que a verdade não é desculpa para a grosseria e nunca se esquece que a língua pode matar e dar a vida (veja Pv 18:21), logo, tem cuidado em dominar as suas palavras (veja ainda Tg 1:26).
Na mesma linha de raciocínio, outro aspecto do bago da benignidade é que ela me faz gentil, educado, cavalheiro. Impregnado e influenciado ao extremo pelo Espírito em minha vida sou necessariamente levado a ter atitudes de agradável trato social. E é claro que tais procedimentos tornam-se padrão em minha vida (considere Fp 1:27).
Convém frisar que imbuído de amabilidade, nos pequenos gestos e atitudes do convívio humano estou sempre impulsionado a tratar bem a todos (o texto de Gl 6:10 é tradicional). Iniciativas como respeitar cabelos brancos, apoiar os com necessidades especiais, estender as mãos com sinceridades e, indicar rotas certas e seguras são apenas alguns exemplos do que se pode fazer. Além de um sorriso espontâneo que sempre é bem vindo.
O Espírito que age em mim faz produzir frutos muito gostosos, e um deles com certeza é a amabilidade na interação com os outros. Que este seja o meu padrão.