Alguns
biblistas afirmam que depois da reforma do rei Josias (século VII a.C.) seria
difícil que em tão pouco tempo o povo de Israel chegasse a tal ponto de
degradação moral e espiritual como foi condenado pelo profeta Ezequiel. Esses estudiosos querem dizer que a situação
está pintada com cores fortes pelo profeta.
Mas há um outro lado. A intenção de Josias foi bem mais política
que espiritual. O rei pretendia, com a
reforma, levar efeito uma espécie de rebelião contra o domínio político da
Assíria através da influência religiosa sobre a população. Não é de estranhar, portanto que logo após a
morte do rei Josias o povo voltasse às práticas pagãs eliminadas na reforma do
rei Josias.
O capítulo 16 do Livro de Ezequiel é um dos que
conta, com uma maestria poética, todo o relato da infidelidade de Israel. Depois de uma rápida narração da origem de
Jerusalém, o profeta relatou o que estava se passando com Israel utilizando-se
de um simbolismo conjugal.
Comprometido com os cultos pagãos, principalmente
a Baal devido à influência das nações vizinhas, o culto no templo e o
sacerdócio judaico estavam exercendo simplesmente uma função ritualista, longe
dos propósitos espirituais do culto a Javé.
A aliança com os outros povos influenciara tanto a vida coletiva que o
povo judeu se deixara seduzir religiosamente e em troca passara a dar
presentes a todos os seus amantes (fraseado de Ez 16:33).
Mas Jerusalém caiu em 597 a.C.
Palácios, jardins, templos, fortificações faziam
da cidade da Babilônia a mais nobre e a senhora do mundo do seu tempo.
Quanto ao povo no exílio, lendo o Livro de
Ezequiel, visualizamos os judeus nas margens do rio Quebar (um canal artificial
para irrigação a partir das águas do rio Eufrates). Ali eles foram agrupados em diferentes pontos
e tinham relativa liberdade. Assim, na
Babilônia, eles seriam exilados e não cativos, logo, a pressão sobre o povo seria
mais psicológica e social que física.
Porém os exilados não contavam com pregador ou profeta
algum durante os cinco primeiros anos, pois Ezequiel só começaria suas funções
proféticas no ano 593 a.C.
Abundaram então os falsos profetas e, na concepção
popular, tudo levava a crer que o deus Marduque havia vencido Javé. Assim a religião dos caldeus passou a exercer
uma influência fortíssima sobre a dos judeus.
Foi para estas condições que Deus levantou um
profeta com credenciais sacerdotais: Ezequiel.
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