quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

DEUS LEVANTOU UM PROFETA

 

Alguns biblistas afirmam que depois da reforma do rei Josias (século VII a.C.) seria difícil que em tão pouco tempo o povo de Israel chegasse a tal ponto de degradação moral e espiritual como foi condenado pelo profeta Ezequiel.  Esses estudiosos querem dizer que a situação está pintada com cores fortes pelo profeta.

Mas há um outro lado.  A intenção de Josias foi bem mais política que espiritual.  O rei pretendia, com a reforma, levar efeito uma espécie de rebelião contra o domínio político da Assíria através da influência religiosa sobre a população.  Não é de estranhar, portanto que logo após a morte do rei Josias o povo voltasse às práticas pagãs eliminadas na reforma do rei Josias.

O capítulo 16 do Livro de Ezequiel é um dos que conta, com uma maestria poética, todo o relato da infidelidade de Israel.  Depois de uma rápida narração da origem de Jerusalém, o profeta relatou o que estava se passando com Israel utilizando-se de um simbolismo conjugal. 

Comprometido com os cultos pagãos, principalmente a Baal devido à influência das nações vizinhas, o culto no templo e o sacerdócio judaico estavam exercendo simplesmente uma função ritualista, longe dos propósitos espirituais do culto a Javé.  A aliança com os outros povos influenciara tanto a vida coletiva que o povo judeu se deixara seduzir religiosamente e em troca passara a dar presentes a todos os seus amantes (fraseado de Ez 16:33).

Mas Jerusalém caiu em 597 a.C. 

Palácios, jardins, templos, fortificações faziam da cidade da Babilônia a mais nobre e a senhora do mundo do seu tempo.

Quanto ao povo no exílio, lendo o Livro de Ezequiel, visualizamos os judeus nas margens do rio Quebar (um canal artificial para irrigação a partir das águas do rio Eufrates).  Ali eles foram agrupados em diferentes pontos e tinham relativa liberdade.  Assim, na Babilônia, eles seriam exilados e não cativos, logo, a pressão sobre o povo seria mais psicológica e social que física. 

Porém os exilados não contavam com pregador ou profeta algum durante os cinco primeiros anos, pois Ezequiel só começaria suas funções proféticas no ano 593 a.C. 

Abundaram então os falsos profetas e, na concepção popular, tudo levava a crer que o deus Marduque havia vencido Javé.  Assim a religião dos caldeus passou a exercer uma influência fortíssima sobre a dos judeus. 

Foi para estas condições que Deus levantou um profeta com credenciais sacerdotais: Ezequiel.

 

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