Os primeiros manuscritos do texto bíblico surgiram na região que hoje conhecemos como Oriente Médio. Eles eram escritos em uma língua de origem semítica. Essa é a origem do nosso Antigo Testamento em Hebraico (há ainda alguns pequenos trechos em Aramaico – uma língua irmã).
Já quanto ao Novo Testamento, ele foi todo escrito inicialmente em Grego – na variante que ficou conhecida como Koiné.
O que essas línguas têm em comum?
Do ponto linguístico quase nada!
Os textos também não foram escritos nessas línguas porque elas eram sagradas ou místicas. Era apenas a fala comum do povo. Se o texto era para ser lido e conhecido por todos, então que estivesse em seu sotaque materno e costumeiro!
A igreja primitiva conheceu os textos sagrados nessas línguas – seus membros falavam assim no dia-a-dia. Mas aos poucos a igreja foi se expandindo para lugares e povos que conversavam em outros idiomas, então surgiu a necessidade de que os mesmos textos sagrados continuassem sendo entendidos. Era preciso traduzi-los.
No centro do Império Romano o povo falava Latim e surgiu a necessidade a ter todo o texto acessível. A tarefa de tradução foi incumbida a Jerônimo de Estridão que no início do século V entregou a sua Vulgata Versio, isto é "versão de divulgação para o povo".
Essa versão do texto bíblico foi escrita num latim vulgar e cotidiano, diferente dos textos clássicos de Cícero e outros eruditos.
Era para ser lido e compreendido por todo o povo.
E fez mais. Além de traduzir diretamente do hebraico e grego os textos considerados sagrados e canônicos pelos cristãos, Jerônimo, como teólogo, acrescentou alguns comentários de sua autoria e prólogos críticos ao texto. Ele também traduziu os que conhecemos como deuterocanônicos e os incluiu numa edição posterior, seguindo uma tradição latina antiga.
Curioso ainda é o caso do Livros dos Salmos que Jerônimo traduziu em colunas paralelas a partir das versões: 1. Em hebraico (Iuxta Hebraicum Translatus) e 2. Em grego (Iuxta Septuaginta Emendatus).
A versão de Jerônimo se consolidou e se tornou popular no uso comum do povo, até que no século XVI o Concílio de Trento a tornou o texto oficial da Igreja Católica Romana.
E finalmente, já no século XX, o Concílio Vaticano II autorizou uma revisão no texto para um melhor uso nas liturgias católicas.
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