O
texto que tomo como base para esta reflexão é Gn 3:8 – Ouvindo
o homem e sua mulher os passos do Senhor que andava pelo jardim
quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor
Deus entre as árvores do jardim.
A
lição aprendida com o primeiro casal deve ser o ponto de partida
para toda nossa compreensão da adoração e do culto hoje.
A
essência do relacionamento entre a divindade e a humanidade que
encontro demonstrada nas narrativas do paraíso não está na forma
ou estrutura cultual – lá não existe liturgia ou sacerdócio. O
primordial que é destacado está no encontro.
Veja
o que posso então aprender em relação a nossa adoração a partir
desta compreensão bíblica.
Primeiramente
que na intenção original de Deus ao criar os seres humanos está a
glorificação do próprio Senhor (leia Is 43:7). E isto era o que
acontecia com regularidade no Éden. Antes do pecado não havia
necessidade de intermediários entre o Criador e as suas criaturas,
logo a glória divina podia ser contemplada e exaltada diretamente.
Aqui
destaco o encontro. Toda a adoração e culto que o ser humano
presta ao Deus verdadeiro deve se iniciar com um encontro real entre
eles.
Lembre-se
de que Jesus veio para se encontrar com os que eram seus, mas como
isso não aconteceu, a possibilidade de encontro foi ampliada para
quem quisesse recebê-lo (este é o sentido de Jo 1:11-13).
Sendo
criados exclusivamente para a glória de Deus, homens e mulheres só
voltarão a experimentar das delícias do paraíso com a companhia
divina. Sem um encontro com Deus não há adoração e não há
culto. Disto todos sentimos falta enquanto vivemos esta vida
natural, e isto o culto tem que proporcionar: um encontro verdadeiro
com o Deus verdadeiro.
Em
segundo lugar aprendo que no meio do jardim o homem e sua mulher
detectaram a presença de Deus de forma bem nítida e clara (é
verdade que depois do pecado esta percepção tornou-se assustadora
para o casal). Deus demonstra que também tem prazer no encontro
como suas criaturas. Ao colocar sua imagem no ser humano ele indica
que pretende se relacionar de maneira mais direta com eles – daí a
busca pelo encontro.
Deus
sempre procura suas criaturas prediletas, mesmo que estas estejam
escondidas (como fez na parábola da ovelha perdida em Lc 15:1-7). E
mais, nesta busca pelo encontro, o Senhor dar-se a conhecer,
mostra-se perceptível, deixa clara sua intenção de encontrar-se
com o primeiro casal.
Assim
a adoração e o culto devem ser uma resposta a esta iniciativa do
Senhor em buscar o encontro. Adoramos e cultuamos quando percebemos
claramente quem é o Deus que com a sua voz, naquele lugar e momento
nos chama ao encontro com ele mesmo; e percebendo desta forma,
respondemos a ele.
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