sexta-feira, 21 de setembro de 2018

APRENDENDO COM O PRIMEIRO CASAL


O texto que tomo como base para esta reflexão é Gn 3:8 – Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim.
A lição aprendida com o primeiro casal deve ser o ponto de partida para toda nossa compreensão da adoração e do culto hoje.
A essência do relacionamento entre a divindade e a humanidade que encontro demonstrada nas narrativas do paraíso não está na forma ou estrutura cultual – lá não existe liturgia ou sacerdócio. O primordial que é destacado está no encontro.
Veja o que posso então aprender em relação a nossa adoração a partir desta compreensão bíblica.
Primeiramente que na intenção original de Deus ao criar os seres humanos está a glorificação do próprio Senhor (leia Is 43:7). E isto era o que acontecia com regularidade no Éden. Antes do pecado não havia necessidade de intermediários entre o Criador e as suas criaturas, logo a glória divina podia ser contemplada e exaltada diretamente.
Aqui destaco o encontro. Toda a adoração e culto que o ser humano presta ao Deus verdadeiro deve se iniciar com um encontro real entre eles.
Lembre-se de que Jesus veio para se encontrar com os que eram seus, mas como isso não aconteceu, a possibilidade de encontro foi ampliada para quem quisesse recebê-lo (este é o sentido de Jo 1:11-13).
Sendo criados exclusivamente para a glória de Deus, homens e mulheres só voltarão a experimentar das delícias do paraíso com a companhia divina. Sem um encontro com Deus não há adoração e não há culto. Disto todos sentimos falta enquanto vivemos esta vida natural, e isto o culto tem que proporcionar: um encontro verdadeiro com o Deus verdadeiro.
Em segundo lugar aprendo que no meio do jardim o homem e sua mulher detectaram a presença de Deus de forma bem nítida e clara (é verdade que depois do pecado esta percepção tornou-se assustadora para o casal). Deus demonstra que também tem prazer no encontro como suas criaturas. Ao colocar sua imagem no ser humano ele indica que pretende se relacionar de maneira mais direta com eles – daí a busca pelo encontro.
Deus sempre procura suas criaturas prediletas, mesmo que estas estejam escondidas (como fez na parábola da ovelha perdida em Lc 15:1-7). E mais, nesta busca pelo encontro, o Senhor dar-se a conhecer, mostra-se perceptível, deixa clara sua intenção de encontrar-se com o primeiro casal.
Assim a adoração e o culto devem ser uma resposta a esta iniciativa do Senhor em buscar o encontro. Adoramos e cultuamos quando percebemos claramente quem é o Deus que com a sua voz, naquele lugar e momento nos chama ao encontro com ele mesmo; e percebendo desta forma, respondemos a ele.

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