Uma das últimas
palavras proferidas por Jesus na cruz foi: Tenho
sede!
(Jo 19:28). Mais que uma simples exclamação de um moribundo, a
expressão na boca do Mestre naquele momento demonstra muito para nós
– os seus seguidores – sobre quem era aquele homem e o que estava
fazendo ali.
O próprio
evangelista observa no verso citado que aquela exclamação foi feita
para se cumprir a Escritura. O brado de Jesus na cruz nos diz
claramente que o sacrifício ali executado era a cumprimento do
propósito eterno de Deus. Lá no Éden diante do primeiro casal o
Senhor havia prometido que o
descendente
da mulher feriria a cabeça da serpente (confirme em Gn 3:14).
Deus planejou
cuidadosamente o resgate do ser humano e no tempo apropriado Cristo
cumpriu o plano divino (veja Gl 4:4). Naquela na cruz Jesus
estampava que a Palavra de Deus sempre se cumpre – o próprio
Mestre declarou em Mt 24:35.
O grito de
Jesus na cruz também mostra que ali na cruz estava não apenas a
divindade encarnada, mas também um ser humano completo. Sabemos que
para o sacrifício savífico para ser válido teria que ser executado
por um homem. Ao dizer que tinha sede, Jesus estava deixando bem
claro que era na condição de homem que assumia a maldição do
madeiro.
Sobre isso é
bom citar as palavras encontradas em Hebreus ao observar que Jesus se
apresentou como o sumo-sacerdote que pode demonstrar compaixão por
ter sido em tudo testado como ser humano, mas apenas sem pecado (leia
em Hb 4:15).
Finalmente, ao
ouvir Jesus exclamando desta forma no Calvário compreendemos até
que ponto ele teve de se sacrificar para se apresentar como o
salvador. Paulo escrevendo aos filipenses fala que Jesus esvaziou-se
de todo o direito que lhe cabia como Deus para viver como servo e
morrer na mais humilhante condição (é o hino cristológico de Fl
2:6-11).
Mas graças a
Deus que quando trazemos a memória os eventos da cruz sabemos que a
história da cruz não acaba na sede. Voltando a Paulo, ele afirma
que, depois de tudo, o Filho unigênito de Deus venceu o último
adversário e foi exaltado acima de todo nome (compare ainda com 1Co
15:54).
Assim,
contemplemos a Jesus na cruz. E enquanto o ouvimos exclamar sua sede
na certeza de que ali está o completamente Deus e o completamente
homem saibamos: foi com sua obra e sacrifício que ele nos resgatou e
que por isso devemos louvá-lo sempre. Para a glória de Deus.
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