sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

OBEDIÊNCIA VOLUNTÁRIA – 2ª parte

Voltando à reflexão sobre a liberdade de escolha que nos é dada pela graça, e as implicações dela, sou levado ao questionamento óbvio: se sou livre de modo absoluto, então nada me impede de viver como quiser? Posso me submeter exclusivamente às minhas vontades e caprichos? Posso me entregar a uma vida desregrada? Posso viver e deixar a vida me levar de qualquer jeito? 
Em resposta a estes questionamentos, Paulo propõe se deter um pouco mais no tema – o que precisa ser aqui considerado (acompanhe em Rm 6:15).
Sim, é verdade que pela liberdade que me vem da graça sou livre para fazer qualquer escolha, mas como as consequências e implicações das minhas escolhas são inevitáveis, então o certo é usar do meu direito de fazer escolhas sempre de maneira sábia e coerente.
E para completar, Paulo ainda observa que mesmo já estando livres do domínio da lei e vivendo pela graça ainda nos restam impulsos carnais que insistem em bagunçar nossa capacidade de escolher.
A cerca dos impulsos carnais dos quais leio em Rm 6:19, creio que a expressão na língua original usada pelo apóstolo pode bem ser traduzida com fraqueza ou doença.  Tais impulsos são instintos ou inclinações que naturalmente não são ruins, mas que, por estarem infectados ainda pelo pecado, tornam-se perniciosos.  Deixe-me dar três exemplos simples que ajudam a entender o que o texto está nos dizendo.
Primeiro.  A fome é um instinto básico de todo ser vivo – inclusive de nós humanos.  Mas quando o "olho é maior que a boca" chamamos isso de gula – que é pecado.  E acrescente-se diabetes, hipertensão e outros males que são agravados por uma alimentação inadequada.
Outro.  O descanso é necessário.  Ninguém vive em estado de alerta eterno.  Só que alguns agem de maneira inconsequente quanto ao descanso – isto é preguiça – que também é pecado e insensatez.
E ainda outro.  A intimidade sexual faz parte do conjunto das bênçãos com as quais Deus dotou o primeiro casal ainda no Éden.  É, contudo, desnecessário listar a quantidade de variações em que este instinto básico e benéfico tem assumido, obscurecendo o corpo e alma humana.
Assim, acompanhando o raciocínio apostólico devo concordar com a absoluta liberdade advinda da graça.  Mas também não é possível deixar de considerar que nesta liberdade tenho a opção de escolher os caminhos que percorrerei na minha vida, porém, uma vez tendo escolhido o caminho, não posso mudar o destino que ele me conduz. 
Ora, e se acrescentar a realidade que todas as minhas escolhas ainda estão terrivelmente influenciadas pelas inclinações carnais que insistem em perambular pelos corredores de minha alma, então não tenho com descuidar do modo consciente e responsável que minha liberdade tem para fazer escolhas.

Leia mais sobre Obediência Voluntária: 1ª parte, 2ª parte, 3ª parte

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