Na quarta-feira, 13 de janeiro de
1965, tomava posse na Primeira Igreja Batista de Aracaju o Pastor Jabes
Nogueira. Era apenas um recém-formado no
Seminário, casado e com uma filha de dois meses, com pouca – ou quase nenhuma –
experiência efetiva de pastoreio, vindo lá do interior do Piauí.
Pelo que nos contam os que
testemunharam aquele momento, considerando a história eclesiástica e as
demandas que se apresentavam, aquele jovem – tinha menos de 30 anos – não
parecia apresentar as credenciais necessárias para a tarefa.
Mas Deus não pensava assim. Sem dúvida, ele foi trazido pelo Senhor da
igreja para assumir a liderança do rebanho.
E por isso foi ficando. Agora,
passados cinqüenta anos, os resultados e bênçãos podem dar testemunho.
Ele pastoreou, pregou, visitou,
evangelizou e acompanhou; celebrou casamentos e batismos; apresentou crianças e
as viu crescer. Depois celebrou o
casamento das gerações seguintes e o ciclo continuou. E de uma centenas de almas há cinqüenta anos,
vemos hoje mais de milhares espalhadas por aí.
Mas, deixe-me voltar um
pouco. Eu nasci pouco depois. Sou filho deste homem. Não foi sorte. Foi providência e bênção que o Senhor
reservou para mim. E ao longo dos anos
poucas vezes o vi apresentando um tratado teórico sobre o pastoreio ou
argumentando explicações. Mas foi isso
que ele fez: pastoreou na prática.
Hoje sou pastor e quando
celebramos os cinqüenta anos de sua chegada a Aracaju quero aproveitar para
apontar algumas marcas que ele deixou impregnada em seu ministério e que me
servem como paradigma. Sei que teria
mais a dizer, mas vou fazer apenas alguns destaques.
Primeira – Bíblia. Meu pai sempre amou,
leu, estudou, ocupou-se, tomou como padrão e buscou compreender e viver este
livro. Por seus registros, foram setenta
e tantas vezes as leituras completas enquanto a vista lhe permitiu. E ainda hoje, com a ajuda dos novos recursos
eletrônicos, ele a ouve sistematicamente.
O Salmo primeiro se aplica a ele.
Segunda – púlpito. Nos tempos de maior
pujança, ele chegava a pregar mais de dez ou quinze sermões por semana (muitos
deles ainda tem o esboço arquivado – obra de minha mãe). O púlpito para meu pai era sagrado: nunca
cedeu à tentação de transformá-lo em palanque ou a reduzi-lo a questiúnculas
pessoais. Ali Deus falaria, e ele era
apenas o canal. Sem dúvida ele levou a
sério o conselho paulino de 2Tm 4:2.
Terceira – atenção. A capacidade que
meu pai sempre teve de lembrar dos nomes, histórias, situações e até graus de
parentesco de todas e cada uma de seus ovelhas não só era notório como
invejável. Ele sempre amou e acompanhou
de perto seu rebanho, pastoreando de verdade.
E se quiser um exemplo prático do conselho de Pv 27:23, veja o
ministério deste homem.
Quarta – postura. Aqui é difícil
definir. Talvez caráter ou
dignidade. Ele se deu ao respeito e
honrou o cargo e função a que foi alçado pelo próprio Cristo. Não se tratava de arrogância ou petulância. Foi a santa altivez daqueles que se sabem
ocupados em grande obra. Eu vi encarnadas
em meu pai as palavras de 1Tm 4:12.
E por aí vai...
Sei que ainda tenho que ralar
muito o joelho no chão se quiser pelo menos seguir seus passos. Mas agora, é imperioso pelo menos louvar ao
Grande Deus pelos cinqüenta anos que meu pai pastoreou a nossa igreja. Aleluia!
Quanto a foto lá em cima, ela não é da posse. Se não me engano foi tirada lá nos primeiros
anos da década de 1970 – mas a escolhi para ilustrar este texto porque as
primeiras lembranças que tenho de meu pai no púlpito remetem àquele móvel e a
pose reflete bem seu estilo. Quanto ao
título, omiti deliberadamente o nome da Igreja para dar ênfase à cidade: mais
que apenas uma igreja local, meu pai pastoreou Aracaju e tenho como referências
as palavras ditas a Ezequiel: "ouçam ou não, Aracaju saberá que um profeta
esteve aqui" (Ez 2:5).
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