Num
texto recente (leia aqui), eu fiz referência à opinião de um dos meus
professores sobre o poeta baiano Gregório de Matos (1636-1696) como o maior
poeta brasileiro – seguido do mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Sem querer entrar no mérito da questão, mas recolhendo a genial arte de Gregório com as palavras, vou citar aqui um poema onde ele
destila um pouco de seu espírito crítico-religioso, que o levou a receber o
apelido de boca do inferno. Deguste:
AO BRAÇO DO MENINO
JESUS QUANDO APARECIDO
O todo sem a parte não
é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.
Em todo o Sacramento
está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.
O braço de Jesus não
seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte
deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.
Nos disse as partes todas deste todo.
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