terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O BRAÇO DO MENINO JESUS

Num texto recente (leia aqui), eu fiz referência à opinião de um dos meus professores sobre o poeta baiano Gregório de Matos (1636-1696) como o maior poeta brasileiro – seguido do mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).  Sem querer entrar no mérito da questão, mas recolhendo a genial arte de Gregório com as palavras, vou citar aqui um poema onde ele destila um pouco de seu espírito crítico-religioso, que o levou a receber o apelido de boca do inferno.  Deguste:

 

AO BRAÇO DO MENINO JESUS QUANDO APARECIDO

 

O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.

Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.

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