terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Hermenêutica e epistemologia

Em seu julgamento de Jesus, Pilatos lhe perguntou: Quid est veritas? (Que é a verdade?)  Pergunta esta que mereceu um silêncio por parte de Jesus.  Naquele contexto uma definição de verdade talvez escapasse a objetivos filosóficos ou teológicos.  Ou talvez o quarto evangelista desejasse remontar às palavras do próprio Jesus pouco antes, quando disse: eu sou ... a verdade (Jo 14:6).  Mas o fato nos chama a atenção: um conceito de verdade pode ter muitos vieses, e cada um deles com suas implicações e desdobramentos, cabendo a um hermeneuta a escolha.
Considerando a Hermenêutica como a atividade humana que busca interpretar a realidade e assim fornecer subsídios para que este ser humano possa se achegar à verdade e dela usufruir a consistência; então dependendo de como for minha Hermenêutica, assim poderei vislumbrar a verdade.  Nesta relação há uma sujeito analista/intérprete e um objeto/interpretado e dependendo de quais critérios sejam estabelecidos, a interpretação caminhará em um ou outro sentido e, logicamente, a verdade que daí brotará, trará as feições destes critérios.  Se compreendo a Hermenêutica como uma atividade objetiva, terei uma verdade objetiva.  Se por outro lado, a Hermenêutica configura-se como subjetiva, a verdade ser-me-á subjetiva.
O trabalho objetivo de buscar e interpretar a realidade e estabelecer a verdade conduzirá a se fazer ciência.  Cujo critério de validação é exatamente a possibilidade de o objeto ser captado objetivamente, sem qualquer interferência do sujeito que busca conhecê-lo.  A verdade está aí, disposta no mundo, como o estão os objetos dados a serem investigados, cabe apenas ao investigador ser capaz de fazer as perguntas certas e ouvir os dados que lhes são apresentados.  Neste caso a verdade conhecida independe de quem a conhece, é sempre imutável e, mesmo que possa ser questionada por diferentes pesquisadores, sempre apresentar-se-á como uma verdade dada.
Por outro lado, como se propõe a fazer a Hermenêutica de cunho religioso, o método a ser adotado será o de uma investigação subjetiva, onde o sujeito interpretador influenciará na pesquisa, já que suas premissas pessoais acabam sendo projetadas para o objeto de pesquisa e, consequentemente, para a verdade que dela emanará.  A verdade não está no objeto e por isto não cabe simplesmente procurar lá. A verdade está essencialmente no ser humano que projeta seus valores e anseios para a realidade, procurando dar-lhe significado, mesmo que isto implique numa negação da realidade objetiva e uma projeção de desejos que serão divinamente revelados e mediados.
Pensando nos termos de L. Feuerbach: “A verdade é um sonho do espírito humano”.  E este sonho continuará a instigar o ser humano a conhecer-lhe sua verdadeira face.  Ou como ciência, ou como religião a verdade acompanhará o ser humano apontando-lhe possibilidades e revelando-lhe a realidade.

2 comentários:

  1. A paz irmão Jabes gostei muito do seu blog estou te seguindo no g+ e seguindo o seu blog vou deixar os meus links aqui se quiser me seguir, e se quiser fazer parceria deixe um comentario.

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    1. Querido em Cristo, que bom que gostou do Escrevinhando. Ele é feito para a glória de Deus e edificação dos irmãos.
      Dei uma olhada nas suas páginas, parecem bem interessantes. Já os adicionei e sempre que possível darei uma lida.
      Abs.

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