sexta-feira, 15 de agosto de 2014

COM O QUARTO HOMEM

Numa relação mais completa dos herois da fé no AT devem constar os três amigos de Daniel: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (em seus nomes babilônicos).  Além de eles terem participado com Daniel da dieta de fé (citado em Dn 1:8-16), eles aparecem como personagens principais do episódio da imagem de ouro de Nabucodonosor que resultou na condenação à fornalha ardente.
Segundo o relato bíblico, a cena começa com o rei mandando fazer uma imagem sua com mais de vinte metros de altura e ordenando que todos deveriam adorá-la.  Como os três jovens foram denunciados pelo descumprimento da lei, receberam a sentença.  Aqui começa o prodígio de Deus: Nabucodonosor olhou e viu não três, mas quatro homens andando livremente entre as chamas.
Diante desta narração, devo perguntar não quem era este quarto homem (deixo isso para o campo das especulações), mas o que fazer para ter tal companhia quando eu estiver também tendo que enfrentar a fornalha sete vezes mais aquecida (foi assim descrita em Dn 3:19).  Para responder isto, basta observar a postura dos amigos do profeta.
O primeiro destaque a fazer é que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego decidiram – e executaram a decisão – não se dobrar diante da imagem (veja Dn 3:8 e 12).  Só quem se mantém firme diante da tentação dos ídolos é que pode experimentar a companhia do quarto homem.
Sei que hoje não temos mais governantes que nos imponham leis idólatras (segundo a constituição brasileira somos um país sem religião oficial), mas somos tentados a prestar reverência a outros deuses – o culto ao corpo; o culto à prosperidade; o culto à fama; o culto ao ego; o culto ao conforto entre outros – e todos eles nos impedem daquela companhia (lembre-se que esta também foi a tentação que o diabo lançou sobre Jesus em Mt 4:8-10).
Os três jovens também demonstraram conhecer de verdade o Deus a quem serviam (leia em Dn 3:15-17).  Mais uma vez, só quem tem experiências com Deus pode ter a ousadia de enfrentar o rei pois sabe que o Senhor o livrará.
É verdade que nunca houve uma geração com mais acesso a informações que esta nossa.  Mas isso não quer dizer que vivenciamos do contato com o divino e o sagrado em nossas vidas.  Hoje se sabe à distância, porém falta proximidade e convicção para não ceder, e isto é indispensável para a companhia inusitada (compare com a experiência de Jó em 42:5 e Paulo em 2Tm 1:12).
Em terceiro lugar, aqueles rapazes estavam dispostos a assumir as responsabilidades e consequências de sua fé e suas decisões (leia mais em Dn 3:18 – e penso que aqui está o ponto forte).  Ainda, só quem se dispõe a ser fiel até a morte sabe o que é ter o quarto homem caminhando no meio da fornalha.
Observo que a portabilidade tão em voga nos dias de hoje também tem chegado à nossa fé e às nossas convicções.  Desta forma, abre-se mão muito facilmente de verdades e compromissos para dar lugar a uma proposta religiosa mais confortável – e até parece natural! – porém é certo que tal atitude não atrai o quarto homem (cito Ap 2:10, porém ainda é bom ler Lc 9:61).
Devo concluir esta reflexão mais uma vez enfatizando que somente quando o quarto homem observa na minha vida a atitude – e não somente o discurso – de adoração exclusiva, de conhecimento profundo e de disposição completa é que ele chegará para me fazer companhia no meio da fornalha.  E certamente ele o fará para a glória de Deus.

(Texto retirado do sítio ibsolnascente.blogpsot.com em 05/fev/2010)

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