Numa
relação mais completa dos herois da fé no AT devem constar os três amigos de
Daniel: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (em seus nomes babilônicos). Além
de eles terem participado com Daniel da dieta de fé (citado em Dn 1:8-16), eles
aparecem como personagens principais do episódio da imagem de ouro de
Nabucodonosor que resultou na condenação à fornalha ardente.
Segundo
o relato bíblico, a cena começa com o rei mandando fazer uma imagem sua com
mais de vinte metros de altura e ordenando que todos deveriam adorá-la.
Como os três jovens foram denunciados pelo descumprimento da lei, receberam a
sentença. Aqui começa o prodígio de Deus: Nabucodonosor olhou e viu não
três, mas quatro homens andando livremente entre as chamas.
Diante
desta narração, devo perguntar não quem era este quarto homem (deixo isso para
o campo das especulações), mas o que fazer para ter tal companhia quando eu
estiver também tendo que enfrentar a fornalha sete vezes mais aquecida (foi
assim descrita em Dn 3:19). Para responder isto, basta observar a postura
dos amigos do profeta.
O
primeiro destaque a fazer é que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego decidiram – e
executaram a decisão – não se dobrar diante da imagem (veja Dn 3:8 e 12).
Só quem se mantém firme diante da tentação dos ídolos é que pode experimentar a
companhia do quarto homem.
Sei que
hoje não temos mais governantes que nos imponham leis idólatras (segundo a
constituição brasileira somos um país sem religião oficial), mas somos tentados
a prestar reverência a outros deuses – o culto ao corpo; o culto à
prosperidade; o culto à fama; o culto ao ego; o culto ao conforto entre outros
– e todos eles nos impedem daquela companhia (lembre-se que esta também foi a
tentação que o diabo lançou sobre Jesus em Mt 4:8-10).
Os três
jovens também demonstraram conhecer de verdade o Deus a quem serviam (leia em
Dn 3:15-17). Mais uma vez, só quem tem experiências com Deus pode ter a
ousadia de enfrentar o rei pois sabe que o Senhor o livrará.
É
verdade que nunca houve uma geração com mais acesso a informações que esta
nossa. Mas isso não quer dizer que vivenciamos do contato com o divino e
o sagrado em nossas vidas. Hoje se sabe à distância, porém falta
proximidade e convicção para não ceder, e isto é indispensável para a companhia
inusitada (compare com a experiência de Jó em 42:5 e Paulo em 2Tm 1:12).
Em
terceiro lugar, aqueles rapazes estavam dispostos a assumir as responsabilidades
e consequências de sua fé e suas decisões (leia mais em Dn 3:18 – e penso que
aqui está o ponto forte). Ainda, só quem se dispõe a ser fiel até a morte
sabe o que é ter o quarto homem caminhando no meio da fornalha.
Observo
que a portabilidade tão em voga nos dias de hoje também tem chegado à nossa fé
e às nossas convicções. Desta forma, abre-se mão muito facilmente de
verdades e compromissos para dar lugar a uma proposta religiosa mais
confortável – e até parece natural! – porém é certo que tal atitude não atrai o
quarto homem (cito Ap 2:10, porém ainda é bom ler Lc 9:61).
Devo
concluir esta reflexão mais uma vez enfatizando que somente quando o quarto
homem observa na minha vida a atitude – e não somente o discurso – de adoração
exclusiva, de conhecimento profundo e de disposição completa é que ele chegará
para me fazer companhia no meio da fornalha. E certamente ele o fará para
a glória de Deus.
(Texto retirado do sítio
ibsolnascente.blogpsot.com em 05/fev/2010)
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