sexta-feira, 9 de novembro de 2012

CARGA TORTA



Na tarefa de observar o mundo em minha volta e procurar refleti-lo a partir de um olhar bíblico-cristão sempre se há de encontrar pontes entre o cotidiano e a revelação (não é novidade que faço isso por vocação e com alegria, então nunca é curioso demais perceber que com um pouco de criatividade teológica tais pontes se sobressaem na névoa das ideias fluentes).
Um dia destes, voltando a Aracaju, avistei um caminhão transportando uma carga completamente torta (a foto está aí do lado para comprovar o flagrante).  Quem viaja pelas estradas de nosso Brasil sabe que é possível se ver de tudo por estes caminhos.
A viagem naturalmente continuou.  Os olhos se deixavam percorrer as paisagens e a mente (esta maravilhosa dádiva do Criador) foi-se vasculhando fragmentos de conceitos e textos por vezes colocados na estante do intelecto mas que precisam ser retocados com frequência para continuaram vivos.
E a imagem foi se compondo: aquela carga torta muito bem poderia me representar.  Viajando na estrada da vida não é raro me sentir empenado com o peso que carrego.  Mas, por que isto acontece?  Como resolver isso para continuar a caminhada?  Bem, aí depende...
Não parei para vistoriar o caminhão e a sua carga torta, mas não é difícil deduzir que pelo menos uma ou duas causas provocaram aquela situação.  E se olhar direito, também estas causas me deixam bem torto na minha jornada.
A primeira hipótese é que a carga do caminhão excedesse o total suportado pela máquina e suspensão – ou que estivesse pelo menos mal arrumada em cima da carroceria.  Todo veículo é projetado para funcionar até um limite.  Além daí a coisa entorta.  Talvez fosse o caso...
Minha vida também foi projetada para ter um limite de peso e por vezes o stress, a ansiedade, a agenda lotada, os dramas e traumas acumulados sobrecarregam minha alma e ela entorta.  Viver assim é um risco.  Então eu me lembro do Cristo que me convida a trocar minha carga torta e pesada pela sua suave e leve (a citação é de Mt 11:28-30, mas outros textos podem ser lembrados como 1Pe 5:7 e Mt 6:31).
Mas o problema do caminhão poderia não ser apenas de excesso de peso.  Não se deve descartar a possibilidade de uma falha estrutural ou mecânica.  Aí a situação ficaria mais séria.  Quando há uma quebra na suspensão, qualquer carga, até o peso na própria estrutura deixa todo o caminhão torto.  Neste caso é preciso parar para consertar...
Continuo me enxergando na situação.  Quando minhas decisões e vida forçam minha estrutura, ela se rompe (às vezes de maneira disfarçada como um pecado camuflado).  Também aqui a situação fica mais séria, pois quebrado por dentro tenho que ir a oficina para consertar o que quebrou.  E com a alma estragada vou a oficina divina na confiança de que ele mesmo haverá de fazer novas todas as coisas (promessa de Ap 21:5 – mas considere também 2Co 5:17).
Sei que não dá para prosseguir na viagem da vida com a carga torta, por isso recorro com confiança sempre àquele como comigo viaja até o dia da glória (não se esqueça de Mt 28:20) para poder continuar. 
E você, como vai levando sua carga?

4 comentários:

  1. Muito bom! O SENHOR FALOU MUITO ATRAVÉS DESSA REFLEXÃO!!!!!!! É hora de reavaliar o que estou de fato carregando. Certa vez um velho amigo hippie me disse: Brother, as vezes o caminho de Deus vai se estreitando a tal ponto que você vai, aos poucos, jogando pra trás toda sua bagagem até que se depare com um túnel tão estreito que, para atravessá-lo, terá que ficar completamente nu, despojado de todo seu eu. Abração.

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    1. Boa ilustração do seu amigo hippie. A vida cristã nos faz passar por lugares assim. E isso só nos enriquecem.
      Um abraço

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