Sinto
que fiquei devendo algo sobre o episódio de Davi dançando quando
pesquisei sobre a dança de Miriam (reveja aqui).
Então vai um pouco do que descubro quando estudo o texto.
A
citação é de 2Sm 6:14-16 e é interessante observar o contexto em
que é narrado o acontecido. Davi, ao assumir o reinado de Israel e
conquistar Jerusalém a transformando em sua capital, entendeu que
deveria trazer a Arca da Aliança para a cidade e assim legitimar o
seu trono. Depois de contratempos, de idas e vindas, a Arca
finalmente chega à cidade e Davi estava comemorando.
Entendido
o contexto, permita-me ainda uma olhada na palavra usada no texto
bíblico para descrever a atitude do rei. A palavra no original é
מכרכר
(mkrkr
– de כרר
– krr)
que só aparece neste texto no hebraico do Antigo Testamento. A
expressão pode ser traduzida como "saltar e dançar em círculo"
e sua origem está ligada à descrição do ritual das cabras
monteses que ficam pulando e rodopiando.
Acho
que esta explicação linguística já basta. Já deu para entender.
Assim, vou propor uma parábola que pode ajudar a entender a dança
de Davi. Como toda parábola, não se detenha nos detalhes da
narrativa, apenas foque no principal.
Imagine
seu time do coração.
Depois
de um campeonato complicado, finalmente consegue avançar e chega às
finais. Com certeza será um jogo duro e a possibilidade de derrota
é grande.
A
expectativa nos dias que antecedem ao grande jogo lhe consome.
Adrenalina, ansiedade. Não se fala em outra coisa. Será que vai
dar?
Chega
o dia do jogo e você vai ao estádio se juntar a outros milhares de
torcedores para apoiar e se preparar para a vitória – talvez até
inesperada pelos críticos e comentaristas objetivos, mas desejada e
incentivada pelos hinchas
(essa gíria de uruguaios e portenhos cabe bem aqui!).
O
jogo começa e vai se desenrolando – minuto a minuto – parece uma
eternidade. Um gol somente e a alegria será completa. Mas o zero
não sai do placar.
A
torcida grita, incentiva, cobra, faz sua parte; mas nada…
Bola
pra lá – bola pra cá – e o tempo passando. A tensão só
aumenta.
O
chute vai na trave. O goleiro tira em cima da linha. As chances dos
dois lados se revesam.
Quem
vai levar? Como vou aguentar?
Uuuuuu!!!!
essa foi por pouco!
O
primeiro tempo já foi – ainda tem o segundo.
A
bola volta a rolar mas o sofrimento não termina. Com o andar do
relógio, só aumenta.
E
nada de gol.
Bola
pra lá – bola pra cá – e o tempo passando.
15
/ 25 / 35 / 45 minutos.
A
última bola. Sobra no lateral que chuta pra frente alcançando o
atacante. O último contra-ataque.
Cruzando
os ponteiros, um chute certeiro – perfeito – inacreditável. A
bola no ângulo, o goleiro se estica todo, ainda topa na bola. Mas a
pelota entra estufando a rede.
Fim
da tormenta. É CAMPEÃO!!!!
Você
no meio da galera nem sabe o que fazer, tinha até sonhado e
planejado aquele momento com cuidado várias vezes. Mas ali só
cabe, gritar, pular, vibrar, rodopiar como uma cabra montesa. A
alegria não pode ser contida.
Sempre
penso que foi assim com Davi. A Arca ia na frente e ele pulando,
saltando, rodando, gritando, celebrando, vibrando, comemorando
(faltam gerúndios!).
– A
Arca da Aliança chegava triunfante a Jerusalém.
Mas
sempre tem uma Mical que fica de longe só mandando meme com a
hashtag
#vergonha_alheia. E daí.
Sabe
o que Davi postou de volta?
– Foi
diante do Senhor que eu dancei. Fica na sua. Foi por ele que
celebrei. Oh glória!!! (#2Sm6:21).
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