O
texto bíblico nos diz que no 4º ano do reinado de Ezequias, o 7º
de Oséias em Israel, Senaqueribe, o rei da Assíria marchou contra
Samaria e a cercou (2Rs 18:9). Após três anos de batalha, o
exército assírio conquistou Samaria e levou cativo o reino do norte
– Israel. Este foi o fim das dez tribos do norte como nação
constituída. E isto aconteceu, ainda segundo o relato bíblico,
porque os israelitas não obedeceram ao Senhor,
o seu Deus, mas violaram a aliança (2Rs 18:12).
Seguindo
a sua gana de poder, Senaqueribe seguiu guerreando e conquistando até
chegar às portas de Jerusalém, cercando-a e intimidando o povo e
sua liderança. Antes, porém, de a história começar a virar,
Ezequias cometeu um erro estratégico – observe que a Bíblia não
esconde os erros dos seus heróis: ele fraquejou e entregou tesouros
sagrados ao conquistador, minando a resistência e aumentando o
ímpeto assírio.
Com
a cidade cercada e os suprimentos se acabando, Senaqueribe mandou
mensageiros para desafiar o povo. A liderança de Jerusalém ainda
tentou uma última estratégia pedindo que a troca de mensagens fosse
feita em aramaico – a língua dos opressores – e não em hebraico
(2Rs 18:26). Tentavam com isso diluir o constrangimento causado pela
situação. Veja até que ponto pode chegar os servos de Deus quando
apenas confiam em suas forças!
Mas
nada disso deu resultado e o rei da Assíria questionou:
Digam
isto a Ezequias: “Assim
diz o grande rei, o rei da
Assíria:
‘Em que você baseia
sua confiança? Você pensa que
meras
palavras já são
estratégia e poderio militar.
Em quem
você está confiando
para se rebelar contra mim?’”
(2Rs
18:19-20)
Senaqueribe
tinha consciência de seu poderio bélico e sabia que naquele momento
nenhum exército de nação alguma da Terra poderia enfrentá-lo e
vencê-lo, nem o Egito: aquele caniço quebrado (2Rs 18:21).
O
relato das vitórias assírias era realmente assustador e o
mensageiro de Senaqueribe insistia em que as palavras do rei Ezequias
eram um engano e portanto o Senhor não livraria Jerusalém e a
cidade seria entregue nas mãos dos inimigos (2Rs 18:30). Uma
batalha de contornos épicos estava se formando e uma vitória
arrasadora das tropas de Senaqueribe seria perfeitamente previsível
– se olhássemos apenas sob a ótica militar.
Mas
eis que a história começou a mudar:
Ao
ouvir o relato, o rei Ezequias
rasgou as suas vestes, pôs
roupas
de luto e entrou no
templo do Senhor.
(2Rs
19:1)
A
oração que lemos nesta passagem é uma das mais sinceras e
profundas de toda a Bíblia. Em atitude de humildade perante o
Senhor, o rei colocou diante de Deus as cartas de Senaqueribe e
reconheceu que a maior ofensa não era contra o rei, mas sim contra o
próprio Deus vivo (leia toda a oração em 2Rs 19:15-19 e aprenda um
modelo de prece que toca o Senhor e faz mudar a história).
Deus
então entrou com providência enviando o profeta Isaias com a
resposta a oração do rei.
Ele
não entrará nesta cidade
(...) Eu defenderei esta cidade
e
a salvarei por amor de mim e
por amor de Davi meu servo!
(Is
37:33-35 e 2Rs 19:32-34)
A
história bíblica narra que o próprio Senhor naquela mesma noite
entrou no acampamento das tropas assírias, matou mais de cem mil
homens e fez o exército debandar, voltando para Nínive, conforme a
profecia.
A
resposta ao desafio de Senaqueribe foi dada pelo Senhor que foi
desafiado. Diferentemente dos outros povos que foram conquistados
pela Assíria, Judá e o seu rei basearam sua confiança no Senhor e
dele veio a vitória.