sexta-feira, 29 de abril de 2016

POR QUE AINDA ESTUDO A BÍBLIA?

Depois de todo este tempo em que tenho me ocupado em ler, examinar, debruçar, analisar, investigar o texto bíblico, muita verdade e muita beleza têm se descortinado diante de mim.  Então, depois de todo este tempo, por que ainda estudo a Bíblia?
Permita-me lhe apontar algumas respostas.
Um.  Porque ainda não aprendi tudo.  Apesar de todo o conhecimento, todo o ensinamento  que possa ter adquirido, sempre há algo novo a se perceber.  O texto nunca se esgota.  Toda vez que vou às paginas sagradas elas se mostram para mim com uma faceta surpreendentemente nova, rica de verdades e detalhes.
Dois.  Porque ainda está atualizada.  É verdade que foi escrita há mais de dois milênios, mas as linhas sagradas continuam novas e atuais.  Nem o último noticiário na TV ou a mais recente atualização da web traz informações tão novas quanto a Bíblia.  A Palavra de Deus continua à frente deste tempo e ao ler sempre tem algo inovador a apresentar.
Três. Porque ainda é um texto relevante.  Além de atualizada, a Bíblia continua relevante para minha vida e para meus afazeres.  Não se trata de assunto ultrapassado e que não traga mais importância na minha agenda de temas a comentar.  Tudo o que nela está contido é interessantíssimo para que possa ser falado e comentado.
Quatro.  Porque ainda apresenta a melhor proposta social.  Num mundo que insiste em beirar o caos, que jaz no maligno, que caminha à desintegração a passos largos, a Bíblia ainda é o porto seguro, a indicação confiável para a completa e perfeita reestruturação social.  Seguir seus preceitos é ter a garantia de que um mundo novo está por vir.
Cinco.  Porque ainda tem muita beleza para me deslumbrar.  Os sentidos humanos nunca se cansam com o belo.  Olhos continuam maravilhados com profusão de cores.  Ouvidos continuam extasiados com prodigalidade de sons.  Há toques, aromas, sabores.  E a Bíblia continua transbordando exuberante beleza.
Seis.  Porque ainda dá sentido à minha existência.  Independente da era, da geografia, da topografia social ou do anel no dedo; a alma humana tem suas brechas ou crateras existenciais que reivindicam sempre por serem preenchidas (ah! O velho Agostinho tinha uma maneira tão poética de dizer isso!).  E é na Bíblia que continuo encontrando este sentido.
E sete. Porque Deus ainda se revela através de suas palavras.  O Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra, Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, o Espírito Santo é absolutamente transcendente.  Mas o Eterno se fez história, deu-se a conhecer, revelou-se.  E continua a nos falar na Bíblia Sagrada.
E por isso eu ainda estudo a Bíblia.

terça-feira, 26 de abril de 2016

RELIGIÃO NO NOVO TESTAMENTO

Durante estes anos escrevendo regularmente, tive a oportunidade de interagir com irmãos e amigos – conhecidos ou não – que me trouxeram alguns questionamentos sobre diversos temas.  A cada um procurei responder, compartilhando um pouco do que aprendi ou estudei e me oferecendo em contribuir com o crescimento de cada um.
Um dos temas mais frequentes foi sobre a RELIGIÃO em si e como ela é citada nas paginas do Novo Testamento.  Em resumo, os principais termos no texto do NT são:

=> θρησκεία (threskeia) – no Léxico Grego: religião, culto.  Aparece somente em At 26:5; Cl 2:18 e Tg 1:26-27.  Aqui o sentido é religião enquanto sistema de culto, ritual ou liturgia; a forma exterior da manifestação religiosa. 
=> δεισιδαιμονία (deisidaimonia) – no Léxico Grego: religião.  Encontramos apenas em At 25:19 e um derivado em At 17:22.  O sentido mais provável seria superstição ou crença simples no sobrenatural.
=> δουλεύω (douleuo) – literalmente no Léxico Grego: servir, ser escravo, estar sujeito a.  Esta forma verbal, e seus derivados, aparece diversas vezes no texto do NT grego, tanto no sentido original (exemplo: Jo 8:33), como indicando serviço religioso (exemplo: Lc 16:13).
=> διδασκαλία (didaskalia) – também de sentido geral no Léxico Grego: ensino, instrução.  Neste sentido pode ser encontrado, mas não é comum.  Em geral o termo no NT grego tem a ver com ensino e compreensão (aceitação) correta das verdades espirituais.  Como é o caso de 1Tm 3:10 e 2Tm 3:16.
=> προσκυνέω (proskyneo) – o verbo prostrar-se, adorar, reverenciar e seu substantivo correlato προσκυνητής (proskynetes) – adorador (nesta forma só aprece em Jo 4:23).  Este é o termo mais abundante no NT grego sobre o tema (de Mt 2:2 a Ap 19:4).  Sempre alinha o conceito de culto ao ato de se submeter ou curvar-se perante o Ser Supremo.


sexta-feira, 22 de abril de 2016

O CULTO COMO MEMORIAL

... façam isto em memória de mim.
(1Co 11:24)
Os cristãos se reúnem, e fazem destas reuniões cultos.  Cultos estes que podem ser caracterizados de várias formas, entre elas: o Culto como memorial.  Deus nos criou com a capacidade de lembrar – logo isto também é divino – e no culto o fazemos de maneira litúrgica e sagrada.
Enquanto celebramos a Cristo no culto, trazemos à memória todas as suas ações de graça e poder na história.  Deus tem agido e se manifestado na história humana e na nossa própria história.  O culto dá-nos a oportunidade de celebrar estes feitos divinos.  No baú da adoração os feitos antigos são trazidos novamente à lembrança para que sejam mais uma vez agradecidos e louvados e para que nos inspirem a continuar na caminhada em busca de coisas novas que o mesmo Deus poderá trazer neste baú.  
No memorial do culto os cristãos revivem a experiência do sagrado fazendo-a viva e relevante nas vidas e histórias particulares.  Relembramos Cristo, suas palavras, ações e sacrifício, durante o culto para que eles possam mais uma vez serem reais e significativos no nosso dia-a-dia.  Relembrando podemos extrair o eterno do transitório, fazendo com que a vida toda faça sentido em Cristo.
E aqui, sem dúvida, a experiência da Ceia do Senhor celebrada em comunidade cristã como um memorial dos eventos pascais é um ponto alto entre todas as celebrações cúlticas.  Celebrando Cristo que passou e venceu a cruz, celebramos a nossa vitória cotidiana sobre a morte e o caos.
Façamos deste culto memorial a nossa celebração cristã que traz vida.
(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

terça-feira, 19 de abril de 2016

Línguas de homens e de anjos

Estas perguntas me são feitas com frequência no trabalho pastoral.  Então resolvi apresentar respostas bíblicas para alguns questionamentos sinceros sobre o Dom de Línguas.  E antes que perguntem, a expressão língua de anjos é exclusiva do texto poético de 1Co 13.


n       Posso pedir ou escolher o dom?
– 1Co 12:31 / 1Co 14:1
n       Há hierarquia nos dons?
– 1Co 14:5
n       Os dons são perenes?
– Rm 11:29
n       Por que nosso povo tem medo do dom de línguas?
– Mt 22:29
n       O que é o dom de línguas?
– 1Co 14:2
n       Todo dom de línguas é igual?
– 1Co 12:10
n       O dom de línguas é evidência de batismo no Espírito Santo?
– Mt 3:11 / At 2:38 / At 19:4-6
n       Quem não fala em línguas tem o Espírito Santo?
– 1Co 12:8-11
n       Como funciona o dom de línguas para o crente?
– 1Co 14:4
n       E num culto público?
– 1Co 14:26-28
n       Existe um “gatilho” que desencadeia o dom de línguas?
– 1Co 12:6
n       Posso controlar o dom de línguas?
– 1Co 14:19 / 1Co 14:28
n       A quem o crente se dirige enquanto fala em línguas?
– 1Co 14:2
n       Qual o objetivo do dom de línguas?
– 1Co 12:7 / 1Co 14:4 / 1Co 14:26
n       Só se fala em línguas durante a oração?
– 1Co 14:15-16
n       O Inimigo entende línguas espirituais?
– Ef 6:18
n       Quem fala em línguas sempre entende o que diz?
– 1Co 14:13-14
n       O dom de línguas é para todo crente?
– 1Co 12:29-30
n       É possível aprender a falar em línguas?
– 1Co 14:14
n       Quem fala em línguas deixa de ser batista?
– 1Co 14:39
n       Dom de línguas é sinal de maturidade espiritual?
– 1Co 14:12 / 1Co 14:18-20

sexta-feira, 15 de abril de 2016

OS PLANOS DE DEUS

O profeta Jeremias, que ficou conhecido como o profeta chorão por ter lamentado, no final de seu ministério, pela destruição de Jerusalém, não pode ter seu nome apenas associado a este contexto.  É dele também uma carta escrita aos exilados judeus na Babilônia na qual critica os pessimistas e apresenta os projetos de Deus para a nação que, por ter sido pecaminosa, foi severamente castigada pelo Senhor, mas que não deveria por isso abandonar a sua fé (leia toda a carta em Jr 29:4-23).
Da carta do profeta queria hoje chamar a atenção apenas ao verso 11 para destacar aquilo que o Senhor tem guardado para os seus, mesmo que em tempos de exílio e purgação.
Em primeiro lugar vamos lembrar que como os judeus nós também não somos deste lugar (Pedro ressalta que somos apenas estrangeiros e peregrinos em 1Pe 2:11).  Mas como afirma Jeremias ainda assim não podemos desprezar esta vida e os compromissos que ela nos traz (no contexto aponto ainda as palavras de Mardoqueu em Et 4:14).
Nesta situação, o que Deus tem planejado para nós?  A resposta aponta em duas direções.
No presente, o plano de Deus é de paz, saúde e conforto.  A palavra usada no original hebraico traz exatamente este conceito: o que Deus deseja para os seus filhos é uma condição de vida digna e tranqüila.  Mesmo vivendo em meio a aflições (leia Jo 16:33), mas é preciso ficar bem claro que este não é o plano de Deus para o seu povo.  Deus tem sempre algo melhor.
Assim entendo que as palavras de Jesus soam para nós como uma garantia para a vida presente: Deixo-vos a paz (Jo 14:27).  E o Mestre é explícito quando declara que a paz dele não se compara com a do mundo; por isso não deve haver sequer névoa de temor em nossos corações. 
Ele é a nossa paz, declarou o apóstolo Paulo em Ef 2:14.  E o reconheço como plano de Deus para o tempo presente.
Em relação ao futuro, Jeremias se refere à esperança.  Embora não possamos ver agora como se dará a transformação da história, mas a promessa e garantia que temos é que nada do que vemos hoje permanecerá eternamente (aqui os textos bíblicos são abundantes, leia por exemplo Rm 8:18; Hb 13:14 e Ap 21:5).  Repito então: Deus tem sempre o melhor.
O apóstolo João mais uma vez nos conta que Jesus prometeu muitas moradas que já estão prontas na Casa do Pai e que, com certeza, Ele virá em glória para nos levar para as moradas eternas (delicie-se com Jo 14).  Mesmo sabendo que é necessário construir aqui uma vida saudável, não podemos perder de vista o nosso destino celestial.
Friso que entre os títulos que Paulo dá a Jesus está que ele é a esperança nossa em 1Tm 1:1 e é nesta esperança que nos apoiamos.
Para concluir, apenas voltando ao profeta no cativeiro, com ele afirmo que é o próprio Deus quem tem determinado este presente e o futuro que está reservado para a igreja. 
Vivamos de acordo com ele, para a glória dele.


terça-feira, 12 de abril de 2016

O PROTESTANTISMO BRASILEIRO – Uma classificação teológica

Qualquer observação, por mais superficial e desinteressada que seja há de constatar que não há uma homogeneidade completa entre grupos cristãos não-católicos brasileiros, os quais aqui chamamos simplesmente de protestantes.  Suas múltiplas origens sociocultural e histórico-teológico não permitiriam tal homogeneidade, contudo se pode notar que há traços característicos que perpassam todos os grupos e que se mostram como bons referenciais teóricos para se compreender como se configuram as diversas tonalidades do protestantismo brasileiro.
Teologicamente, talvez a melhor classificação unificadora dos diversos grupos protestantes brasileiros seja: tradicionais e pentecostais, ambos com suas ramificações internas.  Observemos que nesta classificação inicial, os grupos protestantes de migração não se configuram como um grupo em separado mas, quando não se apresentam apenas como distintivo étnico,  este protestantismo de migração no Brasil pode ser enquadrado na classificação acima.
O protestantismo de missão que chegou ao Brasil em meados do século XIX é herdeiro direto dos movimento avivalistas americanos.  Antônio Gouvêa Mendonça observa que “sob o ponto de vista formal, congregacionais, presbiterianos, metodistas e batistas, transplantaram para o Brasil o protestantismo típico norte-americano”, ou seja: se por um lado mantiveram a estrutura eclesiológica original, por outro, continua Mendonça: “a relativa uniformidade teológica dos 'avivamentos' e da 'era metodista' do protestantismo americano foi mantida”.  Além destes grupos citados que se mostram como os grandes representantes da ala chamada de protestantismo tradicional brasileiro, outros grupos de protestantes de migração acabaram adotando a mesma teologia e práticas.  Passados estes anos de implantação do protestantismo de missão no Brasil esta relativa unidade teológica dos grupos que compõem o principal substrato do protestantismo tradicional permanece com pouquíssimas variações, de modo que a análise atual não difere muito da original destes grupos.
Quanto a sua teologia, o protestantismo tido como tradicional no Brasil, já na sua herança e mais ainda hoje, é nitidamente arminiano – mesmo os grupos de origem calvinista mais forte como os presbiterianos e batistas – enfatizando tanto a ação divina no ser humano, mas principalmente a resposta deste à palavra divina.  A soteriologia baseia-se na resposta consciente do indivíduo a um chamado emocional que ocorre no momento da conversão, fazendo dele uma nova criatura.  Convém ressaltar que o protestantismo tradicional brasileiro, mantendo-se fiel às suas origens reformadas, que advogam uma fé racionalizada, e origens avivalistas, que propagam a experiência mística como selo da fé, vem alternando entre uma e outra ênfase na tentativa de equacioná-las, porém sem nunca se imiscuir inteiramente no contexto brasileiro.
Do outro lado, os pentecostais que mesmo sendo bem mais recentes, só chegaram já no século XX, apresentaram um crescimento tão vertiginoso e uma singularidade teológica e litúrgica que merecem a classificação em separado dentro do protestantismo brasileiro.  Mas o pentecostalismo brasileiro não é de todo um movimento uniforme e aqui podemos subdividi-lo em dois grupos distintos que chamaremos de pentecostalismo original, ou primitivo, e neopentecostalismo, ou pós-pentecostalismo,  para seguir a sugestão de Paulo Siepeirski.
Seguindo a indicação proposta por R.G. Rodrigues, as origens pentecostais já estavam embutidas nos próprios movimentos avivalistas norte-americanos, daí que as ênfases teológicas serem no geral as mesmas encontradas no protestantismo tradicional no Brasil.  As principais diferenças entre ambos, segundo listou Luiz Sayão, é que os pentecostais – carismáticos na sua linguagem – pregam que “só é possível ter uma vida cristã plena depois de se receber o batismo no Espírito Santo” e que, “ao contrário das igrejas tradicionais, os novos grupos acreditam estar praticando constantemente os chamados dons carismáticos”, e ressaltamos aqui principalmente o falar em línguas, ou glossolalia.  Outras diferenças são apresentadas porém com menor grau de importância.
Os grupos pós-pentecostais por sua vez, vão diferenciar basicamente em dois pontos da Teologia do pentecostalismo original.  Quanto a Escatologia, que abandonarão a visão pré-milenarista, presente tanto no protestantismo histórico como no pentecostalismo primitivo, para adotarem uma postura eminentemente pós-milenarista.  E quanto a cosmologia que vão aprofundar a visão maniqueista do mundo e consequentemente vão compreender como sendo papel exclusivo da igreja e do cristão se alistar e lutar ao lado de Deus (do bem), contra as forças do diabo (do mal).  Como conseqüência disto, observa-se que sendo que tudo de bom provém de Deus e tudo de mal do diabo, então retira-se a responsabilidade pessoal do cristão, enfatizada pelo protestantismo avivalista, para se fazer da vida cristã uma busca de manifestações divinas ou diabólicas para ao lado delas, ou contra elas lutar – interessante também e digno de nota é a postura política dos grupos pós-pentecostais: bem mais agressiva que qualquer outro grupo não-católico.
Ainda quanto à classificação teológica do protestantismo brasileiro, convém ressaltar dois pontos: hoje em dia o fluxo de pessoas que trocam de comunidade, ou que, mesmo mantendo-se filiadas a um determinado grupo, freqüentam reuniões de outros grupos, é bastante significativo fazendo com que as distinções doutrinárias já não mais respeitem os limites institucionais, ou seja, nota-se a presença de aspectos teológicos tipicamente tradicionais em grupos tidos como pentecostais e vice-versa.  O outro ponto é que também podem ser observadas outras posturas teológicas como: fundamentalistas ortodoxos; calvinistas; progressistas; entre outros, porém em menor número e com menor peso político-teológico na vida e estruturas da igrejas protestantes no Brasil.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

EU TE VI

No princípio do ministério terreno de Jesus, ele saiu pela Galileia a chamar pessoas para serem seus discípulos.  Encontrando Filipe em Betsaida, Jesus o chamou e este logo repassou o convite a Natanael.  Depois de uma hesitação inicial e tendo sido confrontado com o próprio Mestre, Natanael decidiu por segui-lo (leia a narração em Jo 1:43-51).
O que me chama a atenção nesta passagem é que Jesus foi categórico: Eu o vi debaixo da figueira (citação do verso 48).  A partir desta afirmação de Jesus, vou me permitir hoje, uma certa liberdade para extrapolar o contexto da frase.   Desta forma, posso compreender que assim como Natanael, Jesus me alcança com a sua visão, seja qual for a minha posição.
Jesus viu Natanael debaixo da figueira.  Mesmo sem detalhes no texto, é fácil compreender que a sombra daquela árvore seria um lugar acolhedor para um descanso.  Da mesma forma, Jesus hoje me percebe em meu lugar de conforto e comodidade.  Quando estou relaxado e recostado em minha sombra (física ou existencial) Jesus me confronta com o desafio.
Na Bíblia sempre foi assim: Abraão deveria deixar a casa do Pai (em Gn 12:1); Ezequiel o aconchego da esposa (em Ez 24:15-18) e Pedro a estabilidade financeira das redes de pesca (em Mt 4:18-20).
Também Jesus diz que viu Natanael antes de Filipe lhe falar.  Jesus já havia percebido aquele homem parado ali.  Talvez eu possa entender que Filipe o encontrou sem muita perspectiva do que fazer.  Assim posso afirmar que Jesus me vê quando a preguiça, a inércia e o desânimo dominam minha vida e percebe que é preciso tomar atitude.
Voltando a Bíblia, da mesma forma: Moisés precisava deixar da casa do sogro (em Êx 3:16); Elias a segurança da caverna (em 1Rs 19:9); e Jonas o porão do navio (em Jn 1:5).
Indo além, Jesus viu o questionamento de Natanael sobre Nazaré.  Aquele homem foi extremamente preconceituoso e a Jesus esta atitude não passou despercebida.  Natanael era sincero, mas precisava mudar.  Hoje sou confrontado com minhas ideias pequenas e incrédulas que não conseguem aceitar a manifestação de Deus onde ela aconteça.
Outros exemplos bíblicos são: Saul diante do oferecimento de Davi para enfrentar Golias (em 1Sm 17:33); o sacerdote Amazias contra o profeta Amós (em Am 7:12-13); e Pedro mesmo diante da visão (em At 10:13-15).
Onde estou, sou visto por Jesus, e é exatamente a partir deste lugar que ele me chama e me convoca para fazer parte do seu grupo seleto – para o discipulado.  E eu, quando aceito o chamado e o desafio da missão então tenho meus olhos também abertos para ver a grande realização da glória e da manifestação divina (veja o que Jesus prometeu a Natanael em Jo 1:50-51).
Hoje Jesus está me vendo e me chamando. Que resposta vou dar a ele?

(A imagem lá em cima não é de uma figueira como aquela que Natanael sentou-se em baixo; é um ipê amarelo todo florido – lindo! – e a foto foi tirada por um colega, aqui no interior de Sergipe.  A reflexão saiu inicialmente em 28 de maio de 2010 no sítio ibsolnascente.blogspot.com)

terça-feira, 5 de abril de 2016

CINCO ANOS ESCREVINHANDO

Lá em abril de 2011 eu publiquei um post que dizia: Voltei a escrever.  Com ele eu dava início a este Blog: ESCREVINHANDO
Como disse na época, escrever não era novidade para mim: Já faz algum tempo que aprendi a escrever.  Mas o desafio que me dava ali era interessante.
Quando comecei era a imensidão da folha em branco, hoje com a tecnologia é o abuso do cursor piscando que clama pela composição textual.  Ora, escrever é como um parto: quando a criança nasce é linda de ver e interessante de por nos braços, mas até chegar aí, dá um trabalho...  só que é imperioso e vale a pena...
Agora chego aos cinco anos de publicação.  São mais de quatro centenas de posts, perto de trezentos mil viewers, centenas de comentários moderados e incontáveis contatos (fiz de propósito!).
Aqui fiz o que me propus, escrevi, comentei e refleti sobre a Palavra de Deus e sobre o cotidiano de meu lugar e do meu povo.  A Bíblia, a igreja, a adoração foram temas constantes, mas também pude escrever sobre música (disso eu gosto muito),  comidas (também gosto) e sobre as coisas que me cercam,  entre outras reflexões.
E mais, fiz amigos, conheci pessoas e (às vezes ainda me parece fantástico!) fui lido no Brasil e no mundo – já me acessaram nos EUA, Alemanha, Angola, Ucrânia, Portugal, China e por aí foi.
Fui citado e comentado em outras páginas na própria internet (e alguns nem sequer me deram o crédito – mas sei que infelizmente faz parte do jogo!) e vi textos tirados daqui até capa de Boletim de Igreja na outra América.
Algumas publicações me surpreenderam: com milhares de acessos ou com apenas alguns poucos leitores, de graça recebi e de graça dei.  E continuo orando para que possa edificar a igreja de Cristo
Bem, poderia ainda citar mais ...
O que sei agora, olhando os cinco anos escrevinhando, é que posso testemunhar o quanto o Mestre tem me usado.  Não passo de um escrevinhador.  Escrever continua um desafio – mas também uma missão.  E isso tenho procurado fazer.
Pensei aqui, entre estas linhas com as quais quero celebrar o primeiro lustro (eita palavra chique!), tecer comentários sobre a arte da escrita, seus desafios e como o texto por vezes teima em ganhar vida própria – tanto enquanto vai sendo gerado/fecundado, quanto depois que ganha publicidade.
Pensei também em dizer algo sobre o estilo que vai se fazendo e refazendo, talvez refinando, mas com certeza delineando ao logo do tempo. O que só aumenta o desafio e prazer da confecção textual.
Ou algo sobre a exposição das idéias e da alma que acaba ficando indisfarçável na sequência das palavras escritas.  Talvez seja por isso que escrever é tão arriscado!
Tudo isso é verdade e está aí.
Então vou me dar a permissão de apenas fechar este primeiros cinco anos olhando para frente.  Por quanto mais tempo não sei.  Deus o sabe!
E concluo lembrando as palavras de Paulo aos Coríntios: Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale.  Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil (leia em 1Co 15:58) e usando das mesmas palavras de quando voltei a escrever:

Assim, voltei a escrever.  Retomo aqui a difícil mas gostosa tarefa de ser pastor com palavras e poeta com as almas.  E que mais uma vez o Senhor me ajude a louvá-lo nesta tarefa.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

CULTO COMO CELEBRAÇÃO FESTIVA

Tudo o que tem vida louve ao Senhor!
Aleluia!
(Sl 150:6)
Entre as configurações do culto, talvez a mais conhecida e também a mais expressiva é caracterizar o Culto como celebração!  Sempre que o povo de Deus se reúne, o faz para celebrar ao seu Deus.  A celebração – ou comemoração – é uma das essências principais do culto cristão.
Já no AT encontramos a instrução de que toda a terra deve celebrar ao Senhor, e com júbilo: "Aclamem o Senhor todos os habitantes da terra! Louvem-no com cânticos de alegria e ao som da música" (Sl 98:4).  Ou seja, a ordem bíblica é que celebremos com júbilo, alegria, festividade.  As reuniões cristãs de culto e adoração precisam ser comemorativas.  E motivos não nos faltam.  Há muito já cantamos: "conta as bênçãos, conta quantas são...".
Observemos também que a instrução do Salmo é sobre brados, regozijos e cânticos: expressões altivas de alegria e celebração.  Nas celebrações cristãs devem ser características as manifestações de alegria pelo que Deus tem feito em nossas vidas.  Sim, eu sei que "tudo deve ser feito com decência e ordem" (1Co 14:40), mas com certeza, o culto cristão hoje precisa ser uma antecipação celebrativa da grande festividade que haverá nos céus quando a multidão dos salvos clamará com grande brado: "A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro" (Ap 7:10).
Assim é o culto cristão: celebração festiva pelo que Deus é.  E isto de maneira bem expressiva, assim na terra como é nos céus.

(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)