terça-feira, 31 de março de 2015

O TÚMULO ESTÁ VAZIO

Há muitos anos, na véspera da comemoração de uma festa religiosa, foi levado à morte um justo por se auto-denominar o Filho de Deus.  Até posso acreditar que sua morte teve conotações político-religiosas, mas o mais importante é que esta história não acaba aqui.  Ele está vivo.  Este homem é o Cristo.  É claro que também não encontramos em lugar algum o registro do momento exato da sua ressurreição, mas temos em vários lugares o testemunho daqueles que conseguiram apreender pela fé o significado de ter sido encontrado apenas o túmulo vazio.
Estes homens e mulheres que viram pessoalmente o Cristo vivo depois de ele ter passado pela cruz nos contam da profunda liberdade sentida como efeito da ressurreição e do túmulo vazio como símbolo de uma vitória.
A ressurreição nos libertou do pecado interior (leia Rm 8:1-2).  Cristo na cruz pagou o preço do pecado e na ressurreição deu o caso por encerrado.  Ao aceitarmos com fé a ressurreição estamos livres do peso do pecado e da impureza que nos amarra à morte.  Falando em liberdade faz-se mister também lembrarmos do testemunho dos que falam do não estar mais amarrado às estruturas e tradições (leia também Gl 5:1).  A ressurreição sem dúvida decretou a nossa liberdade para a vida em Cristo Jesus.
A morte sempre foi o último obstáculo a desafiar o ser humano, mas agora onde está ó morte a tua vitória?  Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo (1Co 15:55-57).  No túmulo vazio temos o símbolo da vitória final de Cristo sobre a morte.  Agora que o túmulo vazio nos mostra que nosso maior inimigo foi finalmente esmagado pela ressurreição, estamos livres do medo da morte e podemos desfrutar da vida que Cristo dá.  Se a morte não é mais um fim, no poder de Deus, então agora os sonhos desta vida fazem sentido.
A lembrança do túmulo vazio e a certeza da ressurreição deve nos fazer hoje render uma prece de louvor a Deus pela realidade da vitória de Cristo por mim e no meu lugar e nos colocar como filhos amados integralmente na mãos amorosas e poderosas do Pai para ele realizar em nós os nossos desejos:  a sua vontade (Sl 37:4).

sexta-feira, 27 de março de 2015

A última semana de Jesus

Aproveitando o ensejo da celebração da Semana Santa, aproveito para apresentar uma relação de como teriam sido os últimos dias de Jesus em seu ministério aqui na terra.  A data mais provável talvez seja abril do ano 30 e a sequência toma como base os textos citados:

 

1º DIA –

->    Jesus viaja de Betânia, a 3 km de Jerusalém – Mt 21:1-11 / Mc 11:1-10 / Lc 19:29-44 / Jo 12:12-19

2º DIA –

->   Jesus protesta contra o comércio no templo em Jerusalém – Mt 21:12-13 / Mc 11:15-18
->   Jesus ensina no templo em Jerusalém – Mt 21:28-23:29 / Mc 12:1-44 / Lc 20:9-21:4

3º DIA –

->  Jesus prediz a data de sua execução e debate com líderes religiosos
->  Judas é contratado para trair Jesus
->  Jesus é ungido em Betânia – Mt 26:6-13 / Mc 14:3-9 / Jo 12.2-11

4º DIA –

->  Jesus chora, no Monte das Oliveiras – Lc 19:41-44

5º DIA – das 18 às 23h30'

->  Jesus toma a última Páscoa (primeira Ceia) com os discípulos em Betânia – Mt 26:17-29 / Mc 14:12-25 / Lc 22:7-20 / Jo 13.1-38

5º DIA – das 23h30' a 1h

->  Jesus ora no Jardim do Getsêmani – Mt 26:36-46 / Mc 14:32-42 / Lc 22:40-46

6º DIA – de 1h a 1h30'

->  Jesus espera por sua prisão – Mt 26:36-46 / Mc 8:32-42 / Lc 22:39-46

6º DIA – de 1h30' às 3h

->  Jesus é julgado (1º julgamento) – Mt 26:47-56 / Mc 8:53 / Lc 22:47-54

6º DIA – das 3h às 5h

->  Jesus é preso no palácio de Caifás (2º julgamento) – Mt 26:57 / Jo 18:24

6º DIA – das 5h às 6h

->  Jesus passa pelo 3º julgamento – Mt 27:1 / Lc 23:1 / Jo 18:28

6º DIA – das 6h às 7h

->  Jesus é julgado por Pilatos (4º julgamento) – Mt 27:11-14 / Mc 15:2-5 / Lc 23:1-5 / Jo 18:28-37

6º DIA – das 7h às 7h30'

->  Jesus diante de Herodes (5º julgamento) – Lc 23:7-11

6º DIA – das 7h30' às 8h30'

->  Jesus novamente frente a Pilatos passa pelo sexto julgamento – Mt 27:26 / Mc 15:15 / Lc 23:23-24 / Jo 19:16

6º DIA – das 8h30' às 9h

->  Jesus comparece ao Pretório – Mt 27:27-31

6º DIA – às 9h

->  Jesus leva sua cruz –Mt 27:32-34 / Mc 15:21-24 / Lc 23:26-31 / Jo 19:16-17
->  Jesus é pregado na cruz – Mt 27:35-36 / Mc 25:22-24 / Lc 23:33

6º DIA – às 13h

->  Jesus clama: "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?" – Mt 27:46 / Mc 15:34 / Jo 19:28-29

6º DIA – às 14h

->  Jesus declara que tudo está consumado – Jo 19:30 / Lc 23:46

6º DIA – às 15h

->  Jesus morre – Mt 27:51-52 / Mc 15:37
->  Soldados quebram as pernas dos outros crucificados, mas não as de Jesus – Jo 19:31-33
->  Soldados furam o corpo de Jesus – Jo 19:34

6º DIA – às 18h

->   Jesus é enterrado no túmulo de José de Arimateia – Mc 15:42-47 / Lc 23:50-56 / Jo 19:31-42
->  Mulheres vêem o sepulcro – Mc 15:47 / Lc 23:55

7º DIA –

->  Nada acontece

1º DIA – DOMINGO –

->  Jesus aparece a Maria Madalena – Mc 16:2-13 / Jo 20:11-18
->  Jesus aparece a dois seguidores no caminho para Emaús – Mc 16:12-13 / Lc 24:13-35
->  Jesus aparece a dez discípulos – Mc 16:14 / Lc 24:36-43 / Jo 20:19-25

Uma semana depois da ressurreição –

->  Jesus aparece aos 11 discípulos – Jo 20:26-29

Duas semanas depois da ressurreição –

->  Jesus aparece no Mar da Galileia e conversa com alguns discípulos – Jo 21:1-25

Algumas semanas depois da ressurreição –

->  Jesus aparece a 500 seguidores – 1Co 15:6

40 dias depois da ressurreição –

->  Jesus aparece no Monte das Oliveiras e ascende aos céus – Mt 28:16-20 / Mc 16:19-20 / Lc 24:44-53 / At 1:4-11

 

terça-feira, 24 de março de 2015

As línguas bíblicas

O AT foi escrito em sua absoluta maioria em língua hebraica.  Esta língua da família das línguas semíticas possui um alfabeto de 23 letras que são escritas de maneira uniforme – não há maiúsculas ou minúsculas – e se escreve da direita para a esquerda.  Quando o texto bíblico foi escrito só se grafavam as consoantes, aparecendo as marcas das vogais somente durante a Idade Média.  Veja o texto de Gênesis 1:1 em hebraico (sem as vogais):
O NT foi escrito em sua totalidade em língua grega.  A língua grega, pertence a família das línguas hindu-européias – a mesma da nossa, e além de ser escrita na mesma direção de nossa língua, possui muitas características gramaticais similares às do latim, que deu origem ao português.  Aqui temos o texto de João 1:1 em língua grega (com grafia moderna):

sexta-feira, 20 de março de 2015

ATALAIA

O nome Atalaia para nós sergipanos traz um significado todo próprio: é o principal termo que usamos em relação à praia e ao mar que temos em nossa capital, Aracaju.  Um é quase sinônimo do outro.  Mesmo com a expansão da cidade e a abertura de novos espaços com frente à imensidão do Oceano, a Atalaia guarda seu valor de referência entre nós.  E até acho que isso é bom!
Mas também como leitor da Palavra de Deus, atalaia me reporta ao chamado do profeta Ezequiel quando ele foi colocado como sentinela diante do povo de Israel que então penava do exílio babilônico (confira em Ez 3:17).
Unindo os dois conceitos, atalaia soa para mim agora como o meu desafio missionário diante da minha terra.  Parece bem claro que esta palavra é para mim.  Esta é a minha tarefa como servo conclamado para a missão em terras sergipanas.
Posicionando-me como atalaia de Deus para Sergipe, posso listar pelo menos quatro atitudes que são indispensáveis e que determinarão o sucesso ou não da minha empreitada.
Um.  A atalaia é uma orla fantástica.  Como atalaia preciso me colocar também no lugar apropriado, está ali e ver (Jesus falou em olhar os campos prontos para a ceifa em Jo 4:35).
Dois. Por aquelas bandas há ainda hoje um farol significativo – e chamamos até o bairro de Farolândia.  Da mesma maneira é indispensável permanecer alerta e vigilante para que nada venha a me tomar de surpresa e estar a qualquer momento pronto para agir (atenção à advertência do apóstolo em 1Pe 5:8).
Três.  A praia é um dos principais cartões postais de nossa cidade.  Isso me diz que como atalaia devo sempre está disposto a anunciar a mensagem e o convite que o Senhor tem me dado por incumbência (imite a disposição de Pedro e João em At 4:20).
Quatro. Há neste lugar alguns cantos bem acolhedores.  Faz parte da tarefa da atalaia convocada pelo Senhor assumir a sua missão com responsabilidade, compaixão e envolvimento (este é o exemplo de Jesus deixado em Jo 13:1).
Deus tem interesse nesta terra, ele a fez completamente rica em belezas e, sem dúvida, caprichou no mar por aqui.  Porém são as mulheres e homens deste rincão que mais estão no interesse divino.  Foi por isso que a igreja de Jesus Cristo foi posta neste lugar como verdadeira atalaia diante da geração que hoje vive em nosso Sergipe. 
Como Deus quer, assumamos estar no lugar certo; atentos; prontos para anunciar o evangelho e envolvidos com paixão missionária com o nosso povo.  Sejamos atalaias aqui.

(Texto publicado no ibsolnascente.blogspot.com em 29 de outubro de 2010)

sexta-feira, 13 de março de 2015

A MULHER SAMARITANA

Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
(Jo 4:24)
Conversando com uma mulher samaritana (Jo 4), Jesus nos diz que Deus procura adoradores que o façam em Espírito e em Verdade.  A samaritana estava preocupada com a forma e as circunstâncias e Jesus – embora não negue a importância disto – queria dar maior ênfase ao conteúdo e significado.
Em primeiro lugar a adoração proposta por Jesus deve ser em Espírito.  Isto é conteúdo.  Uma adoração assim não é simples reflexo de emoções, mas resultado de uma vida de contato espiritual com Deus que preenche e completa toda a vida do adorador.  Uma adoração em espírito restaura a imagem de Deus no ser humano.
E Jesus completa a sua instrução à samaritana afirmando que a adoração também deve ser revestida de verdade.  Isto é significado.  Aquele que se aproxima de Deus para adorá-lo não deve fazer desta atitude um ritualismo vazio.  Deve o cristão buscar conhecer o Deus a quem adora para assim prestar-lhe a veneração devida.
Que nos faça o Senhor da Igreja, uma comunidade de adoradores em Espírito e em verdade.

(do livro "No Baú da Adoração" publicado em 2004)

terça-feira, 10 de março de 2015

MIA FINESTRA MUSICALE

Decidi abrir mais uma janela em meu inventário musical – ou como diriam os italianos: mia finestra musicale.  Então recorri a alguns contatos e a um pouco de pesquisa, incluindo a internet e seus links incontáveis, para conhecer um pouco mais da música cristã italiana.  Mas não estava interessado na exuberante música erudita sacra italiana. 
Nomes como Giovanni Pierluigi da Palestrina, Antonio Vivaldi ou Giovanni Battista Pergolesi têm obras memoráveis, porém todos são de séculos passados e estava disposto a abrir mia finestra para a música que se canta nas igrejas cristãs de hoje.  Então fui atrás de canções atuais.  Ainda não descobri muita coisa, mas quero já compartilhar um pouco.
Vivendo em Aracaju – no Nordeste do Brasil – não me é possível estar presente em cultos cristãos em língua italiana.  Então a partir informações de amigos e sites de igrejas européias, aí vai uma pequena lista do que tenho ouvido na língua de Dante Alighieri.
Quero citar de início três canções ligadas a RNS que realmente me trouxeram inspiração:
(1) Davanti a questo amore (composição de A. De Luca, F. Marranzino e B. Conte) – uma declaração de amor e reconhecimento pelo que Cristo nos fez, ao nos estender suas mãos, mesmo com nosso pecado.  Concluindo que diante deste amor demonstrado pelo Rei humilde e glorioso até a morte fugirá.
(2) Invochiamo la tua presenza (de A. Napolitano e D. Bruno) – tomando como base o texto de Lc 4:18, a canção é uma súplica – invocação – ao Espírito para que desça sobre nós.
(3) Tu sei misericordia (obra de S. La Porta) – canta a misericórdia e a verdade que levou Cristo à cruz.  Lembra que ele foi morto por mim, mas ressuscitou para a vida e com o seu sangue me tem purificado.
Enriquecendo a lista, devo incluir as composições de Marcelo Simòn Rodriguez.  Nascido na Argentina e radicado na Itália, ele é compositor de diversas músicas (inclusive de algumas que conhecemos por aqui), destaco algumas:
(1) Prezioso Dio – não há outro nome tão precioso como o de Jesus, o qual derramou seu sangue por mim, mesmo sem eu merecer.
(2) Ti benedirò – pelas bênçãos que tu me dás, eu te louvarei; mas se a tempestade vier, eu ainda assim vou cantar.
(3) Voglio mirar la tua bellezza – eu quero olhar para tua beleza e  contemplar tua majestade.  Abro os olhos, Jesus Cristo, mostra-me tua glória e bondade.
(4) La tua fedeltà – ninguém há como tu, Deus bendito.  Grande é a tua fidelidade.
Deixe-me acrescentar mais duas melodias: Adoro Te, o mio Signore (não sei quem é o compositor, eu a achei ligada a Chiesa Cristiana Evangelica in Santa Maria a Vico, provincia di Caserta) – gostei da melodia e principalmente da letra que reconhece a presença de Deus na brisa que refresca o coração e por isso nos chama à adoração prostrada.
E a outra: de Franco Faro intitulada Dal cielo scende la benedizione – um precioso canto que declara que quando olho para os céus de lá vêm as bênçãos; então vou adorar em espírito e em verdade por toda a eternidade.
Como disse lá no início, estou apenas começando a abrir mia finestra musicale italiana.  Sei que ainda há muito a descortinar nesta busca, para a glória de Deus.


sexta-feira, 6 de março de 2015

TRÊS MULHERES

Neste domingo – oito de março – se comemora o Dia Internacional da Mulher.  Sobre este dia e sua conquista muito poderia ser dito, mas quero voltar meus olhos aqui para Jesus e como ele se relacionou com elas.  Tenho certeza que da vivência do Mestre muito podemos aprender.
Para tanto, vamos citar três mulheres: a samaritana (em Jo 4:1-26), a adúltera (em Jo 8:1-11) e a hemorrágica (em Mc 5:25-34).  São três mulheres distintas e três observações.
A primeira observação é que nenhuma deles é citada pelo nome.  Elas ficaram registradas na história como mulheres anônimas. Talvez por que os escritores não julgaram importante a citação, ou talvez por que apenas refletiam os preconceitos de sua comunidade.  O certo é que no seu anonimato tais mulheres trouxeram para si o paradigma da mulher no meio de uma sociedade decaída pelo pecado e injusta, mas que individualmente precisam ser alcançadas.
O posicionamento de Jesus vai na direção oposta.  A cada uma delas o Mestre dá uma atenção diferenciada e particular.  Jesus fala, toca e acolhe tais mulheres dando-lhes o valor que deveriam receber.  Mais do que apenas uma no meio da multidão, Cristo cuida de todas e de cada uma em especial.  Assim ele nos criou, é assim que ele quer que sejamos tratados.
Também observamos que estas mulheres chegaram a Jesus por circunstâncias diversas.  Uma foi abordada diretamente por Jesus; outra foi trazida por seus acusadores; e a outra tomou a iniciativa movida pela necessidade.  O certo, contudo, é que elas entraram em contato com Jesus e foram recebidas – tiveram um verdadeiro encontro pessoal com o Mestre.
É então fácil compreender que seja qual for o motivo ou a forma como cada uma chegou até Jesus, elas tiveram acesso imediato a Cristo.  Não faz diferença o que – ou quem – efetivamente nos leva ao Senhor, ele está sempre disposto a nos receber.
E em última análise, observamos que as três mulheres tiveram suas vidas profundamente modificadas por causa do encontro com Jesus.  A samaritana viu renovada sua dignidade e a sede espiritual saciada; a adúltera teve seus pecados perdoados e uma nova oportunidade para acertar na vida; e a hemorrágica sentiu a cura de seu mal e recebeu a paz divina.
O encontro com Jesus sempre muda a história humana.  Mesmo vivendo como e onde viviam, cada mulher que foi alcançada pelo Mestre pode experimentar uma novidade de vida – isto é que faz toda a diferença.  Ainda hoje, quando se dá um encontro real e pessoal com Cristo, toda a estrutura de nossa vida é alterada, e para melhor.
Que em nossas histórias possamos aprender com as mulheres do passado, famosas no seu anonimato, que se encontraram com Jesus Cristo e vivenciaram um novo nascimento para a glória de Deus.

(Este texto apareceu pela primeira vez no sítio ibsolnascente.blogspot.com em 06/mar/2009.  A imagem lá em cima é a reprodução de um frame da obra cinematográfica "A Paixão de Cristo" de Mel Gibson)