terça-feira, 14 de janeiro de 2025

UMA CORDA PARA O SACERDOTE

 


Sobre o tema da corda amarrada ao sacerdote no momento em que ele entraria para ministrar, a resposta rápida e direta é simples: isso é lenda.  Não está na Bíblia.

 

Mas, aproveitando a oportunidade do tema, vamos aprofundar um pouco sobre o assunto – isso é possível fazer olhando por dois ângulos:

 

O primeiro ângulo é bíblico (o mais importante):

 

Como disse, não está na Bíblia nenhuma instrução ou narração que cite tal prática.  Ou seja, não tenho como lhe indicar nenhum versículo nessa direção.

Ainda assim, é interessante olhar as páginas sagradas e procurar indicações que, pelo menos, possam tangenciar o assunto: santidade no altar.

A afirmação bíblica é categórica: “O Senhor é Santo!” (absolutamente santo – observe Is 6:3 e Ap 4:8).  E o próprio Deus se apresenta em santidade, exigindo uma contrarresposta também de santidade (considere Lv 11:44 e 1Pe 1:15-16)

Sendo assim, todo movimento de culto e adoração deveria expressar essa santidade.

 

Observe mais:

Nas instruções de culto na antiga aliança, uma vez por ano, no dia da expiação, o sumo sacerdote deveria entrar no lugar santíssimo – o santo dos santos – e oferecer uma oferta específica pelos pecados do povo (instruído em Lv 16).  E, importante, havia regras especificas de comportamento sacerdotal para que cumprisse tal ritual.

No contexto, o episódio dos filhos do sacerdote Arão – Nadabe e Abiú – ofereceram fogo estranho no altar e o fogo os consumiu de imediato (a história está descrita em Lv 10).  O detalhe a se considerar nessa passagem é que aqui se passa no pátio externo do tabernáculo e o fogo referido é do incenso, e não no santíssimo nem com o fogo sagrado.

E não há sequer citação de corda.

No Novo Testamento, no episódio do anúncio feito pelo anjo ao sacerdote Zacarias (a história está em Lc 1:5-25), o sacerdote se demorou no interior no santuário e o povo, do lado de fora, apenas ficou à espera.  Também sem referência a corda alguma.

 

Um outro ângulo que podemos mirar o tema é do ponto de vista do mito, da narrativa e da história:

 

É verdade que o povo judeu sempre foi muito dado a lendas, mitos e tradições alheias à Bíblia.  E entre elas está a narração de que uma corda seria amarrada ao sacerdote no momento em que ele entrasse para ministrar, porque, se ele morresse ali poderia ser retirado. 

E essa lenda ganhou variações, a corda já foi amarrada no tornozelo ou na cintura, e já foi de couro, de ferro ou de ouro... e por vai...

Então essa história foi sendo contada e recontada até que, no século 13, judeus espanhóis consolidaram o mito passando a narrar como se fosse verdade.  E daí ficou...

 

Ainda, na descrição antiga, a roupa do sacerdote tinha penduricalhos, tipo sinos, que chacoalhavam enquanto ele se movimentava e adicionavam sons festivos à cerimônia (em Ex 28:33-34).  Talvez tenha sido daí a origem da lenda.  E só.

 

Voltando a verdade espiritual que a nova aliança nos trouxe em Jesus Cristo.  A vontade explícita de Deus é a nossa santificação (1Ts 4:3).  O autor aos Hebreus nos garante, contudo, que podemos comparecer santificados diante de Deus, uma vez que Cristo, sumo-sacerdote perfeito, se ofereceu a si mesmo como oferta por nossa redenção (leia o argumento em Hb 9).

 

2 comentários:

  1. Muito esclarecedor este comentário. Deus te abençoe, pastor Jabes.

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    1. Obrigado querido. Que o Altíssimo nos faça santos para comparecer em sua presença. Deus abençoe sempre

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