Seguindo
a narrativa de Lucas, preso à traição, Jesus foi julgado pelo menos quatro
vezes: pelo Sinédrio sob a acusação de blasfêmia; por Pilatos, acusado de
agitação social e política; por Herodes, sendo por este desprezado e novamente
por Pilatos que, mesmo não encontrando crime, cedeu à pressão dos acusadores e
entregou Jesus ao martírio.
Em
todos estes julgamentos, o mais importante a se destacar é que Jesus era
justo. Ele morreu sem culpa ou
pecado. Isto foi inclusive reconhecido
pelo malfeitor que o acompanhou na cruz (confira Lc 23:41) e pelo centurião na
hora da morte (24:47).
A
morte de Jesus não foi resultado de seus erros e crimes, mas para levar a
efeitos os planos de Deus e cumprir as profecias, e por fim tomar posse
definitiva de sua glória (observe o que o próprio Cristo disse no caminho de
Emaús em Lc 24:26-27).
Outro
detalhe a ser notado é que no trajeto final até a cruz, seus discípulos mais
próximos estiveram ausentes, mas um grupo fiel de mulheres não o abandonou,
lamentando o ocorrido (leia Lc 23:27).
Elas que acompanharam o ministério de Jesus desde o início (reveja Lc
8:1-3) e depois testemunharam a ressurreição (em Lc 24:1-3) não foram ignoradas
por Jesus neste momento de dor (leia 23:27-32).
O método
de execução por crucificação praticado pelos romanos era extremamente cruel e humilhante. O sentenciado era pregado em um madeiro e ali
ficava exposto ante à vergonha pública enquanto sentia suas últimas forças
vitais irem embora lentamente.
Foi
num instrumento assim que Jesus morreu (a narrativa da crucificação encontra-se
em Lc 23:33 em diante). Levado ao monte
Calvário, Jesus foi preso à cruz sob o olhar de todos. Contudo as reações foram as mais diversas: o
povo apenas observava com curiosidade; as autoridades e o soldados zombaram, e
dos dois malfeitores que também foram crucificados, um blasfemou e o outro
suplicou por clemência.
Mas
é preciso destacar e procurar compreender as palavras e atitudes de Jesus
naquela hora fatal. A grandeza do homem
que é Deus esteve estampada em cada uma delas.
Logo
ao chagar ao lugar do sacrifício e estar preso ao madeiro, Jesus se dirigiu ao
Pai pedindo perdão para aqueles que o matavam (leia Lc 23:34). É nesta hora que Jesus demonstrou todo o amor
e cuidado por aqueles que precisavam de seu perdão, por estarem ignorantes no
que faziam.
Para
o malfeitor arrependido, Jesus lhe abriu as portas do paraíso (em Lc
23:43). Esta era a razão principal de
sua missão, atrair pessoas para o convívio eterno com Deus. E ele não negaria a um pecador arrependido.
E
com o último suspiro, Jesus entregou seu espírito ao Pai (em Lc 23:46). Com tal declaração, ele estava anunciando sua
fidelidade absoluta ao Deus todo-poderoso que julga e redime os seus.
Há
uma ironia, contudo, que deve ser notada na cruz. O título estampado sobre Jesus – como era
costume romano fazer, declarando a culpa do sentenciado – é a mais perfeita
verdade do evangelho: Este é o Rei dos Judeus (Lc 23:38).
(A
partir da Revista "Lucas" – Editora Sabre)
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