– O que seria
realmente o inferno?
–
Onde
ele fica?
Num post anterior (reveja aqui – link) eu listei alguns dos
termos mais usados na tradição judaico-cristã para se referir ao mundo pós
vida. Agora quero continuar com os
questionamentos e citar o que dizem algumas culturas, religiões e mitologias de
outros lugares e origens.
IMPORTANTE novamente: Esse NÃO é um artigo de
doutrina cristã, ensaio teológico, ou coisa parecida. É apenas um post de curiosidade!
A Divina Comédia –
No início do sec. XIV o italiano Dante Alighieri
escreveu um poema em estilo épico intitulado "A Divina Comédia". O texto é de ficção, mas acabou por fornecer
a base do que o ocidente pensa sobre o mundo pós vida, o inferno, e o diabo.
Na obra, o autor se imagina numa jornada
espiritual pelos três reinos do além-túmulo, tendo como guia e mentor o poeta
romano Virgílio (que viveu no sec. I a.C.).
A Terra estaria no meio de uma sucessão de
círculos concêntricos e Jerusalém seria o lugar atingido por Lúcifer quando foi
expulso das esferas mais superiores, assim, a Terra Santa seria o Portal do
Inferno e lugar de todas as batalhas espirituais.
Nesse mundo dantesco, há inferno, purgatório, e
paraíso – cada um com suas características próprias e subdivididos em níveis.
O inferno, criado da queda de Lúcifer do Céu, é
formado por nove círculos, três vales, dez fossos e quatro esferas. Em sequência, o inferno torna-se mais profundo
a cada círculo, pois os pecados ali castigados são mais graves.
Há ali na entrada do inferno um portal em forma de
arco onde pode ser lido: "Deixai toda a esperança, vós que entrais!"
Islamismo –
Na crença mulçumana, os que não creem em Alá e não
seguem os princípios do Alcorão serão conduzidos ao Inferno (Jahannam – em
árabe: جهنم) onde queimarão
vivos para sempre.
O sofrimento no inferno islâmico é tanto físico
quanto espiritual e, tal como descrito no Alcorão, tem sete níveis; sete
portas; um fogo ardente, água fervente e a Árvore dos Tormentos.
Mitologia grega –
Para os gregos o mundo inferior – mundo dos mortos
– era o domínio de Hades e estava dividido no Tártaro, poço onde
eram castigadas as almas amaldiçoadas, a Ilha dos Afortunados, lugar dos
heróis e os Campos Elísios para onde iriam as almas virtuosas.
Budismo –
Nas sequências de reencarnações, causadas pelo karma,
algumas implicam em maiores sofrimentos.
O pior deles: o Reino dos Fantasmas Famintos é comparável à noção
de inferno, onde, em estado de consciência, sente-se forte privação sem que
haja possibilidade de ser saciado.
Mitologia chinesa antiga –
A antiga cultura chinesa falava do Diyu – o
reino do inferno, ou submundo (em chinês tradicional: 地狱). Com
semelhanças ao conceito sânscrito de Naraka, o Diyu é um lugar
onde os pecadores são torturados com pregos de metal martelados no corpo,
esfolados vivos, seus corpos serrados ao meio, e tendo que se ajoelhar sobre
pontas de metal. Esse reino é dominado
pela divindade Yama e tem por objetivo renovar os espíritos que, após
cumprirem as penas, poderão reencarnar.
Antiga religião egípcia –
Na mitologia egípcia, o Duat é uma espécie
de purgatório pelo qual a alma de um recém-falecido deve passar. O cenário ali é como um gigantesco mundo
similar à Terra, mas que possui diversos espíritos perigosos que tem parte
humana e parte animal, além dos muitos outros monstros sobrenaturais. Somente depois que a alma conseguisse
atravessar todo o Duat, ela teria seu coração pesado por Anúbis – deus
das necrópolis – que, dependendo da avaliação, enviaria a alma para viver com
os deuses na eternidade ou a entregaria a Ammit, a "devoradora de
corações".
Mitologia nórdica –
Nilfheim – reino da névoa
– é o inferno na mitologia nórdica. Um
mundo completamente tomado de gelo, localizado no ponto mais profundo do
universo sustentado pela Yggdrasil – a árvore dos mundos. Em seu centro, há uma fonte gelada (Hvergelmir),
de onde brotam de vários rios. Ali é o
reino de Hel, deusa dos mortos. Lá
também mora a serpente Nidhogg, que se alimenta
da carne dos cadáveres e desgasta as raízes da Yggdrasil para derrubá-la.
Cito para finalizar: No Apocalipse bíblico cristão, o Filho de
Homem assim se apresenta:
Não tenha medo.
Eu sou o primeiro e o último.
Aquele que vive –
passei pela morte,
mas conquistei a vida para sempre.
Tenho as chaves da morte e do Hades.
(Ap 1:17-18)
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