terça-feira, 14 de junho de 2022

PENSANDO O MONOTEÍSMO

 


Considere três possibilidades de crença na divindade:

 

MONOTEÍSMO – A crença ou fé na existência de um único Deus e sua devoção total a ele. 

HENOTEÍSMO – A possibilidade da existência de vários deuses, porém com uma supremacia absoluta de apenas um sobre todos ou outros.

POLITEÍSMO – Acreditar na existência de vários deuses compartilhando de um panteão.

 

Afirmações simples assim não são suficientes para representar toda a complexidade do espectro da fé exercida pelo ser humano.  Nem todos os desdobramentos cabem nestas definições clássicas.

Então, deixe-me citar dois pensadores para tentar clarear o tema:

 

O inglês John Hick, observando a oposição entre o monoteísmo teórico e do henoteísmo prático que envolve a vida de muitos seres humanos, denunciou que em nossa sociedade empregamos nossas energias a serviços de várias deidades – o deus do dinheiro, o da empresa de trabalho, o do sucesso, o do poder, o do status de deus, e (por um breve período, uma vez por semana) o Deus da fé judaico-cristã.

Assim o conceito de crença – e consequentemente de monoteísmo – deixa de ser apenas uma modalidade litúrgica para ganhar uma dimensão existencial que engloba toda a vida humana. 

 

Para o teólogo germano-americano Paul Tillich o tema do monoteísmo só poderia ser realmente colocado depois de o conceito de realidade de Deus já estar devidamente esclarecido, pois é a partir do seu conceito de Deus que o ser humano estabelece a sua relação existencial consigo mesmo e com a vida que o cerca.  E mais, “o homem só pode falar dos deuses à base de sua relação com eles”. 

Nesta perspectiva, como conceituaremos então Deus?  Nas palavras do próprio Tillich: Deus é “o elemento absoluto da preocupação última do homem” e por isso mesmo exige do homem uma “paixão absoluta”. Assim, ainda seguindo a mesma linha de raciocínio, toda e qualquer coisa ou pessoa que ocupe esta preocupação última no ser humano estará tomando um lugar que cabe exclusiva a Deus. 

Ou seja, todo valor relativo que pretenda a absolutização é um valor idolátrico e por isto mesmo demoníaco – anti-divino.

 

Monoteísmo é a paixão absoluta e a preocupação última em um Deus que em si encerra todos os aspectos da vida e que tem todas as respostas à finitude humana.  Nas palavras do Novo Testamento: Cristo é tudo em todos (Cl 3:11).

 


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