sexta-feira, 24 de setembro de 2021

UM AMOR SEM PÉ NEM CABEÇA

 

O apóstolo Paulo, lá pela metade de sua carta à Igreja de Éfeso (em nossas Bíblias está no capítulo três) registra uma oração que ele faz pelos cristãos daquela comunidade.


A prece começa reverentemente com uma atitude de prostração ajoelhada diante do Deus-Pai.  Depois ele fala em gloriosa riqueza, em fortalecimento íntimo e em Cristo habitando nos corações.

Nesse ponto a oração apostólica ganha contornos de paixão pelos irmãos da igreja:

 

"Porque sei que suas raízes e alicerces estão firmados no amor, oro por vocês pois só assim, juntos, será possível perceber até onde vai o amor de Cristo que extrapola qualquer lógica."
(Ef 3:17-19)

 

Aqui certamente o tema do amor sobressai (por isso falei em contornos de paixão).

Paulo está orando não acerca da base cristã daqueles irmãos – já é certo que estão fundados no amor.  A oração é para que esse amor de Cristo possa ser percebido nos relacionamentos e nos ajuntamentos da comunidade-igreja.

Por isso ele fala em largura, comprimento, altura e profundidade.  Aqui não leio apenas um recurso estilístico para falar num amor em 3D.  É mais que isso.

Paulo está falando de um amor que ocupa espaços e preenche lacunas.  O amor que deve acontecer na junção da igreja é aquele que não deixa vazios: nem almas carentes, nem abraços ausentes, nem barrigas vazias.

Mas posso acrescentar a comparação bíblica da água e do vento como percepção desse amor: ele jorra em todas as direções e vai até os menores espaços e às pequenas frechas para inundar com sua ação graciosa.

Isso, porém, tem de ser coisa e movimento espiritual.  Um amor assim só pode acontecer como realidade sobrenatural.  Ele vai além de qualquer compreensão ou explicação racional.

Simplesmente não faz nenhum sentido.  É absurdo.  É um amor que escapa a lógica.

E para que um amor nesse padrão sem pé nem cabeça possa ser experienciado na comunhão da igreja é que o apóstolo ora e se prostra diante do Pai.

Então ele conclui sua oração confiante naquele que, pelo seu amor, sempre vai muito além de nossos simples desejos e súplicas.  E a ele – somente a ele – seja o louvor por todas as gerações.

 

 

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