O apóstolo Paulo, lá pela metade de sua carta à Igreja de Éfeso (em nossas Bíblias está no capítulo três) registra uma oração que ele faz pelos cristãos daquela comunidade.
A prece começa reverentemente com uma atitude de prostração ajoelhada diante do Deus-Pai. Depois ele fala em gloriosa riqueza, em fortalecimento íntimo e em Cristo habitando nos corações.
Nesse ponto a oração apostólica ganha contornos de paixão pelos irmãos da igreja:
"Porque
sei que suas raízes e alicerces estão firmados no amor, oro por vocês pois só
assim, juntos, será possível perceber até onde vai o amor de Cristo que
extrapola qualquer lógica."
(Ef 3:17-19)
Aqui certamente o tema do amor sobressai (por isso falei em contornos de paixão).
Paulo está orando não acerca da base cristã daqueles irmãos – já é certo que estão fundados no amor. A oração é para que esse amor de Cristo possa ser percebido nos relacionamentos e nos ajuntamentos da comunidade-igreja.
Por isso ele fala em largura, comprimento, altura e profundidade. Aqui não leio apenas um recurso estilístico para falar num amor em 3D. É mais que isso.
Paulo está falando de um amor que ocupa espaços e preenche lacunas. O amor que deve acontecer na junção da igreja é aquele que não deixa vazios: nem almas carentes, nem abraços ausentes, nem barrigas vazias.
Mas posso acrescentar a comparação bíblica da água e do vento como percepção desse amor: ele jorra em todas as direções e vai até os menores espaços e às pequenas frechas para inundar com sua ação graciosa.
Isso, porém, tem de ser coisa e movimento espiritual. Um amor assim só pode acontecer como realidade sobrenatural. Ele vai além de qualquer compreensão ou explicação racional.
Simplesmente não faz nenhum sentido. É absurdo. É um amor que escapa a lógica.
E para que um amor nesse padrão sem pé nem cabeça possa ser experienciado na comunhão da igreja é que o apóstolo ora e se prostra diante do Pai.
Então ele conclui sua oração confiante naquele que, pelo seu amor, sempre vai muito além de nossos simples desejos e súplicas. E a ele – somente a ele – seja o louvor por todas as gerações.
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