Para entendermos bem o encontro de Filipe com o etíope (narrado em At 8) é preciso observar um pouco da história da dispersão e difusão da cultura e da fé judaica no oriente antigo.
Ao voltar do exílio na Babilônia, Israel experimentou um breve período de autonomia política que logo foi rompido pelas invasões gregas lideradas por Alexandre, o Grande. Como resultado destas invasões, muitos judeus foram transportados para viver em terras distantes de Jerusalém.
Especialmente ao longo do vale do Rio Nilo formaram-se comunidades de judeus tanto em Alexandria ao norte como mais ao sul na região da Etiópia.
Tais comunidades, embora mantivessem a fé no Deus único revelado nas tradições do que hoje chamamos Antigo Testamento, elas gradativamente abandonaram o uso da língua semita (hebraico-aramaico) e adotaram o uso da língua grega.
Mas não seria somente o uso da língua que haveria de diferenciar a comunidade judaica da Judeia daquelas formadas sob a cultura helênica. No uso do texto sagrado, além dos livros consagrados no judaísmo, eles acrescentaram outros escritos mais recentes e desconhecidos em Jerusalém em sua tradução para a língua grega (chamada Septuaginta – LXX).
Também houve uma valorização cada vez maior das interpretações dadas pelos rabinos em relação ao texto em si, bem como o desvio do centro do culto do Templo para as sinagogas.
Outra característica a se destacar neste judaísmo de fala grega que floresceu no Egito foi a presença indiscriminada de homens de etnias diversas (gentios) convertidos à fé judaica e que, mesmo mantendo os princípios da adoração ao único Deus, não evitaram uma mistura (sincretismo) entre elementos da cultura e da religiosidade greco-romana e judaica.
Muito provavelmente, o eunuco que Filipe encontrou no caminho de Gaza era pertencente a um grupo de fieis de fala grega que tenha aderido à fé dos judeus e que não queria perder o contato com a crença original, embora já soubesse da distância cultural que os separava.
O livro de Atos descreve o etíope como um alto funcionário do reino da Núbia (região entre os atuais Etiópia e Sudão no Alto Rio Nilo) na África – um ministro de estado ou secretário particular da rainha Candace – temente a Deus e que, tendo vindo a Jerusalém para adorar, agora retornava para sua terra.
Desse encontro entre o cristão Filipe e o eunuco aconteceu uma compreensão da Palavra de Deus, uma nova alma desceu às aguas do batismo e a igreja rompeu mais uma fronteira.
Muito boa a informação para nós leigos que estudamos a Bíblia. Continue nos ajudando a crtescer. Ycléa
ResponderExcluirObrigado tia Yclea. É bom poder servir.
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