A
despeito das previsões do Positivismo, a modernidade tem visto ressurgir o
espírito religioso. Curandeiros,
místicos e profetas povoam o nosso mundo secularizado.
Os
cristãos não escapam desta tendência e aproveitam este tempo para vivenciarem
os seus dons carismáticos e lançarem suas profecias.
O
fenômeno da profecia antecede até o próprio movimento do cristianismo. O profetismo clássico em Israel é um dos
momentos mais significativos da história das religiões. A certeza de que assim fala Javé... inspirou o judaísmo e transpirou para o
cristianismo desde muito cedo. Mesmo os
cristãos tendo a convicção de que havendo Deus antigamente falado muitas vezes,
e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, também é certo que nestes
últimos dias a nós nos falou pelo seu Filho (Hb 1:1-2). Mas não se pode negar que ainda são vivas as
palavras do profeta Amós quando diz que certamente o Senhor não fará coisa
alguma sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas (Am 3:7).
Para
qualquer lado que se olhe é inegável que o Deus dos cristãos dá a profecia aos
seus servos, e faz isso consciente e intencionalmente, hoje, através do seu
Santo Espírito. Então, por que Deus dá a
profecia?
Deus
tem interesse na história da humanidade.
Homens e mulheres constroem a sua própria história ao longo da caminhada
decidindo o que fazer nas diversas circunstâncias e situações do dia a dia, mas
o Filho de Deus que tem nos falado dirige esta história conduzindo-a de modo a
que o Reino de Deus possa achar espaço na construção dos seres humanos.
Nas
diversas decisões, homens e mulheres têm se desviado do projeto original de
Deus e assim se encaminhado a autodestruição quer como indivíduos quer como
comunidade. É nesta situação de inegável
aniquilamento que Deus dá a profecia.
A
História sagrada conta que Deus foi ao encontro de Jonas e lhe ordenou que
fosse a grande cidade de Nínive e exortasse àquele povo para que se
arrependesse antes que Deus os destruísse.
A profecia vem assim ao encontro do povo e o desafia a voltar-se para o
Senhor enquanto há tempo de volta. No
caso de Jonas, parece que só o próprio profeta não entendeu o objetivo da
profecia.
Com
Ezequiel as palavras divinas parecem mais claras: Filho do homem, eu te dei por
atalaia sobre a casa de Israel; quando ouvires uma palavra da minha boca,
avisá-los-á da minha parte. Quando eu
disser ao ímpio: “certamente morrerás”; se não o avisares, nem falares para
avisar o ímpio acerca de seu mau caminho, a fim de salvares a sua vida, aquele
ímpio morrerá na sua iniquidade; (...) por outro lado se tu avisares o justo,
para que o justo não peque, e ele não pecar, certamente viverá, porque recebeu
o aviso; e tu livraste a tua alma (Ez 3:17-21).
Deus
dá a profecia porque tem interesse em que o ímpio se desvie dos seus maus
caminhos e se converta ao Senhor; dá a profecia porque espera que o justo não
venha a pecar e se afaste de Deus. A
profecia vem de encontro ao ser humano que está no processo da vida, diante da
possibilidade de perecer, para que este possa escolher seus caminhos.
É
certo que a alma que pecar, esta morrerá, mas Deus dá a profecia para que esta
alma que está em pecado possa se reposicionar diante de Deus. A palavra de Deus na boca dos profetas não é
a predição do cataclisma final e fatal mas é o atestado do amor e do cuidado de
Deus para com os seus filhos para que estes possam repensar e reconstruir as
suas próprias histórias e assim evitarem o mal que está por vir.
A
profecia dada por Deus não é o atestado da fatalidade diante da qual nada resta
a humanidade a fazer a não ser se conformar às circunstâncias. Nada mais estranho à profecia que o
fatalismo, ou a visão de que o mundo está irremediavelmente perdido e portanto
nos afastemos dele esperando que Cristo volte para exercer a sua justiça. Deus dá a profecia para que o mundo – criação
conjunta de Deus e seres humanos – possa não ser abandonado à sorte do tem de ser mas que possa ser
vislumbrado sob a ótica do pode ser.
Eu escrevi este texto e ele foi
publicado originalmente em O Jornal Batista em novembro de
1996.
Querido e amado Pastor Jabes filho é sempre bom e edificante suas as palavras. Qdo me converti nos anos 80 do século passsado, tinha medo desse tema, com o crescimento na vida cristã quase sempre conduzido pelo senhor seu pai e bons professores na EBD da PIBA desmistifquei essa ideia e compreendi melhor. ´Com certeza é um belo e proveitoso texto. Necessitando de mais debate pricipalmente para novos decididos, diante das confusões ensinadas em alguns meios ditos evangéicos.
ResponderExcluirGraças a Deus pela edificação espiritual que podemos dar a sua vida. A honra pertence toda ao Senhor.
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