sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O DEUS DA AMPLIDÃO

O termo amplidão me soa muito bem aos ouvidos: gosto dele!  Há algo de beleza plástica nele que extrapola seu significado.  Não é só uma coisa grande e aparentemente sem limites a obstruir a vista e a vida; amplidão é ter horizontes.  Também é mais que a qualidade daquilo que é amplo ou largo; amplidão palpita como proposição de liberdade.  E são estas sensações imensuráveis que a fazem cara e desejável.
Esta percepção poético-espiritual da amplidão transporta minha mente e minha alma para Deus.  Sim, o meu Deus é o Deus da amplidão!  Eu posso definir sistematicamente o atributo divino da absoluta e imensa transcendência, e o farei da melhor, mais ortodoxa e apropriada maneira que me seja possível, mas nunca será como subir no monte naquela madrugada e ficar ali na companhia de Jesus contemplando a amplidão de Deus.  É impossível uma definição.  Simplesmente Deus está ali e a amplidão se descortina bela e majestosa.
Depois de um dia de intensas atividades ministeriais, Jesus despediu seus discípulos e subiu o monte sozinho, e agora eu quero ter a ousadia de acompanhá-lo, madrugada a dentro, atraído pelo fascínio da amplidão.  Quem sabe assim posso perceber melhor em minha própria vida o Deus da amplidão.
Logo de saída, a amplidão divina desponta não como solidão.  Não me sinto abandonado, esquecido ou solitário, pois a companhia do Mestre é real noite a dentro no monte.  Diante deste Deus não estou só.  Deus em sua grandeza e amplidão vem armar sua tenda comigo.  Ele desce, toca o monte e vem perambular com o seu filho.  Envolvido pelo Ente divino, o infinito universal é transmudado em potencialidade ampla, pois não estou só diante do mundo.
O que vem em seguida é quase desdobramento da primeira percepção.  Como sou ínfimo diante de tamanha amplidão!  Um pequenino grão de areia diante da montanha enorme!  E ao levantar meus olhos para a noite, descubro-me apenas poeira, frente o brilho das incontáveis estrelas: – quem sou eu neste infinito!  É então que entendo que pouco abaixo dos anjos fui colocado somente para desfrutar do aconchego da amplidão.
Ah!  Há ainda o silêncio.  Na montanha também o silêncio não é sufocante nem me abafa.  Mesmo sem palavras, a noite anuncia obras grandiosas daquele que é em si mesmo a Palavra eterna.  Não me proíbe de falar, mas me convida a ouvir.  Assim é que posso ouvir o Deus da amplidão sussurrando carinho aos meus ouvidos e fazendo-o vibrar com grandiloquência a música eterna.  E sabe mais de uma coisa?  Na montanha de madrugada, desperto-me ao escutar que grilos, sapos e corujas do mato reverenciam o Criador e me convidam a reverberar a adoração solene.
É ainda na montanha, pela madrugada, acompanhando Jesus em silêncio diante do Deus da amplidão que me certifico de, mesmo estando num infindável deserto desta vida, que não é o deus da sequidão e da sede quem tem a última palavra.  O Deus da amplidão sempre me sacia e me extasia com a doçura de sua magnificência.  Sem dinheiro e sem preço sou abastecido pela amplidão da graça.
Propositalmente não citei de maneira explícita versículo algum, mas lhe convido a olhar bem e você vai vê-los saltitantes nas entrelinhas apontando para o Deus da amplidão, assim como fez Martin Luther King ao alimentar um sonho, ou Agostinho de Hipona ao ser atraído pela irresistível graça, ou ainda Johann Sebastian Bach nos brindando com seus oratórios, cantatas e paixões.  Todos tocados pelo Deus da amplidão.  

2 comentários:

  1. Saudações, Pastor Jabes. Seu texto é afetuoso e nos convida a uma intimidade com Deus. Abraço.

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  2. Querido Renato,

    Obrigado pela nota. Que bom que meu texto o tocou com afeição. Peço ao Deus da amplidão que sempre o acolha em seu aconchego.

    Um abraço.

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