Página do Dies Irae do Requiem de Mozart |
Enquanto escrevo esta reflexão ouço o English Baroque Choir cantando o Requiem composto por Mozart pouco antes de morrer em 1791. Certamente não estou entre os maiores fãs do compositor austríaco, mas tenho que confessar: a música é divinamente bela! Há algo de inefável em seus acordes e melodias e, mesmo ouvindo a letra em língua latina, minha mente e minha alma se sentem tomadas pelo poder da música.
Também não sou especialista no tema. Só sei um pouco sobre ele (com a ajuda da Wikipédia muitas das informações estão agora acessíveis a todos), mas o pouco que sei não somente me intriga como também me fazem palpitar as questões.
O homem Wolfgang Amadeus Mozart nunca foi um exemplo de cristão fiel. Com história familiar complicada, tanto a que o gerou como a que formou com seu casamento, ele morreu jovem com menos de quarenta anos e, ao contrário da vida repreensível e desregrada que levou, deixou uma coleção de obras musicais de valor inigualável, inclusive diversas peças sacras.
Então, ao som dos acordes, relembro do questionamento de Salieri: Por que Deus estaria falando através do petulante Mozart? (a frase é do filme Amadeus de 1984, e Salieri seria seu compositor rival). E, como sempre, busco na Bíblia respostas para todas as questões.
Por que Deus manifesta seu poder e graça a infieis? A resposta bíblica mais direta e abrangente fala de sua soberania. Jesus no Sermão do Monte já acentuava que Deus manda chuva e sol sobre maus e bons indistintamente (leia em Mt 5:45 e compare com Is 43:13). Deus age como quer e onde quer e nada o impede ou condiciona, nem nosso estilo de vida ou atitudes.
Mas esta resposta, embora bíblica e teologicamente correta não me satisfaz por completo. Por que há beleza entre espinhos? Por que o Senhor nos toca através daqueles que se nos apresentam como ímpios? A Bíblia me fala da Imago Dei. No poema da criação está declarado que Deus criou toda a humanidade soprando nela a sua imagem (confira em Gn 1:26-27). Há imagem divina em todo e qualquer ser humano indistintamente, mesmo que eu não a possa enxergar claramente.
Assim, confiando na soberania de Deus e buscando enxergar sua imagem, volto a dar atenção e ouvir o Requiem de Mozart, só que agora com um pouco mais de cuidado com a letra. A peça é uma oração proferida por um moribundo e está repleta de confissão, súplica e adoração e começa com a expressão: Requiem aeternam dona eis, Domine (em português: Repouso eterno dá-lhes, Senhor).
Para a hora de sua morte, Mozart pediu repouso para sua alma aflita e cansada. E penso que é isso que me toca. Em última análise, o que mais quero é, depois do atropelo e correria cotidiana, do cansaço e da vida insana, que a graça me envolva em seu repouso – dá-me, Senhor, repouso eterno. É por isso que uma música tão antiga, em uma língua distinta da materna, composta por alguém de parca vivência espiritual me enche a alma. Ela me faz orar com o salmista: volta, minha alma, ao teu repouso, pois o Senhor te fez bem (no Sl 116:7).
Verdadeiramente as obras do mestre musical: Mozart são belíssimas com harmonias e acordes incríveis! Creio que foi o Senhor Jesus que o inspirou sempre! Pois Jesus é o Rei e Senhor que vive e reina por toda eternidade e criador de todas as coisas juntamente com Deus-Pai. Louvado seja Deus! A paz do Senhor irmão! Eu amei esta reflexão.
ResponderExcluirQuerida Kátia,
ResponderExcluirGraças a Deus nossa reflexão encontrou eco em sua vida. Sem dúvida é a inspiração divina que faz com que grandes peças - como o Requiem de Mozart - sejam compostas para nossa edificação. Que possamos aprender a viver sob esta graça e inspiração.
Um abraço.